Capítulo 143 – A Língua dos Extintos

Laboratório Obscuro de Thaumaturgia – 22:00

O sangue escorria pela lateral do rosto de Hiro. Sua camisa estava rasgada, a carne sob o tecido queimada, cortada, torcida por golpes que nenhum aluno da Arcadia jamais teria sobrevivido.

As runas ancestrais ainda o protegiam… mas não o salvavam.

Nhyx’thar rugia dentro da prisão de selos, agora deformado. Seu corpo assumia formas mais monstruosas a cada segundo — braços com múltiplas juntas, colunas girando como serpentes, olhos abrindo nas costelas. A barreira rúnica tremia sob a força bruta do estágio 4 de aura.

E Hiro... tropeçava.

O sangue encharcava seus passos.

— Você não é o suficiente, sibilou Nhyx’thar. — Você é só um garoto com truques de terceira categoria!…

Ele atravessou uma das camadas de runas com pura força física. Uma garra cravou-se no ombro de Hiro, lançando-o contra a parede com um estalo seco.

O jovem gritou — mais de raiva do que dor — e caiu de joelhos, o mundo girando.

“Não basta...”

“Runas não bastam…”

“Aura não basta…”

"Magia não basta..."

Ele se forçou a levantar. e mesmo assim....sorriu.

— Você tá certo.

— Ainda não usei tudo.

Nhyx’thar gargalhou, cambaleando pela primeira vez.

— Mentiras… não tem mais nada… VOCÊ ESTÁ ACABADO!

Mas então, Hiro... falou.

Não um encantamento mágico.

Não em Runas.

Mas em uma língua perdida.

Um som gutural, cheio de ecos — como um trovão entalado na garganta da Terra.

O laboratório tremeu.

As runas apagaram-se.

E novas inscrições surgiram no chão — como brasas douradas queimando de dentro pra fora.

“Vör Nahl Lirzæk.”

("Obedeça, criatura da carne vazia.")

Nhyx’thar parou.

Suas pernas cederam.

Seu corpo contorceu-se — de medo.

— N-NÃO…!

— ESSA LINGUAGEM—

— IMPOSSÍVEL! FOI SELADA JUNTO AOS DRAGÕES NA GUERRA HÁ 300 ANOS!

Hiro deu mais um passo, cambaleante.

— Sim.... E eu a aprendi… com ela.

O ar vibrava. O laboratório tremia como se o mundo tivesse medo.

— Ela me ensinou cada palavra. Cada comando. Cada grito dos céus.

Nhyx’thar engasgou com a própria regeneração.

— Q-quem…?!

Hiro ergueu a espada. E respondeu.

— Seravhella, a Rainha dos Céus. A Mãe dos Dragões.

— Ela me treinou.

— IMPOSSÍVEL! A MARECHAL!....

Silêncio.

E então…

O monstro entendeu.

Os olhos dele dilataram. O corpo inteiro congelou.

— ..Você…

— ..Voltou no tempo...!

A lâmina de Hiro brilhou em vermelho e azul.

E então, decapitação.

O corpo de Nhyx’thar convulsionou. Tentou se regenerar.

Mas as runas dracônicas explodiram em torno do cadáver.

“Verrox Thrael. Nihil.”

("Volte ao nada.")

O corpo se desfez.

Não em sangue.

Mas em poeira cinzenta.

E então…

Silêncio.

Hiro ficou de pé por três segundos.

Quatro.

E então…

Caiu.

Sem forças. Sem mana. Sem fôlego. Sem consciência.

O fim do monstro... custou quase tudo