Gênio do Boxe

O resto do dia? Desagradável, para dizer o mínimo. Mas para Max... pelo menos foi suportável.

Talvez isso tenha sido graças ao que aconteceu na cantina. Depois de algo tão barulhento e humilhante, tudo o mais parecia menos grave.

Os apelidos, os encontrões nos corredores, os insultos murmurados — tudo meio que se misturava.

Mas Max não conseguia afastar um pensamento:

Isso foi apenas um dia para mim. Um dia... e já está me esgotando.

Quanto pior deve ser para o verdadeiro Max? Ou para caras como Sam, vivendo isso repetidamente, todos os dias? Como eles conseguem continuar?

Ele pensou em sua própria adolescência — um pouco rebelde, claro. Ele tinha sido um quebrador de regras, não aceitava ordens, causava problemas quando precisava...

Mas nunca mexeu com pessoas apenas por diversão. Não como esses garotos faziam. Não havia vergonha nisso para eles — nenhuma linha que não cruzariam.

É como se tratassem a crueldade como um hobby.

Quando o último sinal tocou, Max estava mais do que pronto para encerrar o dia. Ele jogou a mochila sobre o ombro e se dirigiu aos portões da escola, onde Sam já estava esperando.

"Ei," disse Sam, um pouco sem fôlego. "Obrigado de novo por hoje. Por... você sabe, tudo. Vou te pagar pela comida."

Max dispensou com um gesto. "Sério, não se preocupe com isso. Eu realmente não preciso do dinheiro."

Sam parecia querer argumentar, mas apenas sorriu.

"Bem... se não posso te pagar com dinheiro, então vou apenas levar alguns socos por você ou algo assim."

Com isso, ele partiu pela rua, já correndo.

Max ficou ali, observando-o ir embora, balançando a cabeça.

"Ele é um bom garoto," Max murmurou para si mesmo, pensando em Sam. "Mas do jeito que as coisas estão... a menos que ele se defenda, sempre será um alvo. Não faria mal se ele fosse à academia algumas vezes. Poderia dar um pouco mais de confiança também."

Esse pensamento lembrou Max para onde ele estava indo em seguida. A academia.

Se ele queria colocar esse corpo em forma, precisava ser consistente. Sem pular. Sem desculpas.

E como não era como se ele tivesse uma agenda social lotada — ou qualquer amigo, na verdade — fazia sentido ir direto após a escola.

Além disso, se ele tivesse algum amigo antigo, encontrá-los agora só levantaria mais perguntas que ele não poderia responder.

Ele mandou uma mensagem rápida para Steven para ter certeza de que a academia estava aberta.

Quando Max chegou, Steven já estava esperando na frente, folheando algo em seu telefone. Max olhou uma vez e apertou os olhos.

"Espera... você cortou o cabelo? E a barba também sumiu."

Steven sorriu, esfregando o queixo agora liso. "Sim, achei que poderia me dar um pequeno presente."

Então ele murmurou baixinho, "Pode voltar tudo a ser como era se eu não tomar cuidado..."

Max não insistiu. Ele já sabia que o cara estava preocupado com o futuro da academia.

"Vou começar a deixar uma muda de roupa aqui," disse Max, passando por ele. "Só certifique-se de que as contas estejam cobertas com o pagamento que eu envio. Mantenha este lugar aberto. Isso é mais do que suficiente para mim."

Steven assentiu, tentando esconder o sorriso que surgia em seu rosto.

Assim como no dia anterior, Max estava de volta à academia e de volta aos pesos — desta vez focando em um grupo muscular diferente. Sua rotina era sólida, proposital. Cada repetição contava.

Enquanto isso, Steven se apoiava no balcão da recepção, com os braços cruzados, fingindo rolar a tela do telefone enquanto observava o adolescente pelo canto do olho.

Não consegui encontrar uma única coisa sobre esse garoto, pensou Steven. No início, achei que tinha sido enganado. Arrisquei e cortei o cabelo com o dinheiro antes de ser confirmado. Mas, com certeza... tudo foi processado.

Ele até tentou fazer uma pequena investigação.

Digitou o número, não encontrou nada. Tentou 'adolescente rico de cabelo vermelho' — também nada. Não que eu esperasse muito com essa busca, mas mesmo assim.

Mesmo que as coisas estivessem melhorando financeiramente para ele, Steven não conseguia deixar de sonhar com mais. Com o que essa academia poderia ser.

Ele imaginou o som das luvas golpeando os sacos, alunos lutando no ringue, risadas e suor no ar. Imaginou fileiras de adolescentes se esforçando, trabalhando duro, ficando mais fortes.

Em vez disso, estava quieto. Vazio. Apenas ele e Max.

E foi então que ele notou algo novo — Max havia pegado um par de luvas e estava caminhando em direção a um dos sacos de pancada.

Hã? Ele não fez isso ontem, pensou Steven, seu pulso acelerando um pouco.

Ele manteve os olhos fixos, observando atentamente enquanto Max dava alguns jabs de aquecimento e começava a encontrar um ritmo.

Para surpresa de Steven, o garoto não era ruim. Nem um pouco ruim.

Estranho... ele não tem estrutura física, não parece ter praticado um único esporte na vida, mas esses socos...

Max se movia como alguém que já tinha estado em um ringue antes.

