Capítulo 9 – Um Por Um

A taverna A Muralha Partida estava em silêncio àquela hora da madrugada. Lá dentro, Marl Roven, Sozinho, ria alto com os pés sobre a mesa, cuspindo no chão e contando moedas roubadas.

1. Marl Roven – O líder

Hiro o observava da janela lateral, encostado nas sombras.

A cicatriz sob o olho esquerdo, o hálito alcoólico que dava pra sentir do lado de fora.

A lembrança era clara: “Foi ele quem deu a ordem. Ele quem amarrou o pai. Ele quem riu quando a menina chorou.”

Entrou sem som. Ninguém notou.

Uma adaga de aço negro na mão.

Marl ainda ria, até sentir algo gelado em sua boca.

Virou-se. Hiro estava ali. Silencioso. Os olhos vazios como a morte.

— Você… quem—

Cortou a garganta de Marl, mas manteve a boca dele tampada.

Sem gritos. Sem heroísmo.

Apenas sangue.

Deixou o corpo cair no chão da taverna, jogando a cadeira por cima para parecer uma briga de bêbados.

2. Darg Velm – o incendiário

Do lado de fora, perto do estábulo, um brutamontes urinava num balde. Ria sozinho, cantarolando uma música obscena.

Carregava um anel com símbolo de chama – Darg, o incendiário.

Foi ele quem espalhou o óleo.

Foi ele quem acendeu o fósforo.

Hiro apareceu atrás dele como uma sombra.

Reforçou os braços com Aura e usou a própria corda da calça de Darg para enforcá-lo.

Demorou.

E Hiro fez questão de não apressar.

Queria que ele sentisse.

Queria que ele entendesse, mesmo no último segundo, do que iria fazer

Quando o corpo caiu, Hiro sussurrou:

— Ela gritou, e você riu.

3. Kelso – o estuprador

Kelso dormia no porão da taverna.

Nu, coberto de sujeira, babando no travesseiro.

Tinha tatuagens obscenas nas costas.

Hiro conhecia o rosto dele. Decorara.

Ele foi o primeiro.

Colocou um pano molhado com pó de dormência no rosto dele.

Kelso acordou, tonto, preso a uma cadeira.

Estava no fundo de um barracão abandonado.

— Quem… quem tá aí?! ME SOLTA! EU TENHO AMIGOS—

Hiro ficou em silêncio.

Apenas aqueceu lentamente a lâmina em brasas.

A dor não foi imediata.

Mas o desespero, sim.

Kelso gritou até não ter mais garganta.

Morreu sem os olhos.

Morreu como um verme.

E Hiro saiu dali sem uma palavra.

4. Bram – o covarde

Bram tentou fugir. Sentiu algo errado.

Viu Marl morto, Darg desaparecido.

Correu até os becos de Lucien.

Mas Hiro já o esperava.

Sabia por onde ele fugiria.

Havia marcado cada passo antes mesmo da caçada começar.

Bram correu por dez minutos.

Hiro andou por cinco.

Quando o pegou, não correu.

Apenas atirou uma faca na perna.

Depois outra no ombro.

Bram caiu, chorando.

— Eu só sigo ordens, foi o Marl! Foi ele, por favor—

Hiro olhou nos olhos dele.

Sem raiva.

Só certeza.

— Obedecer o mal é ser cúmplice dele.

Cortou-lhe a língua. Depois a garganta.

5. Tovin – o silencioso

O último era Tovin. O mais discreto.

Não ria. Não matava. Mas segurou a porta.

Não salvou ninguém.

Era guarda de taverna, disfarçado.

Naquela noite, estava em serviço.

Aparentemente inocente.

Hiro entrou sem armas visíveis.

— Boa noite, Tovin.

O homem arregalou os olhos.

— Como sabe meu nome?!

Hiro sorriu. Um sorriso frio.

— Porque no futuro, você assistiu. E não fez nada.

Um golpe na garganta. Uma punhalada certeira no coração.

Tovin caiu sem fazer barulho.

Cinco corpos. Cinco mortes.

Hiro saiu de Lucien ao amanhecer, antes que o sol tocasse os telhados.

Não deixou pistas. Não quis reconhecimento.

Os Ouroboros foram apagados da linha do tempo.

O massacre nunca aconteceria.

Mas mesmo com isso, Hiro não sorriu.

Não se sentiu melhor.

Não se sentiu herói.

Apenas… menos sujo que eles.