A luz do fim da tarde pintava os vitrais da Academia Arcadia com tons dourados e carmesim. Na sala da diretoria, o diretor Caelan Drayven, de expressão cortante e postura ereta, mantinha os olhos fixos no relatório recém-assinado.
— Um Raksha... — ele repetiu, a voz como uma lâmina fria. — Um Voidborn de classe bestial surgindo em território seguro… e eliminado por um único aluno?
O supervisor da missão engoliu seco.
— S-sim… e não foi qualquer aluno. Foi Hiro Tanaka, da Classe Elite.
Drayven recostou-se lentamente em sua cadeira de ébano negro. Seus dedos se entrelaçaram sobre a mesa.
— Isso não faz sentido. Rakshas não são apenas raros. Eles desapareceram deste continente há mais de trezentos anos. Não há registros recentes, muito menos de combate direto…
— E esse aluno… ele o derrotou em segundos, senhor.
Um silêncio pesado pairou. Então o diretor falou com gravidade:
— Monitoramento total. Não tirem os olhos dele.
Na sala da Classe Elite, Saori Kurosawa estava sentada, braços cruzados, com a expressão de alguém que acabara de ser atropelada por uma carroça carregada de perguntas.
— ...como. Diabos. — ela sussurrou, encarando Hiro do outro lado da sala. — Como um plebeu… um aleatório qualquer… tem três círculos mágicos, estágio três de aura… e matou a porra de um Raksha.
Ela lembrava do momento com clareza cruel. O Voidborn surgiu. Ela congelou. O terror tomou conta. E então…
Hiro se moveu.
Não com medo, nem hesitação. Com ódio. Com conhecimento. Narrando fraquezas e pontos como um veterano de guerra.
Ela apertou os punhos, mas não de raiva, mas sim por ter achado o Hiro legal, enquanto lutava.
— Esses monstros não são catalogados… nem os professores saberiam como lidar… então como esse maldito sabia?
A tarde, no Campo de treino da Classe Elite, Sakura avançava com sua odachi, mas seus movimentos estavam desajeitados. Hiro observava, de braços cruzados.
— Você está segurando como uma pá, de novo.
— Tsc…
— Sua base está aberta. Está lutando com os ombros, não com o quadril. De novo.
— EU JÁ TENTEI! — ela explodiu.
— E falhou. De novo. Então tente certo.
Sakura cerrava os dentes. Era insuportável. Cada correção era um golpe no orgulho. Mas… era impossível negar: ele sabia o que fazia.
No alto do dormitório feminino, Hikari von Richter observava os dois, fria como uma estátua.
Seus olhos negros estavam cravados em Hiro.
“Frieza, método… e aquele olhar. Não é um estudante… é uma lâmina afiada.”
Ela apertou o parapeito com força.
“Quem é você, Hiro Tanaka?”
Mais afastadas, Yumi e Mari também observavam.
— Ela tá muito perto dele… — Yumi murmurou, abraçando um travesseiro cor-de-rosa contra o peito.
Mari estava sentada ao lado, lendo freneticamente um livro enorme com o título:
“47 Formas de Conquistar um Garoto — Volume 3: Situações de Ciúmes, Triângulos Amorosos e Duelos por Afeto!”
— YUMI-CHAN! Achei o capítulo perfeito pra você! “Como demonstrar ciúmes de forma fofa e eficaz sem parecer uma stalker!” — ela mostrou a página animadamente.
Yumi cobriu o rosto, completamente vermelha.
— Mari, por que eu deixei você me convencer a isso…?
— Porque o amor é uma guerra, Yumi-chan! E estamos no capítulo 18: “Armadilhas emocionais e testes de fidelidade!”
— …Isso é crime.