Não eram apenas socos aleatórios — Steven continuou observando enquanto Max lançava combinações limpas no saco de pancada. Ele não estava apenas agitando os punhos. Ele misturava jabs, cruzados, ganchos, até mesmo alguns uppercuts, desviando de um lado para o outro como se estivesse imaginando um oponente real à sua frente.

Então, assim que a pressão e o ritmo aumentaram, Max de repente parou.

Isso deve ter sido cerca de três minutos, pensou Steven. Ele acabou de cronometrar como se fosse um round real de boxe?

Max recuou, respirou por cerca de um minuto, e então voltou direto para o saco novamente. Mesma intensidade. Mesmo foco.

Sim, agora tenho certeza. O treinamento com pesos, as combinações, o ritmo — ele já fez isso antes. Não apenas uma ou duas vezes. É como se eu estivesse vendo alguém que faz isso há anos. Ele tem experiência... talvez até experiência séria. A técnica não é perfeita, e a força poderia melhorar, mas mesmo assim. Qual é a história desse garoto?

Quando Max finalmente fez uma pausa novamente, Steven não conseguiu mais se conter. Ele se levantou de trás do balcão.

"Ei... você já praticou boxe antes?" perguntou Steven.

Max deu de ombros. "Já fiz minha parte aqui e ali," respondeu casualmente. "Nada profissional nem nada, mas algumas pessoas diriam que tenho mais experiência que a maioria."

Steven apenas o encarou. A maneira como Max se movia, as coisas que dizia — não combinavam em nada com sua aparência.

Então Max se virou para ele, relaxando os ombros.

"Você se importa de pegar as luvas de foco?" ele perguntou. "Estou com muita coisa na cabeça hoje. Preciso socar para fora."

Steven não se importou nem um pouco. Segurar as luvas de foco para alguém não era apenas sobre receber socos — na verdade, exigia muita habilidade. Treinar alguém assim, trabalhar combinações, reagir no momento certo — isso era exatamente o que Steven havia sonhado em fazer quando abriu a academia pela primeira vez.

Ele posicionou as luvas de foco nos lugares certos, o tipo de lugares onde um lutador gostaria de acertar um golpe limpo para causar dano real. Cada vez que Max dava um soco, Steven movia a luva ligeiramente para frente para encontrar o golpe — cada um aterrissando com um estalo nítido e satisfatório.

Eles continuaram assim, e o que mais impressionou Steven não foi apenas a técnica de Max, foi sua mentalidade. Max não parava de se esforçar, mesmo quando estava claro que estava exausto. Mas a parte mais intensa? Aquele olhar em seus olhos — como se estivesse lutando contra algo muito maior do que apenas um saco de pancadas.

Quando finalmente terminaram, Steven deixou os braços caírem ao lado do corpo, ainda recuperando o fôlego pelo ritmo.

"Com as habilidades que você tem, poderia ir longe — poderia ser um campeão mundial!" Steven de repente gritou, olhos arregalados de empolgação. "Estou falando sério! Vamos fazer de você um campeão mundial!"

"Campeão mundial?" Max repetiu, respirando com dificuldade enquanto tirava as luvas das mãos. "Não, obrigado. Não estou interessado nisso."

E assim, todas as esperanças e sonhos de Steven pareceram despencar no tatame.

"Como assim?" perguntou Steven, perplexo. "Pense nisso — ser um campeão mundial significa prestígio! Seu nome em luzes, em livros de história! Você seria lembrado para sempre. E não se esqueça do dinheiro! Você estaria garantido para a vida toda!"

Para Max, nenhuma dessas coisas — fama, glória, dinheiro — importava para ele. Ele já tinha riqueza mais que suficiente. Sua vida já estava por um fio, cercada de perigo a cada esquina. A última coisa que ele precisava era de mais atenção. Tudo o que ele realmente queria era chegar à verdade.

"Então por que você está aqui?" Steven perguntou, confuso. "Por que treinar assim todos os dias? E como você pode simplesmente jogar fora seu talento natural? Mesmo que sua técnica não seja perfeita, a maneira como você transfere seu peso para os socos — cara, alguém do seu tamanho não deveria bater tão forte, mas você bate."

Não era a primeira vez que Max ouvia algo assim. Muitas pessoas com quem ele havia lutado no passado tinham dito exatamente a mesma coisa — geralmente depois que estavam se levantando do chão.

"Não estou fazendo isso por algum grande motivo," Max respondeu, já na metade do caminho para fora da academia. "Olha, não peço muito, certo? Apenas mantenha seu telefone por perto caso eu precise de você."

"Droga. Droga!" Steven gritou, a frustração transbordando enquanto ele girava e lançava um chute pesado direto em um dos sacos pendurados. O saco balançou violentamente, as correntes chacoalhando enquanto o peso se deslocava com a força do golpe.

Max ouviu o baque alto e virou a cabeça para trás. Pela janela, ele viu o saco de pancada balançando como louco. Foi um chute poderoso — mais força do que a maioria conseguiria — e naquele momento, uma ideia começou a se formar em sua mente.

"Quanto?" Max perguntou.

Steven piscou surpreso. "Quanto...? Você já está me pagando. O que você está pedindo — o preço de um título? Está interessado em se tornar profissional afinal?" Seu sorriso voltou ao rosto com um toque de empolgação.

Mas Max não sorriu. Ele permaneceu imóvel, seus olhos sérios.

"Não," Max respondeu. "Quanto custaria... para pagar você para cuidar de alguém para mim?"