A Vida dos Ricos?

Com a festa finalmente terminada e o céu noturno se estendendo acima, Max se viu de volta no mesmo carro em que haviam chegado. Aron estava ao volante, dirigindo-os em direção à Cidade Notting Hill—um lugar que despertava algumas memórias muito recentes para Max.

A Gangue do Tigre Branco tinha suas raízes em Mancur City, pensou Max. Mas o último negócio que fui chamado para fazer antes de tudo desandar? Aconteceu bem aqui... em Notting Hill. E agora esse garoto Max por acaso mora aqui.

Talvez seja o destino. Talvez seja apenas ironia. De qualquer forma, não é um lugar ruim para um novo começo.

Tinha sido um longo dia. Um dia cheio de surpresas, tensão e coisas que ele nunca esperou enfrentar.

Eu costumava pensar que crianças ricas tinham uma vida fácil, refletiu Max. Mas agora vejo que isso não chega nem perto da verdade. Quando eu tinha a idade dele, meus maiores problemas eram encontrar dinheiro suficiente para comer... ou arranjar uma namorada.

Esse garoto não precisa se preocupar com dinheiro—mas ele tem um tipo completamente diferente de confusão para lidar.

Mesmo assim, depois de experimentar a pior parte de estar no corpo de um garoto rico, Max achou que merecia experimentar alguns dos benefícios.

O carro parou e Max olhou pela janela.

O bairro parecia difícil—realmente difícil.

As ruas estavam cobertas de grafite, lixo alinhava as calçadas como se estivesse lá há dias, talvez semanas. Quanto às casas—não havia nenhuma. Apenas blocos de apartamentos baixos, não mais altos que três andares.

Os prédios estavam apertados, deixando quase nenhum espaço entre eles. A área parecia pequena, confinada e desgastada.

"Você precisa usar o banheiro ou algo assim?" Max perguntou, levantando uma sobrancelha.

"Não, jovem mestre," respondeu Aron. "Chegamos. Este é seu apartamento—o lugar onde você tem vivido no último ano."

Max piscou. "Isso... é onde eu moro?"

Ele saiu do carro, tendo uma visão melhor do quadro completo.

Não era que ele tivesse um problema com isso. Na verdade, o lugar lembrava sua vida antiga. Antes de construir seu império, Max havia crescido em um bairro não muito diferente deste.

Não era a área em si que o chocava.

Era o fato de que alguém da família Stern—com bilhões à sua disposição—estava vivendo aqui.

Aron liderou o caminho, guiando Max até o segundo andar. Eles passaram por cinco outras portas antes de parar na última no final do corredor.

Aron tirou uma chave e destrancou a porta, depois a entregou a Max enquanto entravam. Era tão sem graça por dentro quanto parecia por fora, talvez 30 metros quadrados, se tanto.

Uma cama de solteiro mal grande o suficiente para um adulto. Um espaço apertado com uma pequena TV e uma mesa de aparência barata. A cozinha era mais como um canto, apenas espaço suficiente para se virar, mas não realmente se movimentar. E o banheiro? Não muito longe.

Ainda assim, Max tinha que admitir, pelo menos ele não estava compartilhando o lugar com ninguém. Isso já era alguma coisa.

Mas isso não significava que ele não tinha perguntas.

Sério, o que esse garoto estava pensando? Max pensou, examinando o pequeno quarto. Você tinha acesso a um bilhão por um ano, e nem se incomodou em fazer um upgrade para um apartamento decente?

Quanto mais eu aprendo sobre esse cara, mais eu quero socá-lo eu mesmo.

"O aluguel do apartamento sai da sua conta de mesada," explicou Aron, entrando atrás dele. "Suas necessidades diárias, contas e tal, são todas pagas automaticamente. Então seus fundos totais não diminuíram por causa disso."

"Espere, quanto é minha mesada afinal?" Max perguntou, pegando seu telefone.

Ele tocou no aplicativo bancário que ainda não havia aberto e rolou pelos extratos. Os números pareciam... estranhos. Como se algo não estivesse batendo.

"O sistema de mesada é configurado para retornar automaticamente quaisquer fundos não utilizados," acrescentou Aron. "Então o saldo é reiniciado a cada mês. Não acumula."

Agora tudo fazia sentido. Max finalmente entendeu.

Sua mesada mensal era de $20.000.

"Vinte mil... e ele ainda alugou um lugar como este?" murmurou Max. "Quer dizer, eu aluguei um lugar como este. O que há de errado comigo?"

Ele sentiu como se estivesse perdendo a cabeça.

Cada escolha que o garoto havia feito apenas o confundia mais. Nada fazia sentido. Como ele deveria viver esta vida como se fosse sua própria, quando nada disso fazia sentido?

Mais cedo ou mais tarde, alguém certamente notaria que ele não era o verdadeiro Max.

"Você se mudou para cá depois que seus pais faleceram," disse Aron calmamente. "Aconteceu no ano passado. Você tinha dezesseis anos na época. Seu avô lhe deu uma escolha, e você escolheu viver sozinho. Você escolheu este lugar."

"Eu não sei as razões por trás disso... mas se me permite dizer, talvez perder suas memórias seja uma bênção disfarçada. Talvez agora, você possa viver uma nova vida. Uma vida melhor."

Aron fez uma reverência respeitosa.

Certo... ele perdeu ambos os pais, pensou Max, seu peito apertando por apenas um segundo. Pelo menos eu sei como é isso.

"Minhas tarefas estão concluídas por hoje," disse Aron. "Vou me retirar agora. Espero que você aproveite seu dia amanhã."

Max assentiu, dispensando-o.

Honestamente, ele estava surpreso que Aron não dormisse simplesmente no chão ao lado dele, do jeito que ele vinha agindo o dia todo.

Ainda assim, de todas as pessoas que Max havia conhecido até agora, Aron poderia ter sido a única pessoa com quem ele quase poderia baixar a guarda.

"Obrigado novamente," disse Max. "Então... quando vou vê-lo novamente? Amanhã de manhã?"

"Ah, é verdade," disse Aron. "Eu sou o chefe da sua equipe de segurança, mas nem sempre fui o único. No passado, havia outros que vigiavam você, mesmo à noite, posicionados logo do lado de fora deste apartamento."

Ele fez uma pausa por um momento antes de continuar.

"Mas... você me instruiu a dispensar todo o pessoal. Você não queria ninguém te guardando. Eu segui essa ordem—mas insisti em uma condição."

Aron ficou mais ereto.

"Que eu pessoalmente cuidaria de você nos fins de semana. Hoje é domingo, o que significa... que meu dever termina aqui."

Ele fez uma pequena reverência. "Ainda assim, se você precisar de mim, estou apenas a uma ligação de distância. Estarei lá o mais rápido possível."

Ele pegou o telefone do bolso. "Ah—e mais uma coisa."

Ele tocou na tela, enviando algo. Uma notificação apareceu no telefone de Max.

'Stalker' havia lhe enviado uma mensagem.

Max levantou uma sobrancelha. Bem... pelo menos o garoto tinha senso de humor. Abrindo a mensagem, ele viu uma foto—algum tipo de cronograma.

"Por favor, siga-o cuidadosamente," disse Aron. "E espero que você aproveite seu dia na escola amanhã."

Max congelou.

"Certo..." ele respondeu, seus lábios se contraindo em um meio-sorriso nervoso.

Eu esqueci... esse garoto tem dezessete anos. O que significa...

Eu tenho que voltar para o ensino médio.