Episódio 11

📘 Episódio 11 – O Jogo Sujo de Cléo

Narrado por Isadora Mendes

Na manhã seguinte, acordei com o coração acelerado e uma sensação estranha na garganta, como se algo estivesse prestes a engasgar meus dias.

Meu celular vibrava sem parar.

Quando abri o Instagram, vi que uma conta chamada @cleo_exposed tinha publicado um vídeo.

E no vídeo, Arthur aparecia gritando com alguém. A legenda dizia:

"Esse é o homem que ela diz amar?"

O vídeo já tinha mais de 4 mil visualizações.

Arthur me ligava insistentemente, mas eu não consegui atender.

Sentei na cama, cobri o rosto com as mãos e senti o mundo girar.

Na faculdade, os olhares começaram.

Sussurros nos corredores.

Pessoas que nunca tinham olhado na minha cara agora cochichavam ao me ver.

Encontrei Mariana, minha colega de Psicologia, perto do bebedouro.

— “Isa... tá tudo bem? Esse vídeo...”

— “Eu ainda não vi inteiro.”

— “É pesado. Parece antigo. Mas fora de contexto, qualquer um acreditaria que ele é um monstro.”

Balancei a cabeça.

— “Cléo tá jogando sujo. Mas eu não vou cair.”

Fui até a sala de aula.

Arthur já me esperava na porta.

— “Você viu, né?”

Assenti.

Ele passou a mão no cabelo, desesperado.

— “Esse vídeo é de 3 anos atrás. Foi numa briga com meu pai. A Cléo me filmou sem eu saber. Eu nunca toquei nela, nunca gritei com ela daquele jeito.”

— “Arthur, por que ela tinha esse vídeo?”

— “Porque ela usava essas gravações pra me manipular. Eu era refém emocional e nem percebia.”

Me aproximei dele, com o coração apertado.

— “A questão agora é: como a gente vai enfrentar isso juntos?”

Ele me olhou, aliviado.

— “Você quer mesmo ficar ao meu lado? Mesmo com tudo isso?”

— “Quero. Mas precisamos traçar uma linha. Essa guerra dela só termina quando a gente parar de dar palco.”

Arthur e eu marcamos uma reunião com um advogado.

Ele explicou que podíamos denunciar Cléo por difamação e uso indevido de imagem.

— “Se ela postar mais algo sem consentimento, podemos pedir remoção imediata e abrir processo.”

Foi nessa hora que Arthur segurou minha mão debaixo da mesa.

Foi firme. Caloroso.

E naquele momento… eu soube que estava fazendo a coisa certa.

No dia seguinte, Arthur me levou até o lugar mais inesperado: o abrigo onde ele fazia terapia em grupo com outros jovens.

— “Quero que você veja onde eu realmente mudei.”

Lá, conheci pessoas com histórias duras, mas com olhos cheios de vontade de se reconstruírem.

Arthur contou parte do que viveu com Cléo.

Não fugiu. Não se vitimizou.

Quando ele terminou, todos aplaudiram.

E eu, pela primeira vez, chorei de alívio.

Ao sairmos de lá, ainda com o pôr do sol iluminando nossos rostos, Arthur parou e disse:

— “Eu não quero esconder nada mais de você, Isa. Mesmo que doa. Mesmo que eu me envergonhe.”

Toquei o rosto dele com as duas mãos.

Meus olhos nos dele.

— “É isso que eu precisava ouvir. Verdade. Transparência.”

Ele sorriu, e então me beijou.

Um beijo calmo.

Sem pressa.

Como se o mundo pudesse esperar.

Naquela noite, fiz uma live no meu perfil.

Falei sobre exposição.

Sobre traumas.

E sobre como pessoas podem mudar.

— “A internet julga rápido. Mas a verdade demora pra se mostrar. Eu não vou justificar o passado de ninguém. Mas eu vou defender o direito de alguém ter um presente diferente.”

A live bateu mil espectadores em menos de 10 minutos.

Cléo mandou mensagem:

“Você quer mesmo guerra? Então se prepara.”

Eu apenas respondi:

“Não estou em guerra. Estou vivendo em paz. E isso te incomoda.”

Mas no dia seguinte…

Uma nova bomba.

Cléo havia publicado uma carta falsa assinada com meu nome, dizendo que eu sofria violência de Arthur e estava com medo.

A legenda era:

“Ela tentou fugir… mas o medo cala.”

Arthur me encontrou no estacionamento da faculdade. Estava pálido.

— “Ela vai acabar com tudo…”

— “Ela tá desesperada. Mas eu tô aqui, Arthur. E agora... a gente vai mostrar quem ela realmente é.”

Continua…