Max nem precisou se virar. Apenas ouvir a voz foi suficiente. Ele a reconheceu instantaneamente—não apenas como alguém da Gangue do Tigre Branco, mas como um dos Filhotes.
Os Filhotes eram um apelido dado aos indivíduos mais próximos de Maxamus, quando ele era o líder da gangue.
À medida que o Tigre Branco se expandia, crescendo e espalhando sua influência subterrânea por toda parte, Max precisava de líderes fortes para gerenciar operações em diferentes territórios. Não bastava que as pessoas o temessem—elas tinham que temer também aqueles abaixo dele. Por isso ele deu ao seu círculo íntimo o nome de "Filhotes".
Alguns deles estavam com ele desde o início, ajudando a construir a gangue do zero. Outros conquistaram seu lugar provando sua força e lealdade. De qualquer forma, cada Filhote era um lutador habilidoso com séria influência e controle.
Mas o que um dos Filhotes está fazendo em um evento como este? Max se perguntou. Pelo que sei, nunca tivemos nenhuma conexão com a família Stern. Eu estava diretamente envolvido em todas as nossas operações, e os Filhotes sempre reportavam diretamente a mim.
Faz apenas três dias... o que aconteceu com os Tigres Brancos desde que eu parti? Já assumiu um novo líder?
Mesmo assim, Max se virou—e no momento em que associou a voz ao rosto, soube exatamente quem era.
Dois homens conversavam vestindo ternos. Um estava elegantemente vestido em traje formal completo, com a gravata perfeitamente alinhada. O outro tinha um visual mais casual, usando um terno cinza com uma camisa branca simples por baixo, com os botões superiores abertos.
O segundo homem era menor em estatura, com uma cicatriz notável no queixo. Seu cabelo estava espetado e penteado para frente, um truque que Max reconheceu imediatamente. Era feito para esconder o fato de que estava ficando calvo.
Kete Magro... Max murmurou silenciosamente.
Uma enxurrada de memórias invadiu sua mente de uma só vez.
Naquela época, Max já era adulto quando a gangue começou—embora ele nem percebesse que seria uma gangue no início. Kete Magro foi uma das primeiras pessoas a se juntar a ele nesse caminho. Juntos, eles construíram a base da Gangue do Tigre Branco. Ele era uma das poucas pessoas em quem Max realmente confiava.
Se eu contasse a ele quem sou... se eu provasse contando algo que só nós dois saberíamos... ele acreditaria em mim, certo?
Ele não acharia que estou louco. E talvez—apenas talvez—pudéssemos reconstruir os Tigres Brancos juntos. Com esta nova fortuna... quem sabe até onde poderíamos chegar.
Max já havia começado a dar alguns passos à frente—mas então uma frase específica ecoou em sua mente.
"Não são gangues que governam esta cidade. É o dinheiro."
No que estou pensando? Max congelou. Fui traído por alguém dos Tigres Brancos. Foi assim que tudo começou.
Na época, sua mente estava confusa demais para reconhecer a voz ou o rosto. Poderia ter sido qualquer um. Claro, Kete Magro já foi próximo dele—mas assim como todos os Filhotes.
Qualquer um deles poderia estar por trás disso.
Não posso contar a ninguém quem realmente sou—não até descobrir quem me traiu.
Só o fato de Kete estar aqui já era suspeito o suficiente.
Virando-se, Max tomou a decisão de ir embora. Ele não podia ficar por perto, não agora.
Se ele tinha um grande defeito, era seu temperamento. E ele sabia—se ouvisse algo, se deixasse aquilo fermentar por muito tempo—poderia acabar batendo a cabeça de Kete contra uma mesa, exigindo respostas.
Naquele momento, alguém esbarrou nele com força.
O impacto atingiu um dos hematomas ainda escondidos sob suas roupas, e Max estremeceu bruscamente, cerrando o maxilar contra a dor.
"Ai!" Max não conseguiu evitar gritar.
