O Início das Descobertas

O coração de Minjae batia descompassado. Cada segundo em silêncio parecia uma eternidade. Ele segurou a mão de Jiwon com força, tentando transmitir vida, esperança, qualquer coisa.

— Não faça isso comigo... — murmurou, a voz trêmula. — Fique comigo, Jiwon. Só me olha, só respira... por favor.

— Jiwon... abre os olhos... por favor... — Minjae sussurrou, tocando o rosto dela com cuidado, como se tivesse medo de quebrá-la.

Tocou seu rosto e sentiu a pele fria e úmida de suor. Os olhos dela estavam fechados, os lábios levemente entreabertos. Havia algo estranho ali, algo que ele não compreendia — e isso o apavorava.

— Ei, fala comigo... — sussurrou, com a voz embargada, sacudindo-a de leve.

O mundo dele parou por alguns segundos. Ele pegou-a delicadamente nos braços, tentando despertá-la.

— Jiwon, abra os olhos... por favor...

O coração dele martelava no peito. As suas mãos tremiam levemente enquanto afastava uma mecha de cabelo grudada na pele úmida dela. Por um momento, nada aconteceu. Então, Jiwon mexe os dedos lentamente. Um gemido fraco escapou dos seus lábios.

Os espertos dela tremeram antes de se abrirem lentamente. O olhar estava perdido, confuso. A respiração era irregular, como se tivesse acabado de acordar de um pesadelo.

— Minjae...? — murmurou, a voz fraca.

— Sou eu. Você desmaiou. — Ele segurou a mão dela com firmeza.

— Droga... o que aconteceu com você?

Minjae a deitou cuidadosamente, apoiando a cabeça dela no seu colo. Os seus olhos analisavam o quarto em busca de algo que explicasse aquela cena. Foi então que viu a rosa no chão, caída, mas ainda intacta.

Ele franziu o cenho, pegando uma flor. Olhou para ela como se fosse uma ameaça.

— Que merda é essa? — Disse a si.

O olhar dele se encheu de fúria contida. Imaginando quem teria dado aquela flor a ela, e qual seria o motivo do desmaio e da pergunta.

— Como você está se sentindo?

Jiwon piscou algumas vezes, tentando processar o que havia acontecido. Então, como se um choque percorre o seu corpo, sentou-se rapidamente na cama, ofegante.

Uma rosa vermelha.

O perfume.

Os flashes.

Ela levou a mão à cabeça, sentindo uma tontura repentina.

— Eu... eu vi coisas, Minjae... — murmurou, tentando organizar os pensamentos.

Ele franziu à testa.

— Que tipo de coisas?

Jiwon fechou os olhos por um instante, relembrando as imagens desconexas, embaralhadas em sua mente como pedaços de um quebra-cabeça sem sentido.

— Eu não sei. Só parecia real. Mas, ao mesmo tempo, não.

Minjae a observou em silêncio por um instante. Ela deve estar começando a lembrar do seu passado?

Minjae sempre teve esse medo. Sabia que, se ela recuperasse a memória, a relação entre eles poderia mudar. No fundo, desejava com todas as forças que ela nunca se lembrasse de nada. Depois, deslizou a mão até o ombro dela, apertando de leve.

— Você precisa descansar.

Minjae a ajudou a deitar novamente, cobrindo-a com o cobertor, ainda se perguntou quem teria entregue a rosa a Jiwon, mas preferiu não fazer perguntas.

— Descansa. Estou aqui com você. Sempre estive, não estive?

Jiwon não respondeu imediatamente. Seu corpo estava cansado, mas sua mente girava um milhão de perguntas.

A última coisa que viu antes de fechar os olhos foi Minjae sentado ao seu lado, observando-a com intensidade.

Como se não tivesse intenção de sair dali tão cedo.

Na manhã seguinte, Jiwon procurou o professor substituto, ansioso para descobrir por que ele havia dado aquela rosa. Mas, por mais que andasse pelos corredores, ele não estava em lugar nenhum.

— Será que ele não virá mais à escola? — disse-se, inquieta.

Dohyun observou de longe. O seu coração vibrava ao vê-la, e os seus olhos brilhavam enquanto permanecia sentado em sua cadeira.

Minjae, que estava ao lado, ouviu o olhar apaixonado de Dohyun para Jiwon.

“Será então que foi ele quem deu aquela rosa para ela? “

No mesmo instante, o ciúme explodiu dentro dele. Apertou os punhos, cerrando o maxilar com força.

Já no fim das aulas, Minjae chamou Dohyun para ir ao karaokê — só os dois, sem os amigos populares. Queria confirmar suas suspeitas sobre os sentimentos de Dohyun por Jiwon.

Enquanto isso, Soyeon chamou sua amiga Jiwon para ir para a biblioteca, e as duas seguiram juntas.

Na biblioteca, enquanto Soyeon procurava um livro, Jiwon teve a impressão de ver o professor substituto Park Seojun. Sem pensar duas vezes, correu em sua direção. No entanto, parou subitamente ao vê-lo acompanhado de uma mulher muito bonita e elegante.

O seu coração disparou. Uma sensação estranha de desapontamento com a invasão.

