vamos caçar

A aliança entre o Lobo e o Leão, embora frágil, era a única esperança de expor a corrupção que se alastrava pela corte como uma doença insidiosa. Zhao Lin, o conselheiro imperial, era um homem astuto e influente, cercado por uma rede de aliados e informantes. Derrubá-lo exigiria um plano meticuloso, executado com precisão cirúrgica.No quarto de Wey Zong, iluminado apenas pela luz bruxuleante de uma lamparina a óleo, os dois homens debruçavam-se sobre um mapa de Chang'an, traçando estratégias e analisando as possíveis ramificações de cada movimento."Precisamos agir com discrição", disse Wey Zong, seus dedos deslizando sobre o pergaminho. "Um passo em falso e estaremos perdidos."Xu Zao, sentado à sua frente, concordou com um aceno de cabeça. "Zhao Lin tem olhos e ouvidos em todos os lugares." Precisamos nos mover nas sombras, como fantasmas."A tensão entre os dois ainda era palpável, uma corrente elétrica que percorria o ar, carregada de desconfiança e rivalidade. Mas, sob a superfície, uma nova dinâmica começava a se formar, uma mistura de respeito mútuo e uma compreensão tácita de que suas habilidades, por mais diferentes que fossem, se complementavam."Eu vou me infiltrar na rede de informantes de Zhao Lin," disse Xu Zao, sua voz baixa e determinada. "Usarei meus contatos no submundo para descobrir seus movimentos e seus planos."Wey Zong assentiu, seus olhos brilhando com um brilho astuto. "Enquanto isso, eu vou me concentrar em reunir mais provas contra ele." Preciso encontrar a ligação entre Zhao Lin e os artefatos roubados. Preciso descobrir quem são seus cúmplices e onde eles escondem suas mercadorias."O plano era ousado, perigoso, mas era a única chance que tinham de expor a verdade. Eles se moveriam em frentes diferentes, como duas peças de um jogo de xadrez, cada uma com seu próprio papel a desempenhar, cada uma com seus próprios riscos a correr.Nos dias que se seguiram, Xu Zao mergulhou no submundo de Chang'an, frequentando casas de jogo, tavernas e bordéis, buscando informações sobre Zhao Lin e seus aliados. Ele usava disfarces, mudava sua voz, alterava sua postura, transformando-se em um camaleão, adaptando-se a cada ambiente, a cada situação. A cada conversa, a cada encontro furtivo, ele coletava fragmentos de informação, pedaços de um quebra-cabeça que começava a se formar.Wey Zong, por sua vez, concentrou-se em desvendar a rota do contrabando. Ele visitou lojas de antiguidades, leiloeiros, colecionadores, buscando pistas sobre a origem dos artefatos roubados. Ele examinava cada peça com a minúcia de um ourives, procurando por marcas, inscrições, qualquer detalhe que pudesse revelar sua procedência. Sua busca o levou a um velho armazém nos arredores da cidade, um local abandonado, cercado por um muro alto e guardado por homens armados.É aqui que eles escondem as mercadorias, deduziu Wey Zong, observando o armazém à distância, seus olhos atentos a cada movimento, a cada sombra.Infiltrar-se no armazém não seria fácil. Ele precisaria de um plano, de uma distração, de uma oportunidade. E, mais uma vez, seus pensamentos se voltaram para Xu Zao.O Leão tem a força que me falta, pensou Wey Zong. Juntos, podemos derrubar essas paredes.Naquela noite, sob o manto da escuridão, Wey Zong e Xu Zao se encontraram em um beco deserto, próximo ao armazém. A tensão entre eles ainda era palpável, mas agora era acompanhada por uma camaradagem nascida da adversidade, da necessidade de confiar um no outro para sobreviver."Pronto, Lobo?", perguntou Xu Zao, sua voz baixa e rouca.Wey Zong assentiu, seus olhos brilhando com determinação. "Pronto, Leão. Vamos caçar."O plano era simples, mas arriscado. Xu Zao criaria uma distração, atraindo os guardas para longe do armazém, enquanto Wey Zong se infiltraria no local, procurando por provas que incriminassem Zhao Lin.Com a agilidade de um felino, Xu Zao escalou o muro do armazém e desapareceu nas sombras. Poucos minutos depois, um estrondo ecoou pela noite, seguido por gritos e o clangor de espadas. A distração estava funcionando.Wey Zong aproveitou a oportunidade e se esgueirou para dentro do armazém. O local era um labirinto de corredores escuros e empoeirados, repletos de caixas, baús e objetos de todos os tipos. Ele se movia com cautela, seus sentidos em alerta, procurando por qualquer sinal de perigo.Em uma sala no fundo do armazém, Wey Zong encontrou o que procurava. Pilhas de artefatos roubados, cuidadosamente embalados e etiquetados, estavam prontas para serem enviados para fora do império. Entre os objetos, ele encontrou um pequeno baú de madeira, trancado com um cadeado de ouro.Wey Zong arrombou o cadeado e abriu o baú. Dentro, encontrou um documento selado com o brasão imperial, uma carta escrita pelo próprio Zhao Lin, autorizando o transporte dos artefatos roubados. A prova definitiva.Finalmente, pensou Wey Zong, com um sorriso triunfante. O dragão imperial está encurralado.De repente, passos ecoaram pelo corredor. Wey Zong se escondeu atrás de uma pilha de caixas, seu coração batendo forte no peito. A porta da sala se abriu e um homem robusto, com uma cicatriz no rosto, entrou, seguido por dois guardas."Verifiquem tudo," ordenou o homem com a cicatriz. "Ele está nos distraindo, mas pode haver outros ratos se esgueirando por aqui."Wey Zong percebeu que estava em perigo. Precisava sair dali o mais rápido possível. Mas como?Do lado de fora, o som da luta se intensificava. Xu Zao estava enfrentando os guardas com a ferocidade de um leão, sua espada cortando o ar como um relâmpago. Mas quantos guardas haveria? E por quanto tempo ele conseguiria resistir?Wey Zong sabia que não podia ficar parado esperando para descobrir. Precisava agir. Precisava ajudar o Leão. E, acima de tudo, precisava proteger as provas que havia encontrado.Com a adrenalina correndo por suas veias, Wey Zong saiu de seu esconderijo, surpreendendo os homens na sala. A partir daí, uma luta frenética se iniciou, uma dança de sombras entre o Lobo e seus perseguidores, uma batalha pela verdade, pela justiça, e pela própria sobrevivência. O capítulo terminaria com essa cena de ação, deixando o leitor em suspense, sem saber o destino do Lobo e do Leão, e se eles conseguiriam escapar das garras do dragão imperial.