Esse Não É Meu Nome?

Seu peito apertou, uma sensação de afundamento puxando forte em seu estômago.

Aquela única frase—"Se você está assistindo a isso, então eu já estou morto."—

Já era demais para assimilar.

Ele realmente se foi... pensou Max, olhando para a imagem congelada de si mesmo na tela. Isso é o que eu acho que é?

O garoto acabou no hospital. Seu corpo estava coberto de hematomas. Estou prestes a assistir sua nota de suicídio?

A ideia o perturbou mais do que esperava.

E se esse fosse o caso—o hospital realmente o teria liberado como se nada tivesse acontecido?

Ainda assim, a verdade era impossível de ignorar. O verdadeiro Max Stern havia partido. E de alguma forma... ele havia tomado seu lugar.

Ele respirou fundo. Uma das poucas vantagens de viver a vida que teve era que suas emoções não eram facilmente abaladas. Se ele ia assumir essa vida—interpretar o papel de Max Stern—precisava entender quem o garoto realmente era.

Sem hesitação, ele clicou em play.

E se preparou.

"Minha vida..." disse o Max na tela, a voz já falhando. "Tem sido difícil. Muito difícil. E talvez, como alguém da família Stern, isso seja difícil de acreditar."

Sua voz rachou.

"As coisas mudaram quando mamãe e papai morreram. E quanto mais eu penso nisso... com tudo que aconteceu, nem sei mais se foi um acidente."

O Max no vídeo puxou os joelhos contra o peito, inclinando-se para frente. Ele balançava suavemente, como se estivesse tentando encontrar algum pequeno conforto familiar no meio de sua dor.

Eventualmente, o Max na tela enxugou suas lágrimas. Sua expressão mudou. Ainda havia dor em seus olhos, mas agora havia algo mais por trás disso. Uma faísca.

"Mas não posso desistir," ele disse, com a voz mais firme. "Não vou. É por isso que... vou revidar, do meu jeito."

Ele olhou diretamente para a câmera.

"O motivo pelo qual estou fazendo este vídeo é para que, se alguém o encontrar... saberá. Eu, Max Stern, não me matei."

Max piscou para a tela, surpreso.

Ele não esperava por isso.

E a julgar pelo olhar nos olhos do garoto, não era falso. Isso era real—cru. O rosto de alguém que havia sido pressionado demais, por muito tempo... e finalmente decidiu revidar.

E onde isso o levou? pensou Max, com a mandíbula apertada. Em uma cama de hospital, com hematomas por todo o corpo.

O Max na tela soltou um suspiro pesado antes de continuar.

"Existem pessoas... pessoas que tornaram minha vida miserável. Cada uma delas me machucou à sua maneira. E eu juro, vou me vingar delas. De todas elas."

Ele hesitou, desviando o olhar por um segundo—então olhou de volta para a câmera.

"Mas se este vídeo algum dia vazar, não sei qual delas vai vê-lo. E tenho certeza... de alguma forma, elas vão distorcer isso também. Usar contra mim. Ou pior—usar para ir atrás das pessoas com quem me importo."

"É por isso que estou gravando isso. Não apenas para desabafar. Mas para encontrar a verdade. Para terminar o que eu não pude."

Seus olhos se estreitaram.

"Todas essas pessoas me machucaram de alguma forma... mas uma delas... uma delas me matou."

Max estava anotando mentalmente tudo o que estava sendo dito. Era óbvio que este vídeo havia sido feito para alguém—mas quem? Um amigo? Um familiar? Talvez até Aron? Uma coisa estava clara—não era destinado a ele.

Não para alguém sem contexto. Não para alguém que havia assumido a vida de Max Stern.

Eu provavelmente deveria perguntar ao Aron o que realmente aconteceu, pensou Max. Ele não disse muito sobre isso, e eu nunca insisti... talvez haja um motivo. Ainda assim, a julgar por como ele agiu hoje, duvido que esteja envolvido.

Na tela, a voz do garoto cortou os pensamentos de Max.

"Lembre-se dos seguintes nomes..."

Max imediatamente pegou seu telefone e começou a anotá-los.

Não havia como ele se lembrar de todos de outra forma—e algo sobre assistir a este vídeo novamente simplesmente não parecia certo. Parecia pessoal demais.

