Capítulo 19 – O Invólucro

Já na superfície, com o mundo silencioso após a tempestade de revelações, João não conseguiu mais conter a raiva.

— Eles me usaram. Mataram quem eu fui. Criaram quem eles queriam. Mas o erro… fui eu quem transformei em revolta.

Ele falava pra Marina, mas também pro universo.

Ela o segurou pelos ombros.

— Então canaliza isso. Faz valer. O Elías se foi. Mas a gente tá aqui. Natasha tá contigo. Eu também. Mas você precisa parar de carregar isso sozinho.

João fechou os olhos.

E viu mais uma vez aquele lugar escuro, as cápsulas, os clones... o horror de ser um milagre não escolhido.

Rocco apareceu à distância com um jipe sujo de barro. Ele trouxe o que restava de um antigo mapa interno da CLAUSTRO — a Torre Central. A base de onde toda operação era comandada. Onde estavam os dados. Os cérebros. E o pai.

João olhou o mapa.

— Vamos derrubar aquilo.

— Como? — perguntou Natasha. — Tem pelo menos cinco anéis de segurança, paredes psi-reativas e um servidor que se move sozinho pra não ser rastreado.

— A gente move mais rápido. Rocco, você entra com a rede. Natasha, toma a retaguarda. Eu e Marina… vamos pela frente.

— Isso é suicídio.

— Não, é justiça.

O plano era simples.

Ou parecia.