Laboratório Obscuro de Thaumaturgia – 22:00
O sangue escorria pela lateral do rosto de Hiro. Sua camisa estava rasgada, a carne sob o tecido queimada, cortada, torcida por golpes que nenhum aluno da Arcadia jamais teria sobrevivido.
As runas ancestrais ainda o protegiam… mas não o salvavam.
Nhyx’thar rugia dentro da prisão de selos, agora deformado. Seu corpo assumia formas mais monstruosas a cada segundo — braços com múltiplas juntas, colunas girando como serpentes, olhos abrindo nas costelas. A barreira rúnica tremia sob a força bruta do estágio 4 de aura.
E Hiro... tropeçava.
O sangue encharcava seus passos.
— Você não é o suficiente, sibilou Nhyx’thar. — Você é só um garoto com truques de terceira categoria!…
Ele atravessou uma das camadas de runas com pura força física. Uma garra cravou-se no ombro de Hiro, lançando-o contra a parede com um estalo seco.
O jovem gritou — mais de raiva do que dor — e caiu de joelhos, o mundo girando.
“Não basta...”
“Runas não bastam…”
“Aura não basta…”
"Magia não basta..."
Ele se forçou a levantar. e mesmo assim....sorriu.
— Você tá certo.
— Ainda não usei tudo.
Nhyx’thar gargalhou, cambaleando pela primeira vez.
— Mentiras… não tem mais nada… VOCÊ ESTÁ ACABADO!
Mas então, Hiro... falou.
Não um encantamento mágico.
Não em Runas.
Mas em uma língua perdida.
Um som gutural, cheio de ecos — como um trovão entalado na garganta da Terra.
O laboratório tremeu.
As runas apagaram-se.
E novas inscrições surgiram no chão — como brasas douradas queimando de dentro pra fora.
“Vör Nahl Lirzæk.”
("Obedeça, criatura da carne vazia.")
Nhyx’thar parou.
Suas pernas cederam.
Seu corpo contorceu-se — de medo.
— N-NÃO…!
— ESSA LINGUAGEM—
— IMPOSSÍVEL! FOI SELADA JUNTO AOS DRAGÕES NA GUERRA HÁ 300 ANOS!
Hiro deu mais um passo, cambaleante.
— Sim.... E eu a aprendi… com ela.
O ar vibrava. O laboratório tremia como se o mundo tivesse medo.
— Ela me ensinou cada palavra. Cada comando. Cada grito dos céus.
Nhyx’thar engasgou com a própria regeneração.
— Q-quem…?!
Hiro ergueu a espada. E respondeu.
— Seravhella, a Rainha dos Céus. A Mãe dos Dragões.
— Ela me treinou.
— IMPOSSÍVEL! A MARECHAL!....
Silêncio.
E então…
O monstro entendeu.
Os olhos dele dilataram. O corpo inteiro congelou.
— ..Você…
— ..Voltou no tempo...!
A lâmina de Hiro brilhou em vermelho e azul.
E então, decapitação.
O corpo de Nhyx’thar convulsionou. Tentou se regenerar.
Mas as runas dracônicas explodiram em torno do cadáver.
“Verrox Thrael. Nihil.”
("Volte ao nada.")
O corpo se desfez.
Não em sangue.
Mas em poeira cinzenta.
E então…
Silêncio.
Hiro ficou de pé por três segundos.
Quatro.
E então…
Caiu.
Sem forças. Sem mana. Sem fôlego. Sem consciência.
O fim do monstro... custou quase tudo