“Mas por que estou sentindo isso.”?

Nem o conheço de verdade — pensei, confuso.

Park Seojun olhou para a mulher ao seu lado com um carinho que fez o coração de Jiwon se apertar ainda mais. Ele ajeitou uma mecha do cabelo da mulher com delicadeza e riu de algo que ela disse.

Foi um gesto simples, mas tão íntimo que Jiwon sentiu um nó na garganta. Sem entender o porquê, virou o rosto rapidamente, como se esconder aquilo de si mesma fosse o suficiente para silenciar o seu peito.

Ela respirou fundo, tentando se recompor, quando ouviu a voz animada de Soyeon se aproximando.

— Jiwon! O que foi? Por que saiu correndo daquele jeito?

Antes que eu pudesse responder, Soyeon também notou o professor.

— Olha! Não é ele ali? Vamos até lá! — disse, já dando um passo à frente, mas Jiwon segurou o seu braço com firmeza.

— Não... melhor não — respondeu num tom mais baixo, quase sem saber explicar o motivo.

Soyeon arqueou uma sobrancelha, surpresa com a atitude da amiga.

— Ué, por quê? — ela olhou de novo para o casal à distância e soltou um risinho.

— Ahhh... é mesmo, ele está acompanhado. A mulher com ele é linda, hein? Elegante, estilosa... e não vi aliança na mão dele. Aposto que é uma namorada.

Jiwon mordeu os lábios inferiores, tentando ignorar o inconveniente que aquelas palavras causavam.

Ela não respondeu. Só fiquei ali, tentando entender por que um desconhecido mexia tanto com ela — e por que aquela mulher a incomodava.

Jiwon ainda os observava de longe, meio escondido entre as prateleiras da biblioteca. Por um breve momento, esperava que ele virasse, que a notasse ali — mesmo que fosse só por acaso. Mas não.

Ele estava completamente concentrado na mulher ao seu lado, sorrindo, falando baixo, como se o mundo ao redor não existisse.

Cada segundo daquela cena parecia esticar dentro de Jiwon como um elástico prestes a arrebentar. Ela abriu os livros contra o peito, tentando conter o desconforto que nem sabia nomear.

Não era raiva ou tristeza. Não sabia o que era.

O karaokê estava vazio naquela tarde. As luzes coloridas piscavam preguiçosamente ao som de uma música dos anos 2000 que ninguém cantava.

Minjae escolheu uma das salas privadas e entrou com Dohyun, que parecia um pouco confuso com o convite repentino.

— Nunca pensei que você fosse fã de karaokê — comentou Dohyun, tentando quebrar o silêncio enquanto se sentavam no sofá.

— De vez em quando é bom sair um pouco dos grupos barulhentos — respondeu Minjae, pegando o controle remoto.

Dohyun apenas felizes. Pegou uma garrafa de água da mesinha e a abriu, tentando disfarçar a tensão. Minjae sempre foi imprevisível.

Não sabia se o havia chamado ali como um gesto de amizade... ou por outra razão.

Minjae escolheu uma música animada e começou a cantar com entusiasmo. Tentava parecer leve, mas seus olhos observavam cada movimento de Dohyun.

Quando terminou, jogou o microfone ao lado e se recostou.

— E aí? Vai cantar o quê? Uma história romântica que parece coisa de drama?

Dohyun riu, meio sem jeito.

— Talvez... Gosto de músicas assim.

— Românticas, né? — Minjae estalou a língua. — Tem alguém especial que você pensa quando ouve essas músicas?

O silêncio entre os dois pesos. Dohyun desviou o olhar, fingindo procurar uma música sem controle.

— Não exatamente... — respondeu, mas sua voz não era tão convincente nem para ele mesmo.

Minjae se inclinou levemente para frente, com um sorriso que não chegava aos olhos.

— Jura? Porque, hoje mais cedo, vi você encarando Jiwon como se o mundo inteiro sumisse ao redor.

Dohyun arregalou os olhos por um instante, depois baixou o olhar.

— Eu não... não era assim.

— Você gosta dela? — Minjae foi direto. A voz era calma, mas havia uma lâmina escondida sob cada palavra.

Dohyun demorou uma resposta. Respirou fundo.

— Jiwon é gentil e me ajudou muito. Ela nem imagina. Mas... gosto dela. Você não vai contar a ela, vai?

Minjae o encarou por alguns segundos, depois riu, como se tivesse ouvido uma piada.

— Relaxa. Quando fingir contar a ela? — Disse, agora num tom mais sério.

Dohyun ficou surpreso com a pergunta, mas Minjae passou uma certa segurança a ele.

— No dia da nossa formatura.

O coração de Minjae acelerou com uma certa adrenalina. Ele respirou fundo.

— Tá, OK.

Não houve mais provocações, nem mais brincadeiras. Apenas uma música instrumental começou a tocar sozinha, preenchendo o silêncio desconfortável entre os dois. Minjae olhou para o painel da TV, mas sua mente estava longe.

Nos seus pensamentos, imagens de Jiwon, de Dohyun e aquela proximidade crescente entre os dois se embaralham.