Capítulo 113 – Honra vs Sombra (Parte 3)

A arena ardia com o calor das auras.

Sakura Minazuki e Hikari von Richter já estavam cobertas por cortes, suor e poeira. A multidão, hipnotizada, assistia em silêncio a dança da morte entre a Espadachim Honrada e a Sombra.

CLANG!

CLANG!

Lâmina contra lâmina.

Mas havia algo errado.

Sakura sentia.

Os golpes de Hikari estavam… leves demais. Sem força total. Sem intenção de incapacitar.

E ainda assim, cada corte deixava uma ardência anormal em sua pele.

"Ela está brincando comigo! Vadia!"

Hikari girou no ar e passou de raspão pela lateral de Sakura, fazendo um corte superficial na bochecha. A espadachim recuou e ofegou. O sangue escorreu… lento.

Muito lento.

Sakura apertou os olhos.

— Esses cortes… são deliberadamente rasos.

— Você está me poupando?!

Hikari, sorrindo com os olhos semiabertos, girou sua adaga nos dedos com graça cruel.

— Não poupando… decorando.

— O quê?

— Quero ver quão bonita você fica coberta por cem cortes.

Sakura rosnou e avançou com tudo.

A Nozarashi cortou o ar como uma foice carmesim, mas novamente, Hikari sumiu.

CLANG!

O golpe foi bloqueado, mas com esforço.

"Ela está diminuindo meu fôlego... aos poucos. Como se dançasse sobre a minha resistência."

Sakura recuou um passo. Depois outro.

Fechou os olhos.

"Eu não consigo acompanhar a velocidade dela completamente. Mas..."

"...talvez eu consiga sentir."

Ela firmou a respiração. O som da arena se tornou distante. O cheiro de ferro no ar. A pulsação de mana. O leve deslocamento de energia quando a aura se rompe com o movimento.

"Sinta a vibração... como Hiro me ensinou…"

E então—

Hikari surgiu atrás dela outra vez.

Mas desta vez, Sakura girou antes do golpe vir.

CRACK!

O cabo da odachi acertou o abdômen de Hikari, fazendo a assassina recuar com um arquejo surpreso.

— Tsc… começou a me ler?

Sakura responde, de forma sarcástica:

— Não só ler… como cortar, ratinha!

Mas o sorriso de Hikari… não sumiu.

Ela enfiou a mão no cinto e puxou algo — um pequeno frasco de líquido escuro.

Sem hesitar, mergulhou a lâmina da adaga no veneno e a girou com gosto.

— Já que você quer lutar sério…

Sakura arregalou os olhos.

— Isso é… VENENO?!

Hikari arqueou a sobrancelha.

— Sempre usei. Só agora você percebeu?

Sakura tremeu de ódio.

— COVARDE! COVARDE SEM HONRA!

— E você é uma gorila musculosa com um fetiche por códigos de espadachins mortos! Não me encha!

BOOM!

A aura das duas explodiu.

O juiz levantou a mão imediatamente.

— Luta suspensa!

— Uso de veneno é proibido!

— Vitória de Sakura Minazuki por desclassificação!

O silêncio foi imediato.

Mas então, Sakura deu um passo à frente, olhos cheios de raiva e orgulho.

— Ignore a regra.

— Minazuki— o juiz tentou protestar.

— Deixa essa vagabunda usar o que ela quiser! Eu vou esmagá-la mesmo assim!

O público prendeu a respiração.

Na tribuna dos nobres, Ryuji Minazuki, pai de Sakura, ergueu uma sobrancelha.

Sua filha estava… transbordando ódio.

Mas ele não interveio.

— Hmph — murmurou, observando.

— Ao menos tem garra.

Ao lado dele, Daichi Kurosawa sequer reagiu.

E mais distante, Lucius von Richter… ria.

“Essa menina… está realmente indo contra todas as ordens.”

Na arena, Hikari abaixava a cabeça.

Seus olhos estavam cobertos pela franja.

Mas a voz…

Veio fria como morte.

— Vagabunda? Foi disso que você me chamou?

Ela ergueu os olhos, e por um instante, uma sombra real dançou ao redor de seu corpo.

— Ótimo. Então agora eu vou te cortar pra valer.

E o inferno… recomeçou.