Dois dias antes do Torneio Interno da Academia Arcadia.
O auditório central da academia estava lotado. Um espaço circular, gigantesco, com arquibancadas de pedra encantada que se ajustavam à presença dos alunos. No centro, um palco elevado flutuava levemente acima do chão, onde três figuras imponentes já esperavam: os mestres responsáveis pela supervisão do evento.
As luzes de cristais arcanos iluminavam o salão com brilho suave. Painéis mágicos giravam acima do palco, projetando em tempo real os nomes dos alunos da Classe Elite e seus possíveis adversários.
Sons de passos ecoavam pelos corredores, misturados com cochichos ansiosos e risadas nervosas.
No canto esquerdo do auditório, Hiro chegou, como sempre, em silêncio.
Seu olhar percorreu o local e parou em um ponto vazio. Sentou-se sem cerimônia, deixando um assento de espaço entre ele e os outros.
Ou pelo menos por alguns segundos.
— Ah, que coincidência, essa era a última vaga livre.
A voz era de Saori, que se sentou ao lado dele como se fosse um movimento natural.
— Tem doze lugares livres ao redor. — Hiro comentou, sem emoção.
Saori tossiu, desviando o olhar.
— Eu gosto desse ângulo da projeção mágica. Dá pra ver o painel... melhor.
Hiro não respondeu. Apenas assentiu levemente.
"Idiota... por que eu fico inventando essas desculpas ridículas?"
"Eu só queria… sentar aqui. Qual o problema nisso?!"
No assento à direita de Hiro, Sakura chegou pouco depois, sem dizer nada. Sentou-se com a postura impecável de sempre, mas o olhar dela passava brevemente por ele antes de focar no palco.
Ela notou a presença de Saori. Um olhar discreto de canto de olho.
Mas manteve-se quieta.
"Droga… por que ela teve que sentar do outro lado dele?"
Na fileira de trás, Yumi Kazehara observava tudo, sentada com postura nobre. Ela não iria participar do torneio — mas estava ali como representante especial da Igreja e observadora dos combates.
— Yumi-chaaan… — Mari, sussurrou. — Eu contei sete olhadas suas pro Tanaka só nos últimos dois minutos.
— Mari… cala a boca.
— Sabe o que seria legal? Se a chave do sorteio colocasse ele pra lutar sem camisa.
— MARI!
Mari riu baixinho.
— Ah, e por sinal… a Minazuki e a Kurosawa também tão sentadas do lado dele. Só comentando.
Yumi afundou no assento.
”Droga… eu que queria sentar ali!"
No canto mais escuro, Hikari von Richter observava tudo. Os olhos semicerrados, o sorriso de canto… inquietante.
"Ah… o caos começa. Finalmente.
Espero cair contra uma delas. Ou melhor… contra a Minazuki.
Vamos ver se a ‘honra’ dela resiste à terceira derrota."
Ela não precisava de ordens. Nem permissão. Só queria lutar.
E destruir.
O cristal girou. Um a um, os nomes foram sorteados. Grupos se formavam. A elite enfrentaria os melhores da Alta. Os alunos da Comum seriam testados até o limite.
No final da projeção, as chaves estavam completas.
E o aviso final do diretor ecoou:
— Sejam dignos. E sobrevivam.