A porta da sala se abriu com um rangido suave.
Hiro entrou como se nada tivesse acontecido, os olhos semicerrados, passos firmes, a expressão neutra de sempre. A claridade da manhã atravessava a janela e refletia discretamente nos fios negros de seu cabelo, que dançavam com o vento.
Vários alunos o olharam com curiosidade, cochichos discretos pipocaram aqui e ali.
— É o Tanaka…
— Ele foi chamado pelo diretor, né?
— Vai ver ele aprontou… ou impressionou?
Yumi quase derrubou o caderno da mesa.
Seus olhos estavam presos nos cabelos de Hiro, e o coração batia forte, descontrolado. Era idiota… era ridículo… mas…
“Por que o cabelo dele tá tão bonito assim hoje…?”
Mari, ao seu lado, cutucou discretamente com o cotovelo e sussurrou:
— Vai lá. Fala com ele. Antes que alguém fale primeiro.
Yumi arregalou os olhos, quase em pânico.
— E-eu?! M-mas…!
— Vai!
Impulsionada pela força das circunstâncias (e por um empurrão nada sutil da amiga), Yumi se levantou. Suas pernas estavam moles. Cada passo em direção a Hiro era como atravessar um campo minado emocional.
Hiro parou de andar quando a viu.
Ela se aproximou devagar, parecendo prestes a explodir.
— H-Hi… Hiro!
— Hm?
Ele virou-se de leve, com aquele olhar insondável.
Yumi ficou vermelha na hora.
— E-eu… é-é que… s-seu… s-seu cabelo t-tá…
Ela engoliu em seco, desviando os olhos, como se encarar direto fosse perigoso.
— T-t-tá… tá t-t-tão… bonito!
Um silêncio.
— Q-q-quero dizer… e-estiloso! Não que eu preste atenção no s-seu cabelo… n-nunca pensei nisso! Juro!
Mais silêncio.
— É-é que… ele t-tava brilhando um pouco quando você entrou… e aí eu… eu… n-not-ei… AAAAAAH!!
Yumi se virou de costas e disparou pelo corredor como um gato assustado, tropeçando nos próprios pés antes de sumir feito um furacão desgovernado.
A sala ficou em silêncio absoluto por alguns segundos.
Até que…
— Heh…
Foi um som quase imperceptível. Quase.
Mas real.
Hikari von Richter, encostada na janela, de braços cruzados, estava… rindo.
Não zombando. Não debochando.
Apenas… rindo.
Discretamente, com um canto de sorriso no rosto.
Como se, por um instante, a muralha de aço em volta dela tivesse rachado.
— Que cena ridícula… — murmurou, com a voz baixa.
Do outro lado da sala, Sakura Minazuki franziu levemente a testa ao ver a cena.
“Hikari… rindo? Por quê…?”
Mas então olhou para Hiro, que já havia se sentado tranquilamente, como se nada tivesse acontecido.
Sakura apoiou o queixo na mão, pensativa.
“Hmph… só pode ser isso. Ela deve ter se impressionado com a força dele. Tá até rindo… tsc.”
“Então ele é mesmo alguém digno de ser superado.”