Max seguiu Ko e seus comparsas enquanto eles saíam despreocupadamente da cantina, ainda rindo, ainda brincando como se nada tivesse acontecido.
Como se humilhar alguém fosse apenas parte da rotina deles. Seus passos aceleraram. Seus punhos estavam cerrados com força, os nós dos dedos tensos a cada passo.
Eu não entendo, Max, ele pensou, a frustração fervendo dentro dele. Se essa era sua vida diária... por que você não fez nada? Por que não pediu transferência? Revidou? Subornou alguém — qualquer coisa?
Ele se lembrou do vídeo.
Você disse que ia revidar.
Aqueles hematomas eram disso? Você finalmente explodiu? Foi isso que te levou ao hospital?
O maxilar de Max se contraiu.
Me desculpe, Max Stern. Se essa é a vida que você viveu, eu te respeito... mas essa não é a vida que posso viver por você. Não posso simplesmente ficar sentado e aceitar.
Mais à frente, Ko e seus amigos estavam passando pelas portas duplas. Max avançou, sua visão se estreitando enquanto fixava nas costas de Ko.
Mais perto.
Sua mão se estendeu, pronta para agarrá-lo, mas justo quando seus dedos roçaram o ombro de Ko—
Alguém agarrou seu pulso por trás. Com firmeza. Parando-o completamente.
Ele sentiu-se puxado para trás. Então, antes que pudesse reagir, foi arrastado para uma das salas de aula próximas. Vazia. A porta se fechou com força atrás deles.
Tudo que Max conseguia ver no início era a parte de trás da cabeça de uma garota — seu cabelo longo balançando levemente enquanto ela soltava seu braço com um movimento brusco.
Aquele cabelo... ela parece familiar...
Ela se virou, braços cruzados firmemente sobre o peito, sobrancelhas franzidas.
"Que diabos foi aquilo lá atrás?" ela exigiu.
E no momento em que Max viu seu rosto, tudo fez sentido.
Sheri Curts.
O nome o atingiu como um banho de água fria.
Certo. Aron me falou sobre ela — minha ex-noiva. De uma família rica que agora está... desmoronando. Ela também estava na festa dos Stern. As coisas devem estar realmente ruins se ela acabou nesta escola.
"Do que você está falando?" Max perguntou, mantendo um tom calmo.
"Estou falando do que quer que você estivesse prestes a fazer no corredor," disse Sheri. "Você acha que confrontar Ko vai resolver alguma coisa?"
Seu olhar se intensificou.
"Se você for contra ele, tudo que vai conseguir é ser humilhado. De novo. E quando isso acontecer, reflete em mim também."
"É mesmo?" Max respondeu, erguendo uma sobrancelha. "Pelo que sei, nós dois não temos mais um relacionamento."
Com isso, Sheri virou a cabeça para o lado.
Max não conseguia ver sua expressão, mas quando ela finalmente olhou de volta, seu rosto estava tão tenso quanto antes — olhos estreitados, mandíbula rígida.
"Isso é humilhante," ela disparou. "Tudo isso. O que aconteceu na cantina? Ver você sendo tratado como um cachorro de rua? Você tem noção de como isso reflete em mim?"
Ela jogou as mãos para cima em frustração.
"Eu estava noiva de você, lembra? Se isso um dia vazar — se as pessoas descobrirem que eu estava ligada a essa versão de você?" Ela se interrompeu com um rosnado, então girou sobre os calcanhares e saiu tempestuosamente da sala.
Max soltou uma risada silenciosa depois que ela se foi.
"Ela me impediu porque achou que sabia o que eu estava prestes a fazer. Como se estivesse preocupada que eu me machucasse ou algo assim." Ele balançou a cabeça. "Ela não tem ideia de quem eu realmente sou. Mesmo neste corpo... eu poderia derrubar Ko e seus capangas sem nem suar."
Ainda assim, algo sobre o jeito que Sheri tinha agido permaneceu em sua mente.
Ela não parecia odiá-lo — não completamente.
Eles frequentavam a mesma escola. Ela devia saber sobre o nome falso. E ainda assim... ela não tinha dito nada.
Nós estávamos noivos, então quão próximos éramos realmente?
Ela poderia ter sido a pessoa perfeita para perguntar sobre sua vida antiga — se ela não fosse tão difícil de conversar.
O nome dela não estava no vídeo... nem na lista também.
