Eu me chamo Luna Vasconcellos e, desde ontem, carrego no bolso as provas que podem explodir o legado da minha família — e me devolver o nome que me roubaram. Hoje é o sétimo dia desta mentira incrível. Hoje, a verdade sai da caixa.
Acordei com o coração acelerado. Vesti o uniforme de Melody e a jaqueta preta por cima — meu amuleto. Desci as escadas correndo, com Danielzinho e Sofia ao meu lado. Clara apareceu no topo da escada, o véu de renda enrolado na mão:
— Melody, ele pode voltar a qualquer instante — ela sussurrou, com o olhar sério de gente grande.
Balancei a cabeça, respirei fundo e disse:
— Hoje somos um time. Vocês ficam aqui, de plantão, e me avisam se ouvirem passos.
Eles assentiram, olhos brilhando de excitação e medo. Segui pelo corredor do escritório, abrindo a porta de vidro traseira — até o cofre embutido na estante. As chaves de Mirna ainda pendiam na minha mão. Girei uma, depois outra, até ouvir o clique rouco da fechadura. Puxei a portinhola e encontrei a caixa de madeira com brasão reluzente. Meu corpo estremeceu.
Dentro, havia três envelopes grossos, marcados com anos: 2007, 2008 e 2011. Peguei o de 2007, o mais antigo, e rasguei com cuidado. Lá dentro, um documento oficial: certidão de nascimento de “Luna Maria Vasconcellos”, emitida em 12 de março de 2007, no nome da família Vasconcellos. Meu nome de verdade.
Lágrimas ameaçaram cair, mas me contive: não aqui, não agora. Passei ao envelope de 2008. Dentro, o contrato de adoção assinado pela governanta Mirna, dando à irmã gêmea (Melody) a guarda oficial, enquanto eu permanecia no orfanato sob nome diferente. Por fim, o envelope de 2011 trazia um testamento suplementar, assinado pelo patriarca Leonardo: nele, ele prometia reunificar as gêmeas em 2025, caso as leis permitissem, e estipulava uma cláusula que impedia Melody de abandonar a gravadora até então.
Segurei os papéis contra o peito:
— É isso — murmurei para mim mesma — Aqui está a minha vida de volta.
De repente, ouvi um leve rangido de porta. O corredor ficou em silêncio. Senti o estômago subir: era Leonardo. O homem que escolheu quem eu seria. As crianças berraram internamente:
— Danielzinho (voz trêmula): “Ouvi passos!”
— Sofia (com urgência): “Esconde tudo!”
— Clara (abraçando meu braço): “Temos que correr!”
Mas não havia tempo. Abri o envelope grande e amarrotei os papéis dentro da caixa. Fechei a portinhola e coloquei a caixa de volta no cofre. As chaves giraram sozinhas e, quando a porta se trancou, dei um pulo — como se pudesse fugir dali.
Leonardo surgiu na soleira da porta, os olhos faiscando como lâmpadas acesas de repente. O terno escuro o deixava imponente. Ele me encarou, sem surpresa — como se me esperasse.
– Leonardo (voz lenta): “Não imaginei que fosse tão rápido, minha filha.”
Segurei o braço do colete dele, separei o apito da garganta:
– Luna (com firmeza): “Não sou sua filha falsa. Sou eu, que você escond eu de mim mesma.”
Ele desviou o olhar, calculando o perigo. Então entrou completamente e fechou a porta. O corredor de madeira reverberou cada passo dele até se encontrar com o controle do meu destino.
– Leonardo (com tristeza): “Você viu… tudo.”
Senti o rosto queimar:
– Luna (segurando o violão): “Vi. E sei que planejou reunir nossas vidas lá em 2025. Mas 2025 já começou.”
Ele suspirou, apoiou as mãos na escrivaninha cheia de papéis e revistas. Atrás dele, quadros de capas de disco e troféus reluziam. De repente, ele pareceu menor.
– Leonardo (voz rouca): “Não é tão simples. A imprensa, os contratos, a reputação…”
Caminhei até o centro da sala, o violão batendo no meu quadril:
– Luna (olhando nos olhos dele): “Nada é mais urgente do que minha verdade. Eu exijo meu nome, meus documentos e a minha família de volta.”
Ele fechou os olhos, como se isso fosse um belo concerto — mas cada palavra soava como notas dissonantes.
– Leonardo: “Se você expuser isso, destruirá tudo: a gravadora, o império, e até Melody.”
Balancei a cabeça:
– Luna: “Melody não é só um produto. Ela é minha irmã. E nós duas merecemos liberdade.”
Nesse momento, a porta do cofre escancarou-se e as crianças correram para dentro da sala como um turbilhão de esperança.
– Sofia (pulando, ofegante): “Tia Luna, a caixa… desapareceu!”
Leonardo arregalou os olhos. Eu fechei o cofre e disse:
– Luna: “Porque eu tirei. As provas estão aqui comigo.”
Ele encarou cada uma delas. Sofia segurava a touca de coelho, Danielzinho segurava a lanterna e Clara abraçava o diário de Mirna no braço.
– Leonardo (com voz trêmula): “Vocês não deveriam ter vindo.”
As crianças se encolheram, mas não saíram. Foi Sofia quem falou:
– Sofia (com coragem de sete anos): “Ninguém mais vai apagar a sua história.”
Leonardo olhou para mim, depois para elas, e finalmente se rendeu:
– Leonardo: “Certo… mas faremos do meu jeito. Ouça-me.”
Ele pegou uma cadeira e sentou-se, fazendo sinal para que eu me aproximasse. As crianças formaram um semicírculo em volta de nós.
– Leonardo: “Eu escondi você por amor e por medo. Tinha medo de destruir a carreira de Melody. Mas o amor a sua mãe me levou a fazer o impensável. Agora, quero corrigir. Porém, precisamos de um plano.”
Segurei forte o violão:
– Luna: “Quero minha certidão de nascimento nas mãos até o fim do dia. E que revele ao mundo que Melody tem uma irmã.”
Ele fechou os olhos, pesou cada palavra e murmurou:
– Leonardo: “Dará certo… mas você não está preparada para a tempestade que virá.”
Clara soltou um soluço:
– Clara: “Eu estou com medo.”
Ajoelhei para ficar no nível dela, segurei seus ombros:
– Luna: “Medo faz parte de quem somos. Mas juntos, vamos enfrentar tudo.”
Sofia correu e agarrou minha perna:
– Sofia: “Eu estou pronta!”
Danielzinho colocou a mão no meu ombro:
– Danielzinho: “Eu ajudo a expor tudo na internet.”
Leonardo olhou para aquele grupo improvisado e, pela primeira vez, eu vi um pai dividindo terreno com a filha que escondeu. Ele respirou fundo e levantou-se:
– Leonardo: “Então vamos reagir. Hoje à noite, faremos um comunicado à imprensa. Mas, até lá, vocês — minhas gêmeas — guardam segredo. Entenderam?”
Todos assentimos. A tensão se dissipou num suspiro coletivo. Naquele instante, nossas vozes se uniram, como em um coral de redenção.
Saímos do escritório juntos — três crianças, a irmã escondida e o pai culpado. Lá fora, o sol já baixava no horizonte: tinha começado a ensaiar o maior ato da minha vida. E, pela primeira vez, eu não estava sozinha.
Fim do Episódio 7
No próximo episódio: o comunicado à imprensa que mudará a vida de Luna e Melody para sempre.