Colocando Max no Inferno

Steven enfiou o dedo mindinho na orelha e girou, meio convencido de que tinha ouvido errado.

"Espera... o que você acabou de dizer? Você realmente me pediu para cuidar de alguém?"

Max não se abalou. Ele apenas olhou fixamente para frente, com os olhos fixos em Steven, esperando uma resposta.

"Ei, você precisa tomar cuidado com o jeito que diz coisas assim," Steven murmurou, olhando instintivamente ao redor da academia vazia. "Você diz algo assim, e quase parece que quer que eu..." Ele baixou a voz. "Mate alguém."

Isso fez Max rir, e não foi uma risadinha — foi uma gargalhada completa que ecoou pela academia. Dado o contexto, fez ele parecer completamente desequilibrado.

"Não, não estou pedindo para você ir tão longe," Max disse enquanto o riso diminuía. "Só quero que você dê uma surra em alguém. Alguns golpes bem dados aqui e ali — alguém da minha escola."

As sobrancelhas de Steven se juntaram. "Você quer que eu bata em uma criança?"

Ele balançou a cabeça. Com base no que tinha visto de Max até agora, o pedido não fazia muito sentido. O garoto claramente sabia se virar. Ainda assim, Steven tinha alguns palpites. Talvez Max estivesse sendo intimidado na escola, e essa fosse sua maneira de revidar.

Mas se isso fosse verdade... então quem diabos eram esses valentões?

"Sinto muito... eu só... não acho que posso fazer isso," Steven finalmente disse, balançando a cabeça. "Bater em alguém que nem conheço? Alguém com quem não tenho nenhum problema pessoal? Isso simplesmente não é quem eu sou. E além disso... estamos falando de um adolescente. Um garoto de 17 anos. Não acho que conseguiria fazer algo assim."

Max deu um pequeno aceno. Ele tinha obtido a resposta que procurava — nem desapontado, nem surpreso. Se é que havia algo, ele estava apenas curioso. Curioso para ver o que alguém como Steven, com habilidade real, diria quando confrontado com uma situação como essa.

Porque Max não estava pensando apenas no hoje.

Ele estava pensando no futuro — sobre a Gangue do Tigre Branco. Sobre enfrentar o próprio império que ele havia construído do zero. Era uma força grande demais para enfrentar sozinho. E Max não tinha o luxo do tempo para construir relacionamentos profundos e significativos. Não mais.

Então, em vez disso, ele queria testar algo.

Até onde o dinheiro realmente pode me levar?

Afinal...

Você disse que o dinheiro é o que governa o mundo.

Foi por isso que fui traído, certo?

Com esses pensamentos, Max enfiou as mãos nos bolsos e se virou.

Steven, ainda observando-o, sentiu seu telefone vibrar. Depois novamente. E novamente. Notificações iluminaram a tela — várias mensagens de pessoas e empresas diferentes, todas aparecendo em rápida sucessão.

[Seu empréstimo está atrasado.]

[Sua dívida foi para cobrança.]

[Se você não nos pagar, sabe o que vai acontecer com você.]

Steven olhou fixamente para a tela, apertando o telefone com mais força. Lentamente, seus olhos se ergueram em direção a Max, que estava prestes a sair pelas portas da academia.

"Mas!" Steven gritou de repente. "Depende do valor... afinal, tudo tem um preço."

Max nem olhou para trás. Continuou andando, um pequeno sorriso surgindo em seu rosto.

'Com certeza tem.'

Steven ficou paralisado no meio de sua academia vazia.

"...Espera, ele nem vai fazer uma oferta? Foi tudo só para mexer com a minha cabeça?!"

Quando Max finalmente voltou para casa, ele pegou seu telefone e começou a revisar as informações que havia reunido até agora — tentando juntar os fragmentos da vida de Max Stern. Ele estava procurando padrões, conexões, qualquer coisa que o ajudasse a entender por que as coisas tinham acontecido daquela maneira.

Ele havia conhecido algumas pessoas até agora, mas nenhuma delas explicava tudo.

Até agora, só consegui encontrar uma pessoa da lista.

E sei que no momento em que eu agir, as coisas vão sair do controle. Vai ficar complicado rapidamente. Preciso encontrar mais nomes antes de fazer qualquer coisa — pelo menos até que este corpo esteja forte o suficiente para lidar com o que está por vir.

O dia seguinte chegou, e Max estava de volta à escola — o lugar temido que distorceu a vida de Max Stern.

Assim que entrou na sala de aula, seus olhos se fixaram em Sam.

Ele havia sido empurrado para o fundo da sala.

De novo.

Joe e Mo seguravam cada um uma caneta permanente preta, rabiscando por toda a camisa branca do uniforme de Sam. Eles estavam principalmente desenhando duas bolas e um longo eixo — achando que eram absolutamente hilários.

Pelo menos, Ko achava. Ele estava dobrado sobre sua carteira, rindo alto.

"Ha! Que tela perfeita. Honestamente, eu diria que acabamos de aumentar o valor da sua camisa em cinquenta por cento," Ko zombou.

Lágrimas se formaram nos olhos de Sam. Ele não chorou em voz alta, mas estava claro o quanto isso o machucava. Ele sabia que nem ele nem sua família podiam pagar por um novo uniforme.

"Aww, o Porquinho está chateado?" Ko provocou. "Qual é o problema? Não fazem camisas grandes o suficiente para o seu tamanho?"

Ele então se virou para olhar atrás dele — seus olhos pousando em Max, que acabara de entrar na sala de aula.

"Joe, acho que precisamos de uma tela nova, não acha?" Ko sorriu.

Joe não hesitou. Ele caminhou em direção a Max, estendendo a mão para agarrar um punhado de sua camisa — como sempre.

Mas desta vez, Max afastou a mão sem pensar.

"Não me toque," Max disparou.

Joe piscou, atordoado. "Que diabos? Você acabou de... responder para mim? E afastou minha mão?!"

Droga, Max pensou. Agi por instinto... Acabei de entrar, e já escorreguei. Isso é exatamente o que eu teria feito antes. Merda — não posso agir agora. Não na frente de todo mundo.

"Você não vai dizer nada?!" Joe gritou antes de desferir um chute direto no estômago de Max.

O impacto tirou o ar dele enquanto ele caía de joelhos. Sem pausa, Joe agarrou Max pelo cabelo, puxando-o para cima e arrastando-o pelo chão da sala de aula.

"Você não ouviu o que Ko disse? Vocês dois são nossos servos. Vocês não podem nos desafiar!"

Com isso, ele jogou Max do outro lado da sala, soltando seu aperto. Max bateu na parede dos fundos.

Lentamente, Max limpou a sujeira de seu uniforme e se moveu para ficar ao lado de Sam novamente.

"O que diabos é isso?" Ko disse de seu assento, apertando os olhos em direção ao fundo da sala de aula. "Que porra é essa expressão no seu rosto?"

Neste momento, Max estava fazendo tudo o que podia para se conter. Cada fibra em seu corpo gritava para agir — mas ele sabia que se explodisse agora, tudo o que havia construído poderia desmoronar. Ainda assim, sua fúria estava estampada em seu rosto enquanto ele encarava os três.

"Parece que temos um rebelde," Ko zombou. "Sabe, temos sido um pouco leves com o Sam ultimamente. Talvez você tenha esquecido seu lugar. Joe — que tal lembrarmos ele com algo especial? Uma surra tão forte que ele vai desejar estar no inferno."