Talvez isso seja um bom sinal.
Quando Max saiu da sala de aula vazia, percebeu que grande parte de sua raiva havia desaparecido.
Avançar contra Ko e seus capangas no corredor teria sido imprudente. Sem plano, sem apoio, e nada a ganhar exceto atenção — e isso era a última coisa que ele precisava agora.
Ainda havia apenas uma pessoa da lista que ele havia identificado. E pelo que o vídeo insinuava, nem mesmo o verdadeiro Max havia descoberto quem era o responsável final por tudo.
Um nome resolvido. Vários para ir. E ainda sem pista de quem é a verdadeira ameaça.
Ele continuou andando, tentando clarear seus pensamentos, quando de repente —
Uma garota se colocou diretamente em seu caminho.
Ela tinha um rabo de cavalo alto, olhos grandes e ansiosos, e uma pilha de livros pressionados contra o peito.
"Hm... Max," ela disse suavemente, olhando nervosamente por cima do ombro. "Podemos conversar?"
Max piscou.
Não é bom. Nada bom. Outra pessoa que conhece o Max, e eu não tenho a menor ideia de quem ela é.
"Ah, na verdade — estou meio com pressa. Preciso voltar para a aula," ele disse, tentando desviar dela.
E sério, o que está acontecendo com garotas aparecendo aleatoriamente na minha vida? O Max era secretamente um ímã ou algo assim?
"Eu só... estou realmente preocupada com você," ela disse.
Os olhos de Max baixaram para o livro no topo da pilha dela. Rabiscado em uma caligrafia caprichada na frente: Abby.
Ok. Nome registrado. Agora... quem diabos é Abby?
"Quer dizer... você acabou no hospital," Abby disse, sua voz mal passando de um sussurro. "Teve que ser por causa deles, certo? As coisas só têm piorado para você. Eu vi o que aconteceu na cantina—"
Suas palavras começaram a tremer, seus olhos marejados.
"Estou com medo, Max. Se eles continuarem te pressionando assim... Se te pressionarem demais..."
Uma lágrima escorreu pelo seu rosto.
Max apenas olhou para ela por um segundo.
Como... como o Max original lidava com isso?
Apesar da vida de merda que ele vivia, de alguma forma ele tinha uma garota como Abby que se importava genuinamente com ele.
Eles estavam juntos? Costumavam estar? Ele a rejeitou?
O Aron não teria me contado algo assim?
Abby limpou o rosto com a manga do seu cardigã, então deu um passo mais perto.
"Eu só — se algo tivesse acontecido com você, e eu nunca mais pudesse te ver..." Sua voz falhou. "Por que você não me deixa te ajudar? Por que você nunca fala comigo?"
Ela apertou os livros com mais força contra o peito. "Se você precisar de qualquer coisa... qualquer coisa mesmo, é só me pedir, ok?"
Max engoliu em seco.
O problema é, querida Abby... eu nem sei quem você é.
Ele ofereceu um sorriso suave e desajeitado. O tipo que dizia obrigado, sem revelar a verdade que ele estava morrendo para esconder.
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O submundo tinha sua própria maneira de se manter conectado.
Notícias nesse mundo não se espalhavam por manchetes ou coletivas de imprensa — passavam em sussurros, mensagens de texto e medo. Muito antes de qualquer coisa chegar ao público, aqueles no jogo já sabiam.
E ultimamente, uma notícia em particular estava ecoando pelas sombras.
O Tigre Branco estava morto.
"O Tigre Branco se foi? Isso não é possível — como alguém poderia derrotá-lo?"
"Estou falando sério! Ouvi dizer que ele uma vez derrotou cem caras sozinho."
"Pfft. Isso tem que ser um exagero."
"Não, cara — com os punhos nus. Os outros tinham armas. Todas as gangues conhecem a história."
"Mesmo que isso seja exagerado, você não pode negar as outras coisas. Dizem que ele foi traído. Apunhalado pelas costas."
"É isso que é assustador. Se ele pôde ser eliminado assim..."
"Estou te dizendo, se o Tigre Branco ainda estivesse respirando, apenas sua presença seria suficiente para destruir todas as gangues por aí."
"Não há uma única alma no submundo que ousaria enfrentá-lo. Eu vi como ele fica quando perde o controle. E acredite — ninguém quer estar por perto quando isso acontece."