Capítulo 24 – Neblina na Carne

A Névoa não era uma organização.

Era um estado invisível.

Eles agiam entre os erros da humanidade: leis cinzentas, acordos obscuros, falhas nos satélites. Se infiltravam nas maiores potências do mundo, manipulando decisões como se jogassem xadrez com vidas humanas.

João e Natasha partiram para Sevilha, onde, segundo Orfeu, um dos centros móveis da Névoa passaria com prisioneiros capturados. A missão era simples: interceptar, resgatar, sobreviver.

Mas quando chegaram, tudo estava... parado demais.

As ruas bloqueadas com carros sem motorista. Drones girando em padrões erráticos. O silêncio era absurdo.

Foi então que apareceu o primeiro soldado da Névoa.

Ou melhor, não apareceu.

João sentiu a presença — uma distorção no ar, como se a realidade tivesse piscado.

E quando piscou… Natasha estava caída.

Ele gritou, mas não ouviu sua própria voz. Um campo de frequência anulava som, luz e até... pensamento.

Mas João era além disso.

Ele se desligou do corpo. Expandiu a mente. Entrou no campo como quem entra em água gelada.

Encontrou o soldado.

Tocou nele. E viu.

Um humano modificado. Sem identidade. Com a mente fatiada em três partes. Uma delas... lembrava João.

> “Projeto VOX... ramo avançado do Projeto Origem.”

João entendeu: ele não era o único que fugiu do controle.

E agora, eles estavam vindo atrás dele. Não pra matar.

Pra ativá-lo.