A tarde caiu dourada sobre a Academia Arcadia, e os alunos da classe elite retornavam ao salão principal após o intenso treino físico. O ambiente estava mais silencioso que o habitual — o episódio entre Sakura e Hikari ainda ecoava entre cochichos e olhares cruzados.
O professor de Teoria Avançada de Estratégias Mágicas, um homem idoso de voz calma e presença firme, ajeitou os óculos e bateu com a bengala no chão de mármore.
— Abriremos o módulo de pesquisa prática. Duplas, como sempre, serão sorteadas.
Ele começou a ler os pares. Murmúrios iam crescendo conforme nomes iam sendo chamados — até que o professor anunciou:
— Hiro Tanaka e Yumi Kazehara.
O silêncio caiu como um feitiço de paralisia.
Alguns alunos arregalaram os olhos. Outros franziram a testa. Uma garota da fileira da frente sussurrou, audível o suficiente:
— O lixo do interior... com a Santa?!
— Como assim? Ela vai desperdiçar tempo com ele?
— Talvez o professor tenha se confundido...
Yumi Kazehara, que estava sentada com as mãos unidas sobre a mesa, congelou. O nome de Hiro junto ao dela ecoou na mente como um trovão em câmera lenta.
Ela olhou em sua direção — ele já estava a encarando.
O coração dela deu um pulo. Literalmente.
Seu rosto ficou vermelho até as orelhas.
Ela se levantou devagar, passos quase ensaiados, mas cada vez mais incertos à medida que se aproximava da carteira de Hiro.
Hiro, calmo como sempre, apenas puxou a cadeira ao lado.
— Parece que somos uma dupla.
A voz dele era baixa, mas direta.
Yumi sentou-se com movimentos contidos, tentando parecer serena, mesmo que sentisse o coração martelando como uma marcha de guerra no peito.
— S-sim… p-parece que sim.
Ela gaguejou. Fechou os olhos por um segundo.
Respira. Controle-se. Ele só é… um aluno. Um colega. Um...
Ela olhou de novo para ele — os olhos intensos, a postura relaxada, o tom calmo.
Ele é só um colega.
Ela desviou os olhos imediatamente, apertando os dedos sob a mesa.
— Por que eu estou tão nervosa...? Isso nunca aconteceu antes...
Do fundo da sala, Hikari von Richter observava com um sorriso enviesado.
— A santa… está com vergonha perto ele?
Ela soltou um riso abafado e recostou a cabeça na parede, os olhos como fendas escuras fixos em Yumi e Hiro.
Saori, mais à frente, bufou alto o suficiente para ser ouvida.
— Esse sorteio só pode ter sido manipulado!
O orgulho ferido ainda pulsava nela, mas ver Hiro ao lado da figura mais pura do mundo era o bastante pra quase fazê-la explodir.
Sakura, por outro lado, manteve o olhar afiado sobre a dupla.
Mas dessa vez, ela não estava tentando julgar Hiro apenas como um guerreiro.
Ela queria entender por que todos os olhos estavam se voltando pra ele... inclusive os da Santa.