Capítulo 141 – Fogo no Sangue, Cinzas no Vazio

O selo se completava, os arcos rúnicos giravam sobre si mesmos, como engrenagens divinas. E o monstro... ria.

— Você acha que isso aqui muda alguma coisa, Hiro Tanaka?

Nhyx’thar deu um passo à frente. O chão tremeu. As pedras antigas do laboratório rangiam com o peso da presença dele.

— Quando eu rasgar sua garganta e tomar seu rosto, você nem vai saber onde começa a dor e onde termina a consciência.

A carne do Voidborn ondulou. Ossos surgiram, braços se multiplicaram, uma cauda negra serpenteava atrás.

— E então... eu vou subir. Assumir seu lugar. Abraçar aquela Santa. Enganar os outros. E quando eles chorarem... chorarei com eles. Quando morrerem... sorrirei por dentro.

Hiro já estava em posição de combate. A espada segura com firmeza. Os olhos calmos. As luvas de couro fumegavam de mana.

— Chega de papo.

Ele inspirou fundo.

— Hora de morrer.

O chão explodiu em energia. As runas acenderam em cascata, criando múltiplas barreiras internas, campos de impacto, redutores de mana — tudo projetado para sufocar e prender.

Mas Nhyx’thar não era uma besta comum.

Ele rugiu.

Aura negra expandiu-se do seu corpo com brutalidade. As runas tremeram. Pilares de pedra rúnica racharam com o impacto. Um golpe de punho aberto cortou o ar — Hiro desviou, mas foi atingido ela onda de choque.

CRASH!

Hiro atravessou uma parede lateral. Poeira e pedra desabaram.

Sangue escorreu pela testa dele.

Ele se levantou.

— Estágio Quatro… — murmurou, cuspindo um dente solto. — Você não veio brincar mesmo.

O Voidborn avançou como um animal. Veloz demais, forte demais.

Cada soco, cada golpe, era um terremoto em miniatura.

Hiro esquivava, defendia, mas não impunemente. As costelas doíam. O ombro esquerdo já estava deslocado. O sangue manchava a camisa.

Mas ele aguentava.

A cada segundo, estudava o padrão.

Até...

— Ignis: Catenas.

Correntes de fogo surgiram do chão, envolvidas em runas. Enroscaram nos braços do monstro, queimando sua pele viscosa com chiados infernais. O Voidborn gritou — e não foi teatral.

Foi dor real.

— Fogo…?!

O Voidborn recuou. Tentou se regenerar.

Mas o tecido morto fumegava, não se fechava.

— Como você... sabe disso?!

Hiro andava. Sangue escorria de sua boca, mas o olhar…

Era o de quem já enfrentou o inferno e voltou com um mapa.

— Doppelgängers regeneram rápido demais. Mas fogo vivo — ainda mais vinculado à mana — retarda o ciclo.

Ele girou a espada, chamas percorrendo a lâmina.

— Aprendi isso… quando tentei matar um com uma faca normal.

— Aprendi quando tive que queimar o corpo de um. Porque ele ainda se movia mesmo esquartejado.

O rosto do monstro tremeu. As bocas secundárias cerraram os dentes.

— Você… sabe demais.

— Porque eu vi o fim. — respondeu Hiro. — E não vai se repetir.

O monstro atacou. Com velocidade monstruosa.

Mas Hiro… também avançou.

Explosão.

As espadas e garras colidiram. Múltiplas vezes.

Fogo, sangue, aura.

O salão virou um campo de batalha dos céus.

Hiro era arremessado — mas voltava.

Cortes abriam no corpo do monstro — mas não se fechavam com a mesma facilidade de antes.

Era uma guerra.

E Hiro lutava como quem não tinha nada a perder.

Porque naquele lugar, naquele momento…

Ele era o último entre o vazio e aqueles que amava.