Já na superfície, com o mundo silencioso após a tempestade de revelações, João não conseguiu mais conter a raiva.
— Eles me usaram. Mataram quem eu fui. Criaram quem eles queriam. Mas o erro… fui eu quem transformei em revolta.
Ele falava pra Marina, mas também pro universo.
Ela o segurou pelos ombros.
— Então canaliza isso. Faz valer. O Elías se foi. Mas a gente tá aqui. Natasha tá contigo. Eu também. Mas você precisa parar de carregar isso sozinho.
João fechou os olhos.
E viu mais uma vez aquele lugar escuro, as cápsulas, os clones... o horror de ser um milagre não escolhido.
Rocco apareceu à distância com um jipe sujo de barro. Ele trouxe o que restava de um antigo mapa interno da CLAUSTRO — a Torre Central. A base de onde toda operação era comandada. Onde estavam os dados. Os cérebros. E o pai.
João olhou o mapa.
— Vamos derrubar aquilo.
— Como? — perguntou Natasha. — Tem pelo menos cinco anéis de segurança, paredes psi-reativas e um servidor que se move sozinho pra não ser rastreado.
— A gente move mais rápido. Rocco, você entra com a rede. Natasha, toma a retaguarda. Eu e Marina… vamos pela frente.
— Isso é suicídio.
— Não, é justiça.
O plano era simples.
Ou parecia.