Seu grito imediatamente atraiu a atenção dos convidados próximos, todos se virando para olhar a comoção.
"Relaxa. Não exagera," disse uma voz arrogante. "Só esbarrei em você um pouquinho por acidente."
Claro.
Era Chad—de novo. Desta vez, ele conseguiu esfregar um bolinho de geleia na camisa de Max, fazendo as roupas já arruinadas parecerem ainda piores.
Sério? Geleia grudenta?
Max tocou o tecido e instantaneamente se arrependeu—seus dedos agora grudavam na bagunça em sua camisa.
"Está tentando me fazer parecer o vilão?" disse Chad, seu tom pingando falsa inocência. "Foi apenas um acidente. Não transforme isso em algo maior do que é, ok?"
Ele se inclinou ligeiramente. "Especialmente não no aniversário do Avô, na frente de todos esses convidados importantes. E, hum... você deveria ir se trocar. Parece um desastre."
Max começou a respirar lentamente—profundamente—pelo nariz, soltando o ar pela boca.
Ele não conseguia se lembrar da última vez que havia suportado tanto desrespeito sem explodir.
Sua visão se estreitou, tudo mais desaparecendo exceto Chad. Ele nem notava mais os olhares... ou as risadas silenciosas dos outros membros da família assistindo por perto.
Está óbvio agora—Chad está fazendo tudo isso de propósito. Eu sou o alvo.
Será que o antigo Max nunca revidava? É essa realmente a personalidade que devo manter? Porque se for... não sei se consigo sobreviver mais cinco minutos perto desse cara.
Felizmente, Aron interveio. Ele lançou a Max um olhar muito específico—um que claramente dizia: Deixa pra lá.
Max cerrou o maxilar e exalou pelo nariz. Tudo bem. Ele deixaria passar. Por enquanto.
Ele se virou, pronto para voltar para dentro. Honestamente, se pudesse sair completamente deste lugar, ele sairia.
Mas naquele momento, um garçom carregando uma bandeja de taças de champanhe passou por ali.
Naquele exato momento, Chad deu um passo casual à frente—e deliberadamente pisou no calcanhar do sapato do garçom.
O homem tropeçou, e toda a bandeja voou pelos ares.
Seis taças cheias de champanhe foram lançadas no ar—caindo sobre Max por trás.
O líquido frio o encharcou da cabeça aos pés. Seu cabelo pingava, as costas do terno grudavam nele, completamente ensopadas.
Suspiros ecoaram, seguidos por explosões de risadas dos convidados próximos.
"Haha! Quando eu disse para você se limpar, não quis dizer assim," Chad brincou, sorrindo como se tivesse acabado de contar a piada do ano.
Mais risadas seguiram—mais altas desta vez.
Max se virou, um largo sorriso se estendendo pelo seu rosto—tão largo que seus olhos quase se escondiam sob ele. Seu passo acelerou enquanto ele avançava, punhos firmemente cerrados.
Pessoas como você... nunca levaram um soco na vida.
Ele balançou. Um punho, rápido e furioso, mirado diretamente no rosto arrogante de Chad.
Chad recuou—completamente pego de surpresa—mas o soco nunca atingiu o alvo.
Seu pulso foi interceptado no ar. Quem o segurava? Aron.
"Fazer isso não vai te ajudar," Aron sussurrou. "Estou te impedindo pelo seu próprio bem. Estou tentando te proteger."
"Você... você acabou de tentar me bater?" Chad perguntou, atordoado. "Perdeu a cabeça? O que deu em você? Está agindo como uma espécie de cachorro raivoso."
"Você tem razão," Max disse calmamente, deixando a tensão esvair de sua mão.
Aron sentiu a mudança e, após uma breve pausa, soltou o aperto. No momento em que o pulso de Max estava livre, ele levantou a outra mão e acertou um soco forte na lateral do rosto de Chad.
O golpe o fez cair no chão.
Max ficou em pé sobre ele. "Mas eu não preciso que você me proteja."