O combate havia terminado, mas o impacto dele ainda reverberava.
Na arena, a equipe de suporte médica levava Renji Kurosawa desacordado em uma maca de cristal. Mesmo inconsciente, seu corpo ainda sofria leves espasmos — reflexo da compressão absurda de mana que havia sofrido.
Nas arquibancadas, os murmúrios e comentários corriam como labaredas.
E em meio a isso, Hiro Tanaka subia os degraus de pedra em direção ao seu grupo.
Ayame e Hayato estavam em choque contido. Mio pulava no lugar, ainda empolgada.
— VOCÊ FOI INCRÍVEL, ONII-CHAN!
Ela pulou nos braços dele, mais uma vez, e Hiro a segurou com leveza.
— Você treinou muito, né?! Você tava brilhando!
— É aura, disse ele, com um leve sorriso.
— Aura, magia! Tudo ao mesmo tempo!
Ayame o puxou para um abraço apertado e silencioso. E por um instante, Hiro fechou os olhos.
"Quente… aqui ainda é quente. Não é como o futuro."
Quando se soltou, virou-se — e claro, as três estavam lá.
Sakura Minazuki cruzava os braços com postura reta, mas seu olhar era diferente. Um misto de respeito, orgulho… e algo a mais.
— Você venceu de forma impecável, disse ela, olhando direto para ele. Obrigada por mostrar aquilo. Me ensinou muito.
Saori Kurosawa, com o rosto levemente avermelhado, virou o rosto ao falar:
— Tsc. Não que tenha sido incrível ou algo assim. Só foi… eficaz. Digno de nota.
Yumi Kazehara, por outro lado, mal conseguiu falar.
— Hiro… eu… eu estava orando. Muito.
Mari, do lado, murmurou entre dentes:
— Três garotas. Um vencedor. E um capítulo inteiro de romance não escrito.
Os pais de Hiro, claro, estavam prestes a ter um ataque.
— ELAS ESTÃO TODAS AQUI… DE NOVO! — sussurrou Ayame.
— Nosso filho é perigoso. Ele está destabilizando o sistema social de Arcadia, murmurou Hayato.
Hiro apenas assentiu e se sentou próximo, com Mio no colo.
Sakura olhou discretamente para ele.
"Esse é o Hiro… que me treina todos os dias. Que me corrige sem hesitar. "
"E agora todos viram… o quanto ele é forte. O quanto ele é... digno."
Ela se aproximou dele com naturalidade, não como uma nobre, mas como parceira de espada.
— Você venceu com perfeição, disse Sakura. E nem sequer usou metade do que pode.
Hiro assentiu com um leve movimento de cabeça.
— A luta era curta. Não valia o desgaste.
Nos Bastidores – Ala Reservada dos Kurosawa
Enquanto o público ainda vibrava, Ayaka Kurosawa encarava o irmão do meio, Kaito, com um olhar frio.
— Renji caiu. Um golpe.
Kaito, ainda processando, apertava os punhos.
— Eu vi.
— Dois duelos contra esse Tanaka. Uma derrota com três golpes… e agora com um.
— Ele nos humilhou.
Ayaka caminhou devagar pela sacada de pedra, observando a arena lá embaixo.
— Você lutará contra a Richter. Não ouse perder.
— Ela é uma camponesa, respondeu Kaito, — Só uma mercadora qualquer.
— Uma camponesa que provavelmente viu a queda do nosso irmão e... sorriu.
Fez uma pausa.
— E que colocou uma adaga na garganta da Sakura Minazuki dois meses atrás.
Kaito empalideceu.
— Isso… é verdade?
— Porque eu mentiria?
Ela virou de costas, os olhos ainda fixos no centro da arena.
Ela o encarou.
— Não subestime mais ninguém.
Kaito cerrou os dentes.
"Vou vencer, o que uma camponesa pode fazer?"
No campo, os instrutores anunciavam o próximo duelo:
— Segundo combate! Hikari von Richter — Classe Elite — Primeiro Ano…
A plateia caiu em murmúrios.
E lá embaixo… Hikari caminhava lentamente.
Sorrindo.
Um sorriso cruel, como uma lâmina sendo retirada da bainha.
Ela olhou de canto para o público e sussurrou:
— Hora de Brincar...