No ponto mais alto da arquibancada, protegido por barreiras de silêncio e distorção mágica, os Três Pilares do Reino observavam os acontecimentos no torneio da Academia Arcadia com olhos afiados — e expressões quase inalteradas.
Ryuji Minazuki, o Santo da Espada, permanecia imóvel como uma estátua esculpida pelo tempo. Seus olhos cravavam-se na arena.
— Sakura não tem talento, ele disse, em voz seca.
Ao lado, Daichi Kurosawa, o Duque da Magia, ergueu uma sobrancelha.
— Então por que apertou a bainha da espada quando ela caiu desmaiada?
Ryuji o ignorou. Mas por dentro, os pensamentos queimavam como brasas abafadas.
“Sakura… pare de andar pelo caminho da espada. Antes que ele te leve também.”
Daichi voltou sua atenção para outra parte da arena, onde Saori conversava com Hiro, corando em sua costumeira tsunderezice.
— A filha da empregada parece mais comportada do que de costume, comentou ele, com frieza calculada.
Ryuji não respondeu.
Mas dentro do duque, uma lembrança antiga florescia.
“Ela tem os olhos dela… os mesmos olhos da única mulher que amei.”
“Mesmo sendo ignorada, desprezada… você cresceu sozinha. E ficou forte.”
“Saori… minha filha… você me superou. E um dia… vai brilhar mais do que todos os meus herdeiros.”
Por fim, Lucius von Richter, o Cão Louco, soltou uma risada baixa.
— Hikari foi… deliciosa. Aquela criança é arte em movimento. Cortes precisos, ritmo sádico. Um poema de violência.
Klaus, seu filho e sucessor direto, manteve os olhos fixos na arena.
— Você não parece satisfeito, pai.
Lucius o olhou de lado. O sorriso permanecia… mas os olhos ardiam.
“A maldita… revelou força demais."
“Uma Sombra não brilha. Não atrai atenção. E agora, ela pintou um alvo na testa.
“Inútil. Se entregou.”
Ele levantou-se sem dizer mais nada.
— Cuide do lugar, Klaus. Preciso ver uma criança malcriada.
Enfermaria, instantes depois
Hikari von Richter se mantinha deitada na cama, os olhos voltados para o teto, a expressão tranquila… até a luz ao seu redor se curvar.
Pressão Mágica.
Fria. Afiada. Mortal.
Ela já sabia quem era.
— ...Tio. — sua voz falhou por um instante.
Lucius adentrou a sala sem um som. Sua presença calava até a mana do ambiente.
— Sabe por que estou aqui?
Ela tentou se erguer. Mas falhou. O corpo tremeu. A aura dele era como uma jaula de lâminas invisíveis.
— Eu me excedi — respondeu, com a voz baixa.
— Se excedeu? — repetiu Lucius, como se provasse o gosto da palavra. — Você se revelou.
Ele ergueu a mão. A mana em volta começou a vibrar, sufocante.
— Você foi criada para ser uma Sombra. Para existir onde ninguém olha. Para matar sem forma. Mas hoje…
Ele caminhou até ela.
— …você virou espetáculo.
Ela caiu de joelhos, suando frio, os olhos arregalados.
Lucius se aproximou, encostando dois dedos sob o queixo dela, levantando seu rosto com um gesto suave… mas cheio de ameaça.
— Mostre emoção por um segundo a mais, e eu te mato agora, sobrinha.
O olhar de Hikari tremeu.
Ela não tinha medo de dor. Nem de morrer.
Mas ele… era o único que podia transformá-la em pó com um sussurro.
— ...Não acontecerá de novo, sussurrou ela.
Lucius manteve o sorriso.
— Você ainda serve. Então viva.
Ele se ergueu. A mana se dispersou, como se nunca tivesse estado ali.
E saiu.
Deixando a porta aberta. Mas o frio ficou.
Hikari permaneceu de joelhos.
Sozinha.
Suando.
Ainda sorrindo por fora.
Mas por dentro…
"Filho da puta!.... um dia... um dia você vai ver quem é a arma que criou."
Mas por agora… ela seria sombra outra vez.