Capítulo 54 — Ecos do Passado

A luz do fim da tarde pintava os vitrais da Academia Arcadia com tons dourados e carmesim. Na sala da diretoria, o diretor Caelan Drayven, de expressão cortante e postura ereta, mantinha os olhos fixos no relatório recém-assinado.

— Um Raksha... — ele repetiu, a voz como uma lâmina fria. — Um Voidborn de classe bestial surgindo em território seguro… e eliminado por um único aluno?

O supervisor da missão engoliu seco.

— S-sim… e não foi qualquer aluno. Foi Hiro Tanaka, da Classe Elite.

Drayven recostou-se lentamente em sua cadeira de ébano negro. Seus dedos se entrelaçaram sobre a mesa.

— Isso não faz sentido. Rakshas não são apenas raros. Eles desapareceram deste continente há mais de trezentos anos. Não há registros recentes, muito menos de combate direto…

— E esse aluno… ele o derrotou em segundos, senhor.

Um silêncio pesado pairou. Então o diretor falou com gravidade:

— Monitoramento total. Não tirem os olhos dele.

Na sala da Classe Elite, Saori Kurosawa estava sentada, braços cruzados, com a expressão de alguém que acabara de ser atropelada por uma carroça carregada de perguntas.

— ...como. Diabos. — ela sussurrou, encarando Hiro do outro lado da sala. — Como um plebeu… um aleatório qualquer… tem três círculos mágicos, estágio três de aura… e matou a porra de um Raksha.

Ela lembrava do momento com clareza cruel. O Voidborn surgiu. Ela congelou. O terror tomou conta. E então…

Hiro se moveu.

Não com medo, nem hesitação. Com ódio. Com conhecimento. Narrando fraquezas e pontos como um veterano de guerra.

Ela apertou os punhos, mas não de raiva, mas sim por ter achado o Hiro legal, enquanto lutava.

— Esses monstros não são catalogados… nem os professores saberiam como lidar… então como esse maldito sabia?

A tarde, no Campo de treino da Classe Elite, Sakura avançava com sua odachi, mas seus movimentos estavam desajeitados. Hiro observava, de braços cruzados.

— Você está segurando como uma pá, de novo.

— Tsc…

— Sua base está aberta. Está lutando com os ombros, não com o quadril. De novo.

— EU JÁ TENTEI! — ela explodiu.

— E falhou. De novo. Então tente certo.

Sakura cerrava os dentes. Era insuportável. Cada correção era um golpe no orgulho. Mas… era impossível negar: ele sabia o que fazia.

No alto do dormitório feminino, Hikari von Richter observava os dois, fria como uma estátua.

Seus olhos negros estavam cravados em Hiro.

“Frieza, método… e aquele olhar. Não é um estudante… é uma lâmina afiada.”

Ela apertou o parapeito com força.

“Quem é você, Hiro Tanaka?”

Mais afastadas, Yumi e Mari também observavam.

— Ela tá muito perto dele… — Yumi murmurou, abraçando um travesseiro cor-de-rosa contra o peito.

Mari estava sentada ao lado, lendo freneticamente um livro enorme com o título:

“47 Formas de Conquistar um Garoto — Volume 3: Situações de Ciúmes, Triângulos Amorosos e Duelos por Afeto!”

— YUMI-CHAN! Achei o capítulo perfeito pra você! “Como demonstrar ciúmes de forma fofa e eficaz sem parecer uma stalker!” — ela mostrou a página animadamente.

Yumi cobriu o rosto, completamente vermelha.

— Mari, por que eu deixei você me convencer a isso…?

— Porque o amor é uma guerra, Yumi-chan! E estamos no capítulo 18: “Armadilhas emocionais e testes de fidelidade!”

— …Isso é crime.