Um por um, os nomes foram listados. E então, após o último... silêncio.

"Sinto muito por colocar tudo isso em seus ombros," disse o Max no vídeo baixinho.

E assim, a tela ficou preta. O vídeo havia acabado. Max fechou lentamente o laptop. Parecia que ele tinha acabado de espiar a alma de outra pessoa. Como se tivesse lido um diário que nunca deveria ter sido aberto.

E agora, não podia desvê-lo.

"Então... essas são todas as pessoas que te prejudicaram, hein?" murmurou Max, examinando a lista em seu telefone. "É uma lista longa. Alguns desses nomes não me surpreendem... mas outros? Nem reconheço metade deles."

Ele suspirou, esfregando a nuca.

"Se eu tivesse que adivinhar, talvez eu encontre alguns deles na escola."

Seu punho se fechou com força. A frustração borbulhava dentro dele.

"Mas por quê?" ele rosnou. "Por que esse idiota não disse o que essas pessoas realmente fizeram com ele?"

Max socou o ar à sua frente, respirando pesadamente.

"Como alguém deveria te ajudar se nem sabe o que aconteceu? Sem detalhes, sem contexto—apenas um monte de nomes! Como esse vídeo deveria ajudar alguém?"

Quanto mais ele aprendia sobre o garoto, mais irritado ficava.

Quase parecia que o verdadeiro Max queria dificultar as coisas. Como se tivesse deixado propositalmente um quebra-cabeça sem dar a ninguém as peças.

Aquela noite foi o primeiro sono real de Max em seu novo corpo. E foi... uma experiência.

Seus sonhos eram um borrão selvagem—memórias de sua vida passada passando em ondas. Tudo o que havia feito, cada decisão que o levou ao topo... e as consequências que vieram com isso.

Mas uma coisa ecoava mais alto que qualquer outra. A última voz que ele ouviu antes de morrer. Repetindo. Várias vezes.

Até que—

Beep. Beep.

Max abriu os olhos e instantaneamente alcançou seu telefone, desligando o alarme. Por uma fração de segundo, ele meio que esperava acordar em sua antiga vida—em seu antigo corpo. Mas o quarto simples e apertado que o encarava confirmava o contrário. Ele ainda estava aqui. Ainda era Max Stern. Ainda neste corpo.

Enquanto piscava para afastar o sono dos olhos, notou algumas notificações.

Mensagens de: "Stalker."

Ele revirou os olhos e as abriu.

"Só verificando se você está acordado. Se não estiver se sentindo bem o suficiente para ir à escola, me avise. Eu os informarei.

Caso tenha esquecido—sua mochila e livros geralmente ficam guardados debaixo da sua cama."

A segunda mensagem chegou logo em seguida.

"Além disso, aqui está a localização da sua escola.

Não sei o quanto você se lembra, ou o quanto preciso explicar.

Honestamente, com tudo o que você esqueceu, estou surpreso que ainda se lembre de como falar.

Você também esqueceu como ler um mapa? Devo enviar instruções para isso também?"

Max olhou fixamente para a tela.

Como as mensagens estavam todas em texto, era difícil dizer se Aron estava sendo sério... ou se essa era a versão dele de uma piada.

Será que aquele cara sabe como fazer piadas? Max se perguntou, balançando a cabeça.

Max agachou-se e olhou debaixo da cama, exatamente como a mensagem dizia.

De fato, havia uma mochila—meio fechada e enfiada descuidadamente fora de vista.

Ele a puxou e abriu o resto do zíper, achando que não faria mal dar uma olhada rápida dentro.

Bem que posso me lembrar de como é realmente a vida escolar, pensou ele.

O primeiro livro que ele tirou era laranja brilhante, e bem na frente, um nome estava rabiscado com caneta permanente:

Max Smith.

Max piscou.

"Esse... não é o nome dele."

Curioso, ele pegou o resto dos livros e folheou um por um.

Todos tinham a mesma coisa escrita neles.

Max Smith.

Não havia como ser a mochila errada—ela claramente havia sido usada por este Max.

Então por que ele está usando outro nome na escola? Max pensou, estreitando os olhos. Ninguém lá sabe que ele é um Stern? Mas por que manter isso em segredo?