A manhã era clara, e o sol se infiltrava pelas janelas arqueadas da sala da Classe Elite.
Tudo ali era diferente.
Desde o piso de mármore polido até as carteiras feitas de carvalho escuro com detalhes entalhados à mão. Era um ambiente feito para os escolhidos, os herdeiros da nobreza, prodígios abençoados com magia e talento desde o nascimento.
E agora, Hiro Tanaka... cruzava a porta.
O burburinho cessou. Todos os olhos se voltaram para ele.
Alguns com tédio.
Outros com desdém.
Poucos com curiosidade.
Sakura Minazuki o observava com seus olhos vermelhos afiados. Ela lembrava muito bem do teste de admissão.
“Ele ignorou aquela pressão mágica como se não fosse nada. Nem mesmo eu consegui fazer isso sem esforço.”
Ela apertou o punho.
Ela havia conseguido os cinco passos. Mas ele... ele foi além.
Saori Kurosawa, por sua vez, torceu os lábios em um sorriso venenoso.
Ela já havia ouvido os rumores. Um plebeu na Classe Elite. Um absurdo.
E para piorar, diziam que ele dominava quatro elementos, como ela.
Ela se virou em sua cadeira, com aquele olhar provocativo e arrogante.
— Ei, você aí... disse, com a voz carregada de sarcasmo. Hiro, não é? Que Casa nobre você representa? Nunca ouvi falar de uma chamada Tanaka.
A sala ficou em silêncio.
Hiro parou, tranquilo.
— Não represento nenhuma Casa. Sou plebeu.
O sorriso de Saori se alargou. Veneno puro.
— Ah... plebeu. Ela deu uma risadinha debochada. O que será que os instrutores estavam pensando? Deixar um lixo desses entrar na Classe Elite só porque teve sorte no teste? Isso é uma piada?
Alguns alunos riram.
Outros apenas ignoraram.
Mas Hiro? Ele apenas caminhou até o assento vazio no fundo da sala. Sem responder. Sem reagir.
Sentada próxima à janela, Yumi Kazehara virou o rosto na direção dele, os olhos verdes se iluminando.
Ela acenou com suavidade, um gesto tímido, mas genuíno.
Ela o havia visto no portão da Academia, no dia da chegada. Enquanto todos os alunos se reuniam, ele estava de pé, sozinho, olhando para a Academia com um olhar calmo e melancólico.
Ela não sabia por quê... mas sentiu algo diferente nele.
Uma quietude que a atraía.
No canto oposto da sala, sentada com postura impecável, Hikari von Richter o observava em silêncio.
Sua expressão era impassível.
Mas seus olhos... estudavam cada movimento de Hiro.
“Ele não vacilou diante da pressão do instrutor. Isso não é normal.”
A maioria achava que ele havia tido sorte.
Hikari sabia que sorte não explicava aquilo.
O instrutor entrou na sala logo em seguida. Almir Graef, o mesmo do teste.
Olhos afiados como lâminas. Aura de autoridade esmagadora.
Ele caminhou até o centro da sala e disse com voz grave:
— Bem-vindos à Classe Elite da Academia Arcadia. A sala onde a nobreza molda o futuro... e onde os plebeus, se sobreviverem, talvez se tornem algo mais.
Seu olhar se demorou um segundo a mais sobre Hiro.
E então, a aula começou.
Mas mesmo com as palavras do instrutor ecoando, a atenção de todos ainda estava voltada para o plebeu que ousou tocar o instrutor durante o teste.
O plebeu que não parecia se encaixar ali... mas que ninguém conseguia ignorar.