Episódio 14

EPISÓDIO 14 — A VERDADE NO AUDITÓRIO

Hoje, o palco do auditório da Elite Harmonia será iluminado não apenas por refletores, mas pela força da verdade e pelos corações pequenos que me ensinaram o valor de ser quem sou.

Meu nome é Luna Vasconcellos, e acordei com o peito apertado pela expectativa. Ajudei as crianças a se aprontarem:

Sofia, de vestido branco simples, mas com as asas de borboleta escondidas na mochila;

Danielzinho, segurando o tablet pronto para exibir slides;

Clara, com o diário de Mirna e um porta-documentos cheio de certidões.

Vesti o uniforme completo, ajeitei o blazer e prendi o cabelo num coque baixo. Desci a escada e vi os três reunidos em frente ao piano:

Sofia (determinada):

“Hoje nós mostramos quem Luna é de verdade!”

Danielzinho (com o tablet na mão):

“Eu organizei tudo em quatro pontos: certidão, contrato, testamento e diário.”

Clara (acariciando o diário):

“E eu vou ler um trecho de Mirna.”

Sorri e abracei cada um:

Luna:

“Obrigado, meus corações. Agora vamos fazer história.”

Chegamos à escola em silêncio reverente. O auditório estava lotado: alunos, professores, jornalistas internos e até alguns pais curiosos. No palco, uma longa mesa com quatro microfones e cadeiras alinhadas. Sob o pano vermelho, um cavalete com o brasão Vasconcellos coberto. Atrás, uma grande tela de projeção estava pronta para as apresentações.

A Professora Helena, coordenadora de vida estudantil, subiu ao palco:

Professora Helena (com voz firme):

“Boa tarde a todos. Hoje, no ponto 204 do nosso ‘Abrindo Verdades’, vamos esclarecer os boatos contra nossa aluna Luna Vasconcellos e apresentar documentos comprobatórios. Peço a atenção de cada um.”

Ela gesticulou para que eu subisse. Meu coração disparou. Aproximei-me do microfone central enquanto as crianças ocupavam três cadeiras discretas ao lado. Leonardo, meu pai, e Melody sentaram-se no fundo do palco, apoiando-se na beirada da mesa.

Luna (respirando fundo):

“Obrigada, professora. Boa tarde, colegas. Quero começar reafirmando algo simples: boatos não substituem provas. Por isso, convidei três testemunhas especiais para me ajudar a contar a verdade.”

Acenei para Sofia, que levou o cavalete até o centro do palco e descortinou o brasão Vasconcellos. Um silêncio reverente se fez.

Luna:

“Ponto 1: minha certidão de nascimento.”

Danielzinho tocou um botão no tablet e projetou na tela uma cópia nítida: certidão de Luna Maria Vasconcellos, registrada em 12 de março de 2007.

Danielzinho (com voz clara):

“Aqui está a certidão original. Emitida pelo Cartório Central no mesmo dia do nascimento.”

O público inclinou-se. Eu sentei-me, respirei, e me levantei novamente.

Luna:

“Ponto 2: o contrato de adoção.”

Clara ergueu o contrato encadernado em couro e leu em voz firme:

Clara:

“’Eu, Mirna Santos, concordo em manter o nome artístico de minha filha Melody Vasconcellos e registrar a outra sob nome distinto, por segurança.’”

As palavras ecoaram como um sussurro que atravessou o auditório. Vi olhares de espanto e compaixão.

Luna:

“Ponto 3: o testamento familiar.”

Danielzinho trocou o slide para o documento assinado por meu pai, datado de 2011, prometendo reunir as gêmeas em 2025. A plateia murmurou “uau”.

Luna:

“Ponto 4: o diário de Mirna.”

Sofia entregou o diário, que Clara apoiou no púlpito. Ela leu um trecho emocionante:

Clara (emocionada):

“‘Se algum dia minhas filhas se encontrarem, que estas páginas as abracem com o mesmo amor que um pai e uma mãe deveriam trazer. Que a verdade cure cada lágrima.’”

As lágrimas começaram a rolar — não só na minha face, mas em muitos rostos na plateia. Eu segurei o microfone com força:

Luna (com a voz embargada):

“Esta é a verdade da minha vida. Peço desculpas por não ter aparecido antes, mas espero que agora possamos seguir juntos: pai, irmã e amigos.”

Um repórter interno ergueu a mão:

Repórter:

“Luna, como se sente ao enfrentar isso publicamente?”

Olhei para Gabriel, que me deu um sorriso de incentivo. Respondi com convicção:

Luna:

“Assustada, mas feliz. Feliz por ter minha história reconhecida.”

A Professora Helena voltou ao microfone:

Professora Helena:

“Que lição de coragem, Luna. A Elite Harmonia agradece sua honestidade. E agradece aos seus ajudantes especiais.”

As crianças levantaram-se, timidamente, enquanto aplausos calorosos ecoavam. Vi Bianca