EPISÓDIO 13 — O SEGREDO DA SALA 204
O semestre recomeça, e com ele vêm novos livros, provas e… segredos que podem abalar alianças recém-formadas.
Meu nome é Luna Vasconcellos. Hoje acordei com o sino antigo da mansão marcando 6h30. Vesti o uniforme — gravata perfeitamente alinhada, camisa branca sem um vinco e saia xadrez — e escutei as vozes das crianças ecoando pelo corredor:
Sofia (gritando do topo da escada): “Mana, não esquece a lancheira de brigadeiro!”
Danielzinho (já no carro): “E o tablet com os apontamentos, né?”
Clara (abrindo a porta do quarto): “Boa sorte! A sala 204 espera por você!”
Sorri, beijei a testa de cada um e peguei o pendrive de partituras no bolso. O carro deslizou pelo portão e deixou-me na frente da Elite Harmonia. O portão se abriu, e lá estavam alunos apressados, alguns me reconhecendo e sussurrando “boa sorte, Luna”. Respirar fundo tornou-se meu abraço de coragem.
Entrei pela porta principal e fui direto à sala 204 — Literatura Avançada, minha primeira aula. Entreguei o crachá à assistente, ajeitei a mochila e sentei-me ao lado de Bianca, que leu meu nome no crachá e levantou uma sobrancelha:
— Bianca: “Vai manter o reinado do coral esta semana?”
Sorri:
— Luna: “Vou tentar. Mas hoje temos poesia — e eu adoro Versos de Bandeira.”
Ela inclinou o tronco, fingindo interesse:
— Bianca: “Surpreenda-me.”
O professor entrou, alto, com olhos de águia, e começou a discussão sobre “Metáfora e Verdade”. Quando chegou minha vez de ler, li com emoção:
Luna (em voz alta):
“Entre as linhas do silêncio se revela
O eco dos sonhos que o peito guarda em segredo.”
A sala ficou em silêncio. O professor assentiu satisfeito e anotou no caderno:
Professor: “Bom uso de imagens poéticas, Luna.”
Mas então, no canto da sala, uma voz baixa — Letícia, uma colega de turma — sussurrou para sua amiga Marcela:
Letícia (arqueando as sobrancelhas): “Você viu o blog? Tem gente dizendo que a gêmea ‘verdadeira’ de Luna era filha de um funcionário de mesa, não de orfanato.”
Meu coração gelou. Funcionário de mesa? Orfanato? Eu sabia a minha história… mas aquela versão inventada, online, já circulava. Marcela deu um risinho:
Marcela: “E dizem que ela não é nem boa cantora. Ué, de novo robôzinho de teclado?”
As palavras cortaram minha confiança. A sala girou, senti vontade de fugir. Fechei o livro com cuidado e encarei Letícia:
Luna (baixo, mas firme): “Esses boatos… não são verdade.”
Ela revirou os olhos:
Letícia: “Ah, vai… todo mundo sabe de onde você veio.”
O professor interrompeu:
Professor: “Vamos manter o foco, por favor.”
Mas a maldade já havia voado. Senti lágrimas quentes, mas me recusei a ceder ao medo. Respirei fundo, ergui o olhar:
Luna (em voz clara): “Boatos não me definem. Quem quiser saber, pergunte a mim.”
Letícia cruzou os braços, encrespou o lábio, e virou o rosto.
Depois da aula, Gabriel me esperava no corredor:
— Gabriel: “Vi o que aconteceu. Você está bem?”
Respirei:
— Luna: “Vou ficar. Mas me doeu.”
Ele tocou meu braço:
— Gabriel: “Eles mentem para derrubar quem se destaca. Não deixe isso te parar.”
Sorri agradecida e abracei-o por um instante.
No intervalo, fui ao pátio e encontrei Bianca, que segurava o celular:
— Bianca: “Apaguei vários comentários falsos. Mas precisamos reagir logo.”
Ela me conduziu ao gabinete do grêmio. Lá, usou o microfone interno:
— Bianca: “Atenção, turma da Elite Harmonia! Hoje, às 17h, haverá sessão de esclarecimento no auditório sobre boatos contra nossas gêmeas. Convido todos a participarem.”
A voz dela ecoou pelos alto-falantes, e eu vi cabeças se virar. Naquele instante, soube que tinha um aliado inesperado.
Terminei o dia até a aula de Música Prática, onde conduzi um breve aquecimento vocal. As crianças me aguardavam na porta da escola, correndo com cartazes coloridos: “Luna é Luz!” e “Gêmeas Vasconcellos, Sempre!” Eles sorriam aliviados:
Sofia: “Eles vão assistir!”
Danielzinho: “Preparei slides pra provar quem você é!”
Clara: “Eu trouxe flores!”
Segurei o braço de cada um:
— Luna: “Vocês me dão forças. Agora, vamos enfrentar esse desafio juntos.”
De volta à mansão, sentei com Leonardo e Melody na sala de estar:
Leonardo: “Você mostrou coragem. Agora vamos planejar as provas: certidões, fotos, diário de Mirna…”
Melody: “E amanhã, que tal uma live juntas? Eu e você, unidas pela verdade.”
As crianças se enfileiraram atrás de nós, segurando o diário, o pendrive e as certidões. Clara apoiou-se no braço do sofá:
Clara: “Vamos mostrar quem somos de verdade.”
Eu sorri, sentindo o amor deles curar cada ferida do dia. Apelei para a música:
Luna: “Que tal um ensaio rápido da nossa nova canção? ‘Vozes que Curam’?”
Cantamos juntos, com as vozes ecoando pela casa. Cada nota apagou um pouco da angústia da sala 204.
Na noite, antes de dormir, li as mensagens de apoio online — agora, 70% eram de incentivo. Respirei aliviada. Olhei para o espelho do meu quarto:
Luna (pensando): “Não importa de onde os boatos venham. Enquanto tivermos verdade, música e quem nos ama, seremos inabaláveis.”
Apaguei a luz e adormeci, pronta para um novo dia de luta, sorrisos e canções.
Fim do Episódio 13
No próximo episódio: a sessão de esclarecimento no auditório e o fortalecimento dos laços entre as gêmeas.