A noite caiu sobre a Academia Arcadia como um véu silencioso. A maioria dos alunos já estava recolhida em seus dormitórios, poupando energia para os treinos do dia seguinte. Mas uma figura deslizava nas sombras, com passos leves como os de uma gata.
Hikari von Richter.
Seus olhos cortavam a escuridão, e suas mãos estavam enluvadas, cada passo milimetricamente silencioso. Sua missão não estava registrada nos quadros oficiais. Era uma ordem direta. Observar um contato em Valkrim. Eliminar, se necessário.
Atravessou os jardins da ala sul sem ser vista, movendo-se como se fosse parte da própria noite.
Ou quase.
Clang.
Uma lâmina bloqueou sua passagem. Longa, envolta em aura vermelha. Hikari deu um passo para trás, sem mudar a expressão.
— Minazuki.
Sakura Minazuki permanecia firme, odachi já desembainhada. Estava suada, ofegante. Claramente vinha do treino.
— Você não deveria estar fora do dormitório essa hora. — disse Sakura, os olhos fixos em Hikari.
— Você também não. — respondeu Hikari com um sorriso torto.
— Eu treino.
— E eu mato. — respondeu Hikari, já sumindo num piscar de olhos.
Sakura girou o corpo e bloqueou o ataque por trás no último segundo.
Clang!
A lâmina de Hikari raspou a odachi, criando faíscas azuis na escuridão.
— Então é isso que você é. Uma assassina covarde que ataca pelas costas.
— Covarde? Não, Eu apenas sou eficiente.
A luta começou.
Rápida. Fluida.
Golpes curtos, rasantes, em uníssono com a escuridão.
Sakura lutava com precisão e técnica;
Hikari com caos, ângulos impossíveis e velocidade sobrenatural.
A espadachim avançava com postura firme e giros de corpo amplos, mas Hikari estava em todos os lugares ao mesmo tempo. Saltava, girava, surgia por baixo, por trás, pelas laterais.
Sakura recuou dois passos, canalizando aura nos pés. Aumentou a velocidade.
Mas Hikari já estava dentro da guarda.
— Você pensa demais. Quer entender tudo antes de agir. — sussurrou a Sombra.
E a golpeou com a parte lateral da adaga na lateral do torso.
Sakura caiu de joelhos, ofegando e sangrando.
— Você perdeu — disse Hikari, a voz baixa como veneno derramado em veludo.
Silêncio.
— Mas não vou te matar, Minazuki...
Ainda.
O sorriso que veio a seguir não era humano. Era arte em forma de ameaça.
E então... sumiu.
Nada além do farfalhar leve das folhas indicando que ela estivera ali.
Sakura ficou ali, sozinha, de joelhos na pedra fria.
Por um instante, pensou em gritar de frustração. Mas não.
Fechou os olhos.
E reviu cada passo da luta.
“Ela surge sempre pela lateral... Não repete ângulos. Mira articulações, não zonas vitais. Isso é padrão de execução.”
“Minha guarda caiu no terceiro giro. Rota de quadril fraca. Audição... preciso ouvir, mesmo que desapareça da visão."
Abriu os olhos. Levantou-se.
— Eu perdi. — disse, com a voz firme.
— Mas na próxima... eu corto você antes de desaparecer.