A taverna A Muralha Partida estava em silêncio àquela hora da madrugada. Lá dentro, Marl Roven, Sozinho, ria alto com os pés sobre a mesa, cuspindo no chão e contando moedas roubadas.
1. Marl Roven – O líder
Hiro o observava da janela lateral, encostado nas sombras.
A cicatriz sob o olho esquerdo, o hálito alcoólico que dava pra sentir do lado de fora.
A lembrança era clara: “Foi ele quem deu a ordem. Ele quem amarrou o pai. Ele quem riu quando a menina chorou.”
Entrou sem som. Ninguém notou.
Uma adaga de aço negro na mão.
Marl ainda ria, até sentir algo gelado em sua boca.
Virou-se. Hiro estava ali. Silencioso. Os olhos vazios como a morte.
— Você… quem—
Cortou a garganta de Marl, mas manteve a boca dele tampada.
Sem gritos. Sem heroísmo.
Apenas sangue.
Deixou o corpo cair no chão da taverna, jogando a cadeira por cima para parecer uma briga de bêbados.
2. Darg Velm – o incendiário
Do lado de fora, perto do estábulo, um brutamontes urinava num balde. Ria sozinho, cantarolando uma música obscena.
Carregava um anel com símbolo de chama – Darg, o incendiário.
Foi ele quem espalhou o óleo.
Foi ele quem acendeu o fósforo.
Hiro apareceu atrás dele como uma sombra.
Reforçou os braços com Aura e usou a própria corda da calça de Darg para enforcá-lo.
Demorou.
E Hiro fez questão de não apressar.
Queria que ele sentisse.
Queria que ele entendesse, mesmo no último segundo, do que iria fazer
Quando o corpo caiu, Hiro sussurrou:
— Ela gritou, e você riu.
3. Kelso – o estuprador
Kelso dormia no porão da taverna.
Nu, coberto de sujeira, babando no travesseiro.
Tinha tatuagens obscenas nas costas.
Hiro conhecia o rosto dele. Decorara.
Ele foi o primeiro.
Colocou um pano molhado com pó de dormência no rosto dele.
Kelso acordou, tonto, preso a uma cadeira.
Estava no fundo de um barracão abandonado.
— Quem… quem tá aí?! ME SOLTA! EU TENHO AMIGOS—
Hiro ficou em silêncio.
Apenas aqueceu lentamente a lâmina em brasas.
A dor não foi imediata.
Mas o desespero, sim.
Kelso gritou até não ter mais garganta.
Morreu sem os olhos.
Morreu como um verme.
E Hiro saiu dali sem uma palavra.
4. Bram – o covarde
Bram tentou fugir. Sentiu algo errado.
Viu Marl morto, Darg desaparecido.
Correu até os becos de Lucien.
Mas Hiro já o esperava.
Sabia por onde ele fugiria.
Havia marcado cada passo antes mesmo da caçada começar.
Bram correu por dez minutos.
Hiro andou por cinco.
Quando o pegou, não correu.
Apenas atirou uma faca na perna.
Depois outra no ombro.
Bram caiu, chorando.
— Eu só sigo ordens, foi o Marl! Foi ele, por favor—
Hiro olhou nos olhos dele.
Sem raiva.
Só certeza.
— Obedecer o mal é ser cúmplice dele.
Cortou-lhe a língua. Depois a garganta.
5. Tovin – o silencioso
O último era Tovin. O mais discreto.
Não ria. Não matava. Mas segurou a porta.
Não salvou ninguém.
Era guarda de taverna, disfarçado.
Naquela noite, estava em serviço.
Aparentemente inocente.
Hiro entrou sem armas visíveis.
— Boa noite, Tovin.
O homem arregalou os olhos.
— Como sabe meu nome?!
Hiro sorriu. Um sorriso frio.
— Porque no futuro, você assistiu. E não fez nada.
Um golpe na garganta. Uma punhalada certeira no coração.
Tovin caiu sem fazer barulho.
Cinco corpos. Cinco mortes.
Hiro saiu de Lucien ao amanhecer, antes que o sol tocasse os telhados.
Não deixou pistas. Não quis reconhecimento.
Os Ouroboros foram apagados da linha do tempo.
O massacre nunca aconteceria.
Mas mesmo com isso, Hiro não sorriu.
Não se sentiu melhor.
Não se sentiu herói.
Apenas… menos sujo que eles.