Dois dias após o desaparecimento do homem do Véu, tudo mudou.
João começou a sentir pulsos mentais ao redor da base. Não eram ataques, ainda.
Mas escaneamentos de consciência.
Eles estavam mapeando as emoções dele, à distância.
— Querem me quebrar antes da guerra — disse ele a Natasha.
— Ou querem te usar pra criar outra.
O grupo de resistência Sombras Vivas se expandia rápido.
Células surgiam na Itália, Marrocos, Brasil, México...
Mas sem liderança, os grupos estavam começando a agir com violência cega.
Queimavam laboratórios, invadiam quartéis, atacavam até inocentes.
João sabia que precisava aparecer de novo.
Mas tinha medo de ser usado.
Marina o confrontou:
— Você não pode fugir do que é. As pessoas te veem como símbolo. Mas não sabem se você quer liderar ou desaparecer.
— Eu não pedi pra ser símbolo.
— E eu não pedi pra sobreviver a uma guerra. Mas cá estamos.
Eles se abraçaram ali.
Pela primeira vez em semanas.
Rocco chegou correndo.
— Pegaram uma célula nossa em Rabat. Trinta mortos. E deixaram uma única frase pichada no muro:
> "Ele falhou."
João olhou para o horizonte.
— Então tá.
Vamos mostrar o que acontece quando o erro se recusa a morrer.
Ele foi até o equipamento antigo de Elías.
Tirou do fundo uma pasta com o símbolo do Projeto Origem.
E disse:
— Natasha. Rocco. Marina.
Chegou a hora de não só sobreviver.
Chegou a hora de devolver tudo.