O selo se completava, os arcos rúnicos giravam sobre si mesmos, como engrenagens divinas. E o monstro... ria.
— Você acha que isso aqui muda alguma coisa, Hiro Tanaka?
Nhyx’thar deu um passo à frente. O chão tremeu. As pedras antigas do laboratório rangiam com o peso da presença dele.
— Quando eu rasgar sua garganta e tomar seu rosto, você nem vai saber onde começa a dor e onde termina a consciência.
A carne do Voidborn ondulou. Ossos surgiram, braços se multiplicaram, uma cauda negra serpenteava atrás.
— E então... eu vou subir. Assumir seu lugar. Abraçar aquela Santa. Enganar os outros. E quando eles chorarem... chorarei com eles. Quando morrerem... sorrirei por dentro.
Hiro já estava em posição de combate. A espada segura com firmeza. Os olhos calmos. As luvas de couro fumegavam de mana.
— Chega de papo.
Ele inspirou fundo.
— Hora de morrer.
O chão explodiu em energia. As runas acenderam em cascata, criando múltiplas barreiras internas, campos de impacto, redutores de mana — tudo projetado para sufocar e prender.
Mas Nhyx’thar não era uma besta comum.
Ele rugiu.
Aura negra expandiu-se do seu corpo com brutalidade. As runas tremeram. Pilares de pedra rúnica racharam com o impacto. Um golpe de punho aberto cortou o ar — Hiro desviou, mas foi atingido ela onda de choque.
CRASH!
Hiro atravessou uma parede lateral. Poeira e pedra desabaram.
Sangue escorreu pela testa dele.
Ele se levantou.
— Estágio Quatro… — murmurou, cuspindo um dente solto. — Você não veio brincar mesmo.
O Voidborn avançou como um animal. Veloz demais, forte demais.
Cada soco, cada golpe, era um terremoto em miniatura.
Hiro esquivava, defendia, mas não impunemente. As costelas doíam. O ombro esquerdo já estava deslocado. O sangue manchava a camisa.
Mas ele aguentava.
A cada segundo, estudava o padrão.
Até...
— Ignis: Catenas.
Correntes de fogo surgiram do chão, envolvidas em runas. Enroscaram nos braços do monstro, queimando sua pele viscosa com chiados infernais. O Voidborn gritou — e não foi teatral.
Foi dor real.
— Fogo…?!
O Voidborn recuou. Tentou se regenerar.
Mas o tecido morto fumegava, não se fechava.
— Como você... sabe disso?!
Hiro andava. Sangue escorria de sua boca, mas o olhar…
Era o de quem já enfrentou o inferno e voltou com um mapa.
— Doppelgängers regeneram rápido demais. Mas fogo vivo — ainda mais vinculado à mana — retarda o ciclo.
Ele girou a espada, chamas percorrendo a lâmina.
— Aprendi isso… quando tentei matar um com uma faca normal.
— Aprendi quando tive que queimar o corpo de um. Porque ele ainda se movia mesmo esquartejado.
O rosto do monstro tremeu. As bocas secundárias cerraram os dentes.
— Você… sabe demais.
— Porque eu vi o fim. — respondeu Hiro. — E não vai se repetir.
O monstro atacou. Com velocidade monstruosa.
Mas Hiro… também avançou.
Explosão.
As espadas e garras colidiram. Múltiplas vezes.
Fogo, sangue, aura.
O salão virou um campo de batalha dos céus.
Hiro era arremessado — mas voltava.
Cortes abriam no corpo do monstro — mas não se fechavam com a mesma facilidade de antes.
Era uma guerra.
E Hiro lutava como quem não tinha nada a perder.
Porque naquele lugar, naquele momento…
Ele era o último entre o vazio e aqueles que amava.