A semana começou com trovões no céu e pânico no chão.
A notícia caiu como feitiço mal lançado:
— O Torneio Interno de Arcadia vai começar.
Na sala da Classe Elite, o caos reinava.
— TORNEIO?!
— Eu ainda nem dominei reforço corporal!
— Eles vão nos colocar contra veteranos?! Isso é ilegal!
Enquanto todos discutiam, Hiro Tanaka estava… lendo.
Sentado, tranquilo, olhando a tabela de datas e inscrições como se estivesse analisando o clima.
Ao lado dele, Yumi Kazehara tremia como um passarinho com medo de um dragão.
— T-torneio... público... plateia... duelo... arena... multidão.....Hiro...... — ela murmurava.
— Você não vai lutar, Yumi-chan, disse Mari, apoiando o queixo no ombro da santa. — Você é a Santa. Literalmente isenta de perigo.
— Mas e se alguém me chamar? E se me colocarem por engano? E se eu tiver que curar um braço DECEPADO EM PÚBLICO?!
— Aí você cura. Com graça e dignidade.
— ...Com um desmaio antes....e com dor depois.....
Sakura Minazuki treinava sozinha, mas escutava os rumores de longe.
Seu coração batia forte. Mais forte do que o habitual.
— Torneio significa combate aberto.
— Combate aberto significa Hiro lutando.
Ela apertou a empunhadura da espada.
— E isso significa... outros olhos nele.
Tum. Tum. Tum.
— Estou bem, ela murmurou.
Mas não estava.
Saori, por sua vez, parecia calma. Muito calma.
Mas só por fora.
Por dentro, um frio.
Porque eles estavam de volta.
Seus irmãos.
Três.
Usuários do Terceiro Círculo Mágico, todos.
Mais velhos. Arrogantes. Criados para a glória do clã.
Filhos da primeira esposa do duque.
Ela era a exceção.
"A bastarda da magia."
"A plebeia de sangue nobre."
Eles já estavam na academia — e o burburinho começou.
— Os prodígios mágicos do Segundo ano
— Ouvi dizer que a mais velha, quase quebrou um medalhista na simulação de primavera.
E Saori apenas os observava de longe.
O rosto impassível.
Mas por dentro… apertado.
Ela os enfrentava todos os dias, desde criança.
E mesmo sendo melhor do que todos eles juntos, ainda sentia a mesma sombra.
Seus criados, sempre atentos, trocaram cochichos:
— Ela vai varrer o chão com os irmãos, né?
— Se o Hiro estiver vendo, talvez ela faça chover estrelas só pra impressionar.
— Talvez já esteja fazendo…
Na torre oeste, Hikari von Richter lia o aviso mágico flutuando no corredor.
Ela não estava surpresa.
Ela estava… sorrindo.
Um sorriso largo.
Desconfortável.
Maníaco.
“Torneio…”
“E eles realmente acham que eu vou me conter?”
Ela conhecia a ordem.
Sabia da missão.
Mas o sangue pulsava.
Mas a imagem de Sakura Minazuki, com aquele olhar julgador, com aquela postura nobre…
“Quero ver sua cara quando eu te derrubar de novo.”
Hiro Tanaka…
Calado, metódico, com aqueles olhos que pareciam saber demais…
“Você… eu quero ver sangrar.”
Saori Kurosawa.
Arrogante, cheia de pose.
Cheia de controle e orgulho.
“Você… vou quebrar sua compostura. Quero ver sua boca tremer.”
Yumi Kazehara.
Frágil. Fofa. Intocável.
A Santa venerada.
“Você vai chorar, princesa. Eu vou fazer seu mundo tremer sem encostar um dedo.”
Ela não queria vencê-los.
Queria quebrá-los.
Desmontá-los. Emocionalmente. Psicologicamente. Humanamente.
Ela lambeu os lábios, olhos vibrando com adrenalina.
“Podem me matar depois. Mas antes, eu vou dançar com vocês dois.”
No subsolo da academia, entre cristais de contenção e runas antigas, algo se torcia.
Um corpo perdido.
Um aluno desaparecido.
E em seu lugar… uma criatura.
Um doppelgänger Voidborn.
Ainda calado.
Ainda observando.
Mas aprendendo.
E esperando.
À noite…
Hiro anotava em seu caderno:
“Combates múltiplos. Olhos demais. Variáveis soltas.”
“Alguém… está aqui com outro propósito.”
Yumi, no quarto, encostada na janela:
— Só me deixa curar você Hiro....
Sakura, polindo a Nozarashi:
— Hora de mostrar meu crescimento com o treinamento dele.
Saori, parada em frente ao espelho.
As palavras dos irmãos ecoavam.
— Você é só um erro elegante.
Ela fechou os olhos.
— Vou mostrar que o erro… são eles.
Hikari, sentada no peitoril da torre mais alta, olhos no céu noturno.
O sorriso ainda nos lábios.
— Venham.
— Todos vocês.
— Eu quero ver sangue bonito escorrendo na arena.