Uma Dourada Boas-vindas ao Dormitório Ruby

"A Srta. Serafina vai mostrar seus aposentos."

As palavras do Sr. Vance eram secas e profissionais, o momento íntimo que havia passado entre nós segundos atrás completamente apagado. Pisquei, desorientada pela mudança brusca em seu comportamento enquanto ele gesticulava em direção à porta.

De pé na entrada estava possivelmente a mulher mais bonita que eu já tinha visto. Cabelos pretos como carvão caíam em ondas brilhantes além dos ombros. Sua pele impecável complementava olhos azuis penetrantes que me avaliavam com fria indiferença. Ela usava um vestido preto justo que acentuava curvas pelas quais eu mataria, completado por saltos agulha que a faziam se erguer sobre mim.

Ótimo. Exatamente o que meu ego precisava agora.

"Esta é nossa nova aluna, Hazel Thorne," explicou o Sr. Vance. "Coloque-a no dormitório Ruby, por favor."

Os lábios perfeitos de Serafina curvaram-se em um sorriso que não alcançou seus olhos. "Claro, Kaelen."

Kaelen. O uso casual do primeiro nome dele enviava uma mensagem clara. Ela não era apenas sua assistente. Eles estavam claramente... envolvidos. Senti-me tola por ter pensado, mesmo que momentaneamente, que havia algo na maneira como ele olhou para mim.

"Venha comigo," disse Serafina, virando-se sem esperar para ver se eu a seguia.

Hesitei, olhando de volta para o Sr. Vance. "E minhas coisas? Meu telefone? Minha mãe?"

"Tudo será resolvido," ele respondeu com desdém, já voltando para a papelada em sua mesa. "Recolhemos seus pertences do seu dormitório, e providências serão tomadas para atualizações regulares sobre sua mãe."

"Mas—"

"Srta. Thorne." Seu tom não deixava espaço para argumentos. "Vá com Serafina."

Fechei a boca, engolindo uma resposta. Lutar não me levaria a lugar nenhum, e pelo menos eu estaria saindo deste escritório claustrofóbico. Com um último olhar furioso que o Sr. Vance nem se incomodou em reconhecer, segui Serafina para o corredor.

O corredor lá fora não era nada como eu esperava. Em vez do ambiente estéril e institucional que eu havia antecipado, caminhamos pelo que parecia um hotel de luxo. O piso de mármore brilhava sob uma iluminação suave, e painéis de madeira entalhada adornavam as paredes. Era bonito, intimidador e completamente estranho.

"Você vai se adaptar," disse Serafina, aparentemente notando meu olhar arregalado. "Todos se adaptam, eventualmente."

"Você é... como eu?" perguntei, lutando para acompanhar seus passos rápidos.

Ela riu, o som melodioso mas frio. "Eu sou uma Cinza, sim, mas não sou nada como você. Nasci e cresci neste reino, treinada desde a infância. Você é..." Ela pausou, me dando outro olhar avaliativo. "Diferente."

Eu não conseguia dizer se aquilo era um insulto ou não.

"Então você e o Sr. Vance são...?" deixei a frase no ar, imediatamente me arrependendo da pergunta.

Seu sorriso tornou-se presunçoso. "Kaelen e eu temos uma longa história. Ele é muito criterioso sobre quem permite que se aproxime dele." A implicação era clara: eu não estava nessa lista e nunca estaria.

Passamos por grandes janelas que revelavam jardins bem cuidados e estudantes caminhando entre os edifícios. Alguns usavam uniformes em cores diferentes — azul profundo, verde esmeralda, vermelho rubi e amarelo dourado.

"A Academia opera em um sistema de casas," explicou Serafina, seguindo meu olhar. "Quatro casas: Safira para acadêmicos, Esmeralda para curandeiros, Ruby para guerreiros e Âmbar para os artísticos."

"E eu estou em Ruby porque...?"

"Seu... incidente com o voo pelo corredor sugere aptidão para combate," ela respondeu. "Embora as designações de casas possam mudar se seus outros dons emergirem e se provarem mais fortes."

