A arena ardia com o calor das auras.
Sakura Minazuki e Hikari von Richter já estavam cobertas por cortes, suor e poeira. A multidão, hipnotizada, assistia em silêncio a dança da morte entre a Espadachim Honrada e a Sombra.
CLANG!
CLANG!
Lâmina contra lâmina.
Mas havia algo errado.
Sakura sentia.
Os golpes de Hikari estavam… leves demais. Sem força total. Sem intenção de incapacitar.
E ainda assim, cada corte deixava uma ardência anormal em sua pele.
"Ela está brincando comigo! Vadia!"
Hikari girou no ar e passou de raspão pela lateral de Sakura, fazendo um corte superficial na bochecha. A espadachim recuou e ofegou. O sangue escorreu… lento.
Muito lento.
Sakura apertou os olhos.
— Esses cortes… são deliberadamente rasos.
— Você está me poupando?!
Hikari, sorrindo com os olhos semiabertos, girou sua adaga nos dedos com graça cruel.
— Não poupando… decorando.
— O quê?
— Quero ver quão bonita você fica coberta por cem cortes.
Sakura rosnou e avançou com tudo.
A Nozarashi cortou o ar como uma foice carmesim, mas novamente, Hikari sumiu.
CLANG!
O golpe foi bloqueado, mas com esforço.
"Ela está diminuindo meu fôlego... aos poucos. Como se dançasse sobre a minha resistência."
Sakura recuou um passo. Depois outro.
Fechou os olhos.
"Eu não consigo acompanhar a velocidade dela completamente. Mas..."
"...talvez eu consiga sentir."
Ela firmou a respiração. O som da arena se tornou distante. O cheiro de ferro no ar. A pulsação de mana. O leve deslocamento de energia quando a aura se rompe com o movimento.
"Sinta a vibração... como Hiro me ensinou…"
E então—
Hikari surgiu atrás dela outra vez.
Mas desta vez, Sakura girou antes do golpe vir.
CRACK!
O cabo da odachi acertou o abdômen de Hikari, fazendo a assassina recuar com um arquejo surpreso.
— Tsc… começou a me ler?
Sakura responde, de forma sarcástica:
— Não só ler… como cortar, ratinha!
Mas o sorriso de Hikari… não sumiu.
Ela enfiou a mão no cinto e puxou algo — um pequeno frasco de líquido escuro.
Sem hesitar, mergulhou a lâmina da adaga no veneno e a girou com gosto.
— Já que você quer lutar sério…
Sakura arregalou os olhos.
— Isso é… VENENO?!
Hikari arqueou a sobrancelha.
— Sempre usei. Só agora você percebeu?
Sakura tremeu de ódio.
— COVARDE! COVARDE SEM HONRA!
— E você é uma gorila musculosa com um fetiche por códigos de espadachins mortos! Não me encha!
BOOM!
A aura das duas explodiu.
O juiz levantou a mão imediatamente.
— Luta suspensa!
— Uso de veneno é proibido!
— Vitória de Sakura Minazuki por desclassificação!
O silêncio foi imediato.
Mas então, Sakura deu um passo à frente, olhos cheios de raiva e orgulho.
— Ignore a regra.
— Minazuki— o juiz tentou protestar.
— Deixa essa vagabunda usar o que ela quiser! Eu vou esmagá-la mesmo assim!
O público prendeu a respiração.
Na tribuna dos nobres, Ryuji Minazuki, pai de Sakura, ergueu uma sobrancelha.
Sua filha estava… transbordando ódio.
Mas ele não interveio.
— Hmph — murmurou, observando.
— Ao menos tem garra.
Ao lado dele, Daichi Kurosawa sequer reagiu.
E mais distante, Lucius von Richter… ria.
“Essa menina… está realmente indo contra todas as ordens.”
Na arena, Hikari abaixava a cabeça.
Seus olhos estavam cobertos pela franja.
Mas a voz…
Veio fria como morte.
— Vagabunda? Foi disso que você me chamou?
Ela ergueu os olhos, e por um instante, uma sombra real dançou ao redor de seu corpo.
— Ótimo. Então agora eu vou te cortar pra valer.
E o inferno… recomeçou.