O Salão Principal caiu em um silêncio atordoado. Todos os olhares alternavam entre mim e os trigêmeos, que permaneciam rígidos de horror. Os cordões prateados que nos conectavam pulsavam com um brilho etéreo, prova inegável do que ninguém—muito menos eu—queria acreditar.
Eu era a companheira destinada dos trigêmeos. De todos os três.
"Não." A voz de Kaelen cortou o silêncio como gelo. "Isso é impossível."
Ele agarrou o cordão prateado preso ao seu pulso, tentando cortá-lo com força bruta. O cordão simplesmente passou por seus dedos, inquebrantável e intocável.
"Destrua isso!" Orion rosnou, seus olhos castanhos frios agora ardendo de fúria enquanto ele também tentava arrancar sua conexão comigo.
Ronan permaneceu paralisado, seus olhos azul-mar—tão semelhantes aos meus—arregalados de incredulidade. "Isso tem que ser algum tipo de erro," ele sussurrou, mas o cordão que nos conectava pulsou mais forte, como se zombasse de sua negação.
Meu coração martelava dolorosamente contra minhas costelas. Isso não podia estar acontecendo. Os homens que me atormentaram por anos, que fizeram da minha vida um inferno—estes eram meus companheiros destinados?
"NÃO!" O grito de Lilith quebrou o silêncio chocado. Ela avançou, agarrando o braço de Kaelen. "Você não pode ser parceiro dela! Você é meu! Todos vocês são MEUS!"
Sua maquiagem perfeita escorria pelo rosto, lágrimas negras traçando caminho por suas bochechas coradas. A mulher composta e calculista que me atormentava havia desaparecido. Em seu lugar estava uma bagunça desesperada e descontrolada.
"Eu amo você," ela soluçou, agarrando o casaco de Kaelen. "Eu sempre amei você. Nós deveríamos governar juntos!"
Kaelen a empurrou para longe, sua atenção totalmente voltada para o cordão que o ligava a mim. "Pai, deve haver uma maneira de quebrar isso," ele exigiu, virando-se para o Alfa Richardson.
O pai dos trigêmeos estava no altar, sua expressão sombria, mas resignada. Ele havia testemunhado cerimônias de acasalamento suficientes para saber a verdade.
"Não há como quebrar um vínculo de companheiros destinados," afirmou o Alfa Richardson com firmeza. "A Deusa Lua falou."
"Então nós o rejeitamos," declarou Orion. "Nós a rejeitamos."
Minha loba gemeu de dor com suas palavras, a rejeição atingindo-a como um golpe físico. Lutei para manter meu rosto inexpressivo, recusando-me a mostrar o quão profundamente o nojo deles me feria.
"Vocês não podem rejeitar o que a Deusa Lua decretou," a voz do Alfa Richardson ecoou pelo salão, silenciando todos os sussurros. "Não como futuros Alfas desta matilha."
Ele deu um passo à frente, sua aura poderosa preenchendo o espaço. Até os trigêmeos se endireitaram instintivamente com sua aproximação.
"A Matilha Lua Crescente Prateada sempre honrou os laços sagrados escolhidos pela Deusa Lua," ele continuou. "Nossa força vem de respeitar sua vontade."
"Mas pai—" Ronan começou.
"Silêncio!" A voz do Alfa Richardson estourou como um trovão. "Permiti sua rebeldia em muitas coisas, mas não nisto. Nossas leis são claras."
Eu permaneci enraizada no lugar, incapaz de processar o que estava acontecendo. Minha mãe segurava minha mão com força, oferecendo apoio silencioso mesmo enquanto seu próprio rosto registrava choque.
O Alfa Richardson virou-se para se dirigir aos membros atônitos da matilha. "Esta noite testemunhamos um vínculo raro e sagrado. Seraphina Lua foi escolhida como a companheira destinada dos meus filhos—os futuros Alfas da nossa matilha."
Murmúrios eclodiram por todo o salão. Captei fragmentos de descrença, indignação e confusão.
"Uma Ômega?"
"A filha do Gamma desonrado?"
"Três companheiros de uma vez?"
O Alfa Richardson ergueu a mão pedindo silêncio. "A escolha da Deusa Lua é final e vinculativa. A partir deste momento, Seraphina Lua será reconhecida como a futura Luna da Matilha Lua Crescente Prateada."
"Não!" Lilith avançou cambaleante, caindo de joelhos diante do Alfa Richardson. "Por favor! Deve haver algum erro. Eu me preparei para isso a minha vida inteira!"
O Alfa a olhou friamente. "A pedra lunar não escolheu você, Lilith Thorne. Sua ambição não significa nada contra a vontade da Deusa."
O pai de Lilith, Beta Malachi Thorne, deu um passo à frente da multidão, seu rosto uma máscara de raiva controlada. "Meu Senhor Alfa, certamente deve haver alguma consideração pelo... histórico infeliz dessa garota. Seu pai foi um traidor desta matilha."
