CRACK!
O som das pedras da arena se partindo ecoou como trovão.
Hikari von Richter avançou como uma sombra viva, cada passo reverberando aura e instinto assassino. Seus olhos estavam semicerrados, como os de uma fera que decidiu morder de verdade.
Sakura Minazuki a aguardava. A Nozarashi firmemente empunhada. O corpo em postura baixa, o olhar em fúria controlada. O orgulho ferido, o sangue queimando em cada veia.
— Vamos ver quem corta mais fundo, murmurou Hikari, girando a adaga tingida de veneno.
E então…
Hikari desapareceu — mas Sakura já não era a mesma. Ela girou o corpo antes do ataque chegar, sentindo a distorção de mana no ar.
CLANG!
O som da odachi bloqueando a adaga ecoou, faíscas explodiram no impacto.
— Você já não me pega com esses truques, von Richter!
— Não? Então vou parar de brincar!
Hikari lançou quatro lâminas secundárias — finas como agulhas — com precisão absurda. Sakura cortou duas no ar, desviou da terceira, mas a quarta perfurou seu ombro de raspão.
“Argh.... esse maldito veneno…”
A visão turvou por um segundo. Mas Sakura rangeu os dentes.
“Não… não vou cair agora. Não com você me olhando... Hiro.”
Ela firmou os pés.
BOOM!
A aura de Sakura explodiu em volta do corpo, como um manto carmesim, pulsante e agressivo. O chão ao redor rachou sob a pressão.
A plateia vibrou.
— Ela vai forçar um avanço!
— Ela vai ignorar o veneno?!
— Ela tá indo com tudo!
Sakura desapareceu num salto frontal, e Nozarashi cortou de cima, como um raio escarlate.
Hikari teve que usar toda sua velocidade para esquivar.
CRACK!
A lâmina da espadachim cortou parte do chão da arena ao errar Hikari por milímetros.
Hikari recuou e então... sorriu.
— Então é isso. Você quer esmagar com força bruta mesmo morrendo por dentro?
Sakura ofegava, mas mantinha os olhos fixos.
— Eu vou... te enterrar.
— Com honra ou sem.
Hikari parou de sorrir.
Por um instante, o campo congelou. Até o vento pareceu hesitar.
— Então venha.
Ambas explodiram em velocidade.
Aura contra Aura.
Lâmina contra lâmina.
Veneno contra determinação.
CLANG!
SLASH!
CLANG!
THUD!
O juiz suava.
Os instrutores assistiam em silêncio.
Veteranos estavam de pé.
Na arquibancada:
Yumi tapava a boca, lágrimas escorrendo.
Saori tremia.
Mari… quieta.
E Hiro Tanaka…
“Essa luta... é real. Elas não estão competindo. Elas estão se despedaçando.”
SPLAT!
A ponta da adaga cravou entre as costelas de Sakura, rasgando carne e músculo. A dor foi lancinante, uma labareda viva atravessando seu corpo.
Hikari sussurrou, colada ao ouvido da rival:
— Sinta isso.
— Isso é medo, Minazuki!
Mas antes que pudesse puxar a adaga para um segundo golpe, Sakura segurou seu pulso com força bruta.
CRACK!
Os ossos rangeram.
— Medo?
— Não.
— Isso é… raiva!
CRACK!
A cabeça de Sakura voou à frente, uma cabeçada violenta acertando o nariz de Hikari em cheio. Um estalo seco ecoou pelo campo.
CRACK!
Hikari cambaleou, atordoada.
— Filha da—!
Ela tentou recuar, mas Sakura puxou com o braço livre, forçando a assassina a um novo impacto — desta vez, um soco no estômago, reforçado com aura. Hikari caiu de joelhos, cuspindo sangue.
Ambas… sangrando.
Cobertas por feridas e poeira.
Mas ainda assim...
…nenhuma das duas caiu.
— Você me irrita — rosnou Sakura, ofegante.
— Essa sua cara… essa sua falta de honra… esse jeitinho sádico… quero quebrar cada osso seu, sua vadia!
Hikari riu. Sangue no canto da boca.
— E você... com essa sua maldita retidão...
— Essa ilusão de que pode salvar o mundo com uma espada...
— Quero ver você sangrar até a última gota, sua gorila!
BAM
Hikari desapareceu. Reapareceu acima. Um giro, duas adagas, ambas envenenadas, descendo em cruz.
Sakura ergueu Nozarashi.
Mesmo tremendo.
CLANG! CLANG!
Os golpes foram aparados. Mas o impacto foi tão forte que ambas voaram para lados opostos.
THUD!
CRACK!
Sakura colidiu contra as pedras da arquibancada.
Hikari rolou por vários metros, o corpo ralando contra o chão.
Silêncio.
Só o som de respiração pesada.
Ambas estavam no limite. As roupas em farrapos, o corpo coberto de hematomas e sangue. Hikari com a costela fraturada e o nariz quebrado. Sakura com o pulmão pressionado pela perfuração lateral, vários cortes superficiais e veneno agindo no corpo.
Mas mesmo assim…
Elas se levantaram.
De joelhos.
Se encararam.
A arena inteira estava em silêncio.
— Você… sussurrou Hikari.
— Você… respondeu Sakura.
E então, juntas:
— …me dá nojo.
E sorriram.
Um sorriso cansado.
Sujo.
Destruído.
Satisfeito.
THUD.
Sakura caiu.
Seu corpo desabou. Os olhos ainda abertos, mas desfocados. O veneno havia vencido.
O juiz ergueu a mão imediatamente.
— Vitória de Hikari von Richter!
O público congelou.
Hikari ficou em pé, Cambaleando.
Sangrando.
Sorrindo.
Olhou para Sakura, deitada.
Deu dois passos, devagar.
Sorriu. Seus olhos brilharam de um prazer distorcido.
E então gargalhou.
Uma gargalhada maníaca, cortante, enlouquecida. Ruidosa como uma faca arranhando vidro.
— "VIU ISSO?! HONRA CAIU!
Deu mais um passo...
E então...
THUD.
Ela também caiu.
Seu corpo tombou ao lado de Sakura, os olhos revirando, a respiração sumindo.
O juiz os instrutores avançaram com equipamentos de verificação vital.
— As duas estão inconscientes! CHAMEM A SANTA!
A plateia explodiu. Gritos, murmúrios.
Yumi já descia da arquibancada correndo, chorando.
Saori arregalava os olhos, em choque.
Mari estava imóvel, sem nem conseguir comentar.
Hiro cerrou os punhos. Mas seu olhar… não era frio.
Era preocupado.
“Elas… se matariam se ninguém interrompesse.”
No chão da arena, Sakura e Hikari, inconscientes, lado a lado, sangrando… ainda estavam com os punhos cerrados, como se a luta não tivesse terminado dentro delas.
E o público sabia:
A Sombra havia vencido...
Mas ambas caíram. E agora, tudo que restava era o silêncio entre os gritos