— Querem ver onde eu treino?
Foi o que Hiro disse casualmente, já saindo em direção ao campo de pedra da ala leste.
Sua família, obviamente, seguiu curiosa.
As três presenças que os acompanhavam também não perderam tempo.
Yumi caminhava em silêncio, olhando o chão. Mari ao lado, com o caderninho de observações do “Harém Arcadiano”.
Sakura ajeitava a odachi nas costas, olhando com atenção a postura de Hiro.
Saori andava com a cabeça erguida... mas os olhos espiavam Hiro a cada dois passos.
Ao chegarem no campo de treino, Hiro retirou o casaco do uniforme e começou o alongamento básico com a espada de madeira.
— Você treina aqui todo dia, filho? — perguntou Ayame.
— Sim. Às vezes de madrugada.
Mio correu até o canto da arena e sentou-se na arquibancada baixa, animada.
Mari e os criados dos Kurosawa seguiram como público silencioso… e absolutamente focado no drama.
Sakura então se aproximou do centro do campo.
— Hiro.
— Hm?
— Podemos? — ela pegou uma espada de madeira com naturalidade— Uma troca leve. Antes do torneio.
Hiro apenas girou o pulso com a espada de madeira.
— Sem aura, sem força total.
— Entendido.
Eles começaram.
Golpes secos, limpos. O som das madeiras batendo era rítmico.
Sakura usava técnicas de precisão, tentando abrir a guarda.
Mas Hiro… antecipava tudo.
— Você gira muito o quadril antes de cortar. Isso denuncia o ataque.
— Eu sei.
— Mas continua fazendo.
Sakura tentou esconder o rubor que subia ao rosto.
— P-para de observar tanto, então…
— Estou treinando com você.
— Hmph.
Depois de dez trocas, Hiro parou.
— Você melhorou. Está quase no ritmo ideal.
Sakura olhou para ele com olhos intensos.
— …Obrigada.
Na arquibancada, Ayame murmurou:
— Eles são... intensos.
Mari respondeu no mesmo tom:
— Ele trata ela como trata todo mundo: como um projeto técnico. O problema é que ela gosta disso.
Hayato, confuso, observava o campo:
— Ele… está corrigindo a filha do Santo da Espada como se fosse uma recruta.
Do nada, uma nova voz:
— Minha vez.
Saori.
Ela andou até o centro do campo com a postura de quem estava… irritada com alguma coisa.
— Não que eu queira competir. Mas… se vai treinar alguém, que seja de verdade.
Hiro ergueu uma sobrancelha.
— Você não usa espada.
— Eu quero treinar magia de combate em movimento. A última vez, você disse que meu controle de mana era instável.
— Foi.
— Então me corrija.
Mari sussurrou:
— Ela só quer atenção.
Shinji e Akane murmuraram:
— Isso foi um convite disfarçado.
— Com orgulho empilhado em cima.
Hiro ergueu a mão.
— Ataca. Eu defendo.
Saori conjurou ventus, disparando três rajadas em formato de lanças.
Hiro desviou, os pés deslizando.
— Controle do ângulo está melhor. Mas a mana ainda explode na formação. Concentre no núcleo.
— Eu ESTOU concentrada!
— Se estivesse não estaria errando.
As rajadas seguintes vieram mais rápidas. Ele defendeu com a espada de madeira, e a aura azul brilhou levemente.
Depois de mais cinco trocas, Hiro apontou:
— Use a respiração que eu ensinei. Lembra?
Saori bufou… mas fez.
O feitiço seguinte saiu mais limpo.
Mais estável.
Ela arregalou os olhos.
— Funcionou…?
— Sim.
— Hm.
Virou-se, o rosto escondido, mas o rubor estava visível até da arquibancada.
Yumi, sentada em silêncio, observava a tudo.
Mari percebeu e comentou:
— Cuidado, Yumi-chan. Suas rivais estão treinando.
Yumi murmurou:
— Eu… não sou boa em lutar…
— Mas você é a única que ele olha com calma. As outras ele corrige. Você ele respeita.
Yumi mordeu o lábio.
No campo, Hiro suspirou.
— Querem continuar?
Sakura respondeu, firme:
— Sempre.
Saori, com o rosto ainda vermelho:
— S-se for pra treinar de verdade… claro.
Ayame e Hayato se entreolharam, sem palavras.
— Filha do santo da espada… filha do duque da magia… sendo treinadas como iniciantes…
— …pelo nosso filho calado.
Ayame suspirou.
— A gente criou um monstro…
Mio, com um sorriso largo, disse:
— Eu quero que ele ganhe amanhã.
Hiro apenas girou a espada no ar, e disse:
— Não importa contra quem. Eu vou vencer.