Capítulo 32 – Sussurros de um Véu

A noite caiu, mas o acampamento das Sombras Vivas não dormia.

O discurso de João ecoava no coração de cada um que, até então, só conhecia o silêncio.

Mas com a esperança... veio o peso.

Rocco estava em sua estação improvisada, rodeado de monitores velhos e fios desencapados, tentando rastrear uma transmissão suspeita captada em uma frequência antiga.

— Isso aqui não é qualquer sinal — disse ele a Natasha. — É código da CLAUSTRO, mas modificado. Encriptado com vocabulário neural. Alguém tá mandando mensagens usando... lembranças.

— Lembranças? — Marina arqueou a sobrancelha.

— Isso. Eles codificam as mensagens com experiências específicas. Só quem viveu algo parecido consegue decifrar.

João se aproximou devagar.

— E por acaso eu consigo decifrar?

— Tenta ouvir isso.

Rocco colocou um fone no ouvido dele.

Silêncio. Depois, um barulho fraco.

E então… uma voz.

> — “João. Você não me conhece. Mas eu conheci sua mãe.

O Projeto Origem não acabou. Ele apenas mudou de nome.

Agora ele se chama Véu.

E o Véu… quer você de volta.”

João arregalou os olhos. As palavras pareciam ressoar direto em sua medula.

Ele viu flashes — sua mãe segurando um crachá, vozes ao fundo, o choro de um bebê que talvez fosse ele mesmo.

— Eles tão tentando me alcançar pelo que ainda dói — murmurou.

Marina apertou seu braço.

— E você vai deixar?

Ele olhou pra ela, firme.

— Não. Mas eu vou responder.

Na madrugada, João enviou sua própria transmissão.

> “Se o Véu conhece minha história, que aprenda agora a me temer por inteiro.

Não sou só o menino do laboratório.

Eu sou o erro que aprendeu a escolher.”

E desligou.

A guerra agora era também feita de memória e voz.