Viramos em outro corredor, este decorado com grandes formações de cristal que brilhavam com uma luz vermelha sutil.

"O Cristal Rubi," explicou Serafina sem que eu perguntasse. "Cada casa tem um. Eles ajudam a canalizar e focar nossos poderes."

Estendi a mão, tentada a tocá-lo, mas Serafina estalou a língua em desaprovação. "Não recomendado para iniciantes. Você poderia se drenar completamente."

Passamos por um pátio aberto onde estudantes estavam em pares no que parecia treinamento de combate. Um garoto não mais velho que eu jogou seu parceiro a dez pés de distância no ar com aparente facilidade. Meu estômago se contraiu ao lembrar de ter feito o mesmo com Bianca.

"Vou aprender a controlar isso?" perguntei baixinho. "O que aconteceu mais cedo — eu não queria machucar ninguém."

Pela primeira vez, a expressão de Serafina suavizou-se ligeiramente. "É por isso que você está aqui, Hazel. Cinzas não treinados são perigosos. Especialmente os que viveram entre humanos." Ela gesticulou para os estudantes lutando. "Isso não é violência por si só. É disciplina. Controle."

Saímos do prédio principal para um sol brilhante. O campus se estendia diante de nós — uma coleção de elegantes edifícios de pedra ao redor de um pátio central. Estudantes descansavam na grama ou se apressavam entre as aulas. Se não fosse pelo ocasional lampejo de olhos azuis ou demonstração de força impossível, eu poderia ter confundido com qualquer universidade prestigiosa.

"O dormitório feminino Ruby," anunciou Serafina enquanto nos aproximávamos de um edifício de tijolos vermelhos com hera subindo pelas paredes. "Homens e mulheres são alojados separadamente, embora as áreas comuns sejam compartilhadas."

Ela me conduziu através de pesadas portas de madeira para um saguão com carpete luxuoso. Uma lareira maciça dominava uma parede, cercada por sofás de aparência confortável onde alguns estudantes estavam estudando. Eles olharam para cima quando entramos, seus olhares curiosos fazendo minha pele formigar.

"Seu quarto é no terceiro andar," disse Serafina, levando-me a um elevador. Quando as portas se fecharam, ela me entregou uma chave com um rubi incrustado no cabo. "Quarto 312. Seus uniformes e itens básicos já estão lá."

"Quando posso ligar para minha amiga Willow?" perguntei. "Ela vai ficar preocupada."

"Histórias de cobertura foram providenciadas," respondeu Serafina com desdém. "Até onde seus contatos humanos sabem, você foi transferida para um programa prestigioso no exterior. É o protocolo padrão."

Meu estômago afundou. "Então eu simplesmente desapareci da vida deles? Assim, do nada?"

"É mais limpo dessa forma," ela disse com um dar de ombros enquanto as portas do elevador se abriam. "Pelo corredor, quinta porta à direita."

Caminhamos em silêncio, minha mente girando. Tudo estava acontecendo rápido demais — um minuto eu era uma caloura universitária comum, e agora eu era aparentemente algum tipo de ser sobre-humano em um reino escondido, isolada de todos que conhecia.

Quando chegamos ao quarto 312, Serafina parou abruptamente.

"Alguém virá em breve para explicar seu horário de aulas e as regras da casa," ela disse, pressionando a chave em minha palma. "Tente não quebrar nada ou ninguém enquanto isso."

Antes que eu pudesse responder, ela virou-se e se afastou, seus saltos estalando no piso polido. Assim, de repente, eu estava sozinha — abandonada do lado de fora de uma porta para um quarto em um mundo que eu não entendia, sem ideia do que aconteceria a seguir.

Olhei fixamente para a chave ornamentada em minha mão, seu rubi captando a luz e parecendo pulsar com fogo interior. Isso era real. Isso estava acontecendo.

Respirando fundo, inseri a chave na fechadura, ouvindo as pesadas travas clicarem no lugar, e me preparei para entrar em minha nova realidade.