Capítulo 61 – Batimentos Confusos

O campo de treino da Classe Elite estava quase vazio no fim da tarde — exceto por dois alunos trocando golpes com intensidade crescente.

Hiro Tanaka e Sakura Minazuki empunhavam espadas de treino. Seus corpos envoltos em auras tênues — reforço corporal ativado, movimentos acelerados.

Clang! Clang!

As espadas de madeira colidiam com velocidade brutal. Mas algo estava diferente.

— Você... está parando de se segurar? — Sakura arqueou uma sobrancelha, recuando após desviar de um corte lateral.

— Finalmente achei que podia — respondeu Hiro, ajustando a postura. — Achei que era hora de testar algumas coisas novas.

Ele avançou de novo. Seus movimentos estavam mais limpos, mais afiados, quase como uma dança. Passos curtos, explosões rápidas, como se estivesse aplicando técnicas de combate muito mais refinadas do que o esperado de um aluno comum.

Sakura sorriu. O sangue fervia. Aquilo era bom. Melhor do que qualquer treino anterior.

— Estou impressionada — disse ela, se movimentando com graciosidade e correspondendo o ritmo. — Nem parece mais aquele civil desengonçado da semana passada.

Hiro deu um leve sorriso.

— Estou me esforçando pra acompanhar... afinal, estamos sendo observados.

Sakura estreitou os olhos, deslizando para o lado, espada à frente.

— Então você notou?

— Faz tempo. Só estava ignorando. Não há sede de sangue, então... deixei rolar.

Ela soltou um leve “hmph”, e lançou uma indireta com um sorriso de canto:

— Talvez o observador só esteja interessado em ver o quanto você fica distraído com garotas bonitinhas ao redor.

— Pode ser — disse Hiro, sem hesitar. Ele deu um passo à frente e encarou diretamente os olhos dela. — Mas agora... estou concentrado em você.

Tum.

Sakura parou. Literalmente.

O golpe que ela preparava evaporou. O rosto ficou escarlate, como se tivesse sido atingida por uma magia de fogo. O coração bateu forte. Uma vez. Duas. Três. Como se estivesse tentando escapar do peito.

— O-o quê…? — ela deu um passo pra trás, o olhar vacilando. — I-idiota!

— Sakura — Hiro percebeu a mudança, abaixando a espada. — Você se desconcentrou.

— É-é claro que não! Só esqueci de ativar a aura!

Mas ela sabia que estava mentindo. E odiava que não entendia o que estava acontecendo.

No quinto andar da torre sul, Atrás de uma coluna, Yumi Kazehara se escondia com sua assistente de caos emocional, Mari.

— Quinto “passeio casual” pelo mesmo corredor hoje, Yumi-chan — comentou Mari, com o tom mais debochado do reino.

— Eu… só estava andando. É um lugar bonito. E tem… vento!

— Vento, claro — Mari segurava o riso. — Isso inclui espiar um certo garoto treinando enquanto finge que caiu aqui por acaso?

Yumi enterrou o rosto nas mãos, morta de vergonha.

— Cala a boca, Mari… Por que você veio comigo mesmo?

— Pra garantir que você não entre em combustão espontânea.

A Santa soltou um gemido abafado. Mas então, sua mente a traiu — trazendo de volta o episódio da carta de Hiro, quando ela deixou a carta em cima da mesa dele, com todo mundo vendo......

— Aaaaah, por que eu fiz aquilo?! — ela sussurrou, completamente desesperada. — Eu devia sumir da existência!

Mari estava quase no chão de tanto rir.

Na ala feminina dos dormitórios, Sakura Minazuki estava sentada em sua cama, olhando para o teto.

“Agora… estou concentrado em você.”

As palavras de Hiro ecoavam. Novamente, o coração dela disparou.

— Que droga... isso tá errado. Eu tô com sintomas claros. Palpitação, calor interno... deve ser um feitiço de afecção emocional de rank alto! — murmurou, se levantando num pulo.

Determinada, saiu do quarto e marchou direto até a sala da professora de medicina arcana, Celine.

— Professora, acho que fui atingida por um feitiço estranho — anunciou, séria. — Os sintomas começaram depois que um certo garoto me disse uma frase e…

— Que frase? — perguntou Celine, com um sorrisinho no canto da boca.

— Ele disse: "Agora... estou concentrado em você."

Celine conteve o riso, limpou a garganta com profissionalismo duvidoso.

— Sakura… isso não é magia.

Pausa dramática.

— Isso se chama amor.

THUMP.

Sakura caiu de costas no chão, completamente pálida, como se tivesse levado uma flechada.

— A-a-a-amor?!?!

Desmaiou. Instantaneamente.