O aperto da minha mãe em minha mão apertou dolorosamente.
"Os pecados do pai não são os pecados da filha," respondeu o Alfa Richardson com firmeza. "E a escolha da Deusa Lua supera todo julgamento humano."
Ele se virou para seus filhos, que estavam em vários estados de furiosa negação. "Vocês a marcarão esta noite. O acasalamento deve ser completado."
"Pai!" Kaelen protestou. "Você não pode esperar que nós—"
"Posso e espero," o Alfa Richardson o interrompeu. "Vocês são Alfas. Ajam como tal." Sua voz baixou, tornando-se perigosamente suave. "Vocês a marcarão esta noite, e em dois dias, vocês se casarão com ela adequadamente perante a matilha."
Os trigêmeos trocaram olhares de horror e resignação. Não havia como argumentar com o pai quando ele usava aquele tom.
"Este é o seu dever para com a matilha," ele continuou. "Como futuros líderes, vocês devem honrar a vontade da Deusa Lua, independentemente de seus sentimentos pessoais."
O Alfa Richardson virou-se para mim, sua expressão suavizando ligeiramente. "Seraphina Lua, venha à frente."
Minhas pernas tremiam enquanto eu avançava, minha mãe soltando relutantemente minha mão. A multidão se abriu, seus olhos me seguindo com uma mistura de descrença, desdém e—de alguns—um vislumbre de respeito.
"Ajoelhe-se," instruiu o Alfa Richardson.
Caí de joelhos diante dele e dos trigêmeos, minhas mãos tremendo.
"Pelo poder investido em mim como Alfa da Matilha Lua Crescente Prateada, eu a declaro a Luna destinada dos meus filhos. A marcação começará imediatamente."
Um soluço quebrado ecoou pelo salão—Lilith, sendo contida por seu pai enquanto via seus sonhos desmoronarem diante de seus olhos.
O Alfa Richardson fez um gesto para Kaelen. "Como o mais velho, você a marcará primeiro."
A mandíbula de Kaelen se apertou tão forte que pensei que seus dentes pudessem quebrar. Com óbvia relutância, ele deu um passo em minha direção.
"Mostre seu pescoço," ele ordenou, sua voz fria o suficiente para congelar sangue.
Inclinei a cabeça, expondo a curva vulnerável do meu pescoço. Minha loba, traidora que era, tremia de antecipação em vez de medo.
Kaelen se inclinou, sua respiração quente contra minha pele. "Isso não muda nada," ele sussurrou para que só eu pudesse ouvir. "Você nunca será minha Luna em nada além do nome."
Então seus dentes afundaram na minha carne.
A dor explodiu através de mim, seguida imediatamente por uma onda de prazer tão intensa que tive que morder meu lábio para não gritar. O vínculo de acasalamento flamejou entre nós, conectando nossos lobos em um elo primordial e inquebrantável.
Quando Kaelen se afastou, seus olhos verdes estavam arregalados de choque pela intensidade da conexão. Ele rapidamente mascarou isso com nojo, limpando a boca com as costas da mão.
"Orion," o Alfa Richardson acenou para seu filho mais novo.
Orion se aproximou como um homem caminhando para sua execução. Seus olhos castanhos frios não continham nada além de aversão enquanto ele agarrava rudemente meu ombro.
"Nunca vou perdoar você por isso," ele sibilou antes de morder o lado oposto do meu pescoço.
Novamente, a dupla sensação de dor e prazer me inundou, mais forte desta vez enquanto o segundo vínculo se formava. Orion se afastou bruscamente como se queimado, sua expressão horrorizada com a resposta instintiva de seu corpo ao acasalamento.
"Ronan, complete o vínculo," instruiu o Alfa Richardson.
Ronan se aproximou por último, seus olhos azul-mar encontrando brevemente os meus. Algo cintilou ali—confusão, resignação, talvez o mais tênue indício de curiosidade—antes que ele se inclinasse.
Sua mordida não foi nem tão áspera quanto a de Orion nem tão fria quanto a de Kaelen, mas ainda assim não carregava ternura. O terceiro vínculo se encaixou, completando o círculo entre nós, e eu ofeguei com a inundação avassaladora de sensações.
"Está feito," declarou o Alfa Richardson. "A matilha reconhece Seraphina Lua como a futura Luna da Matilha Lua Crescente Prateada."
Os trigêmeos se afastaram de mim, cada um parecendo abalado pelo que acabara de acontecer.
Quando me levantei, tonta pela ligação, captei os olhares venenosos dos meus novos companheiros. Em cada par de olhos—verde, castanho e azul—vi a mesma promessa silenciosa.
Tortura.
Eu acabara de selar minha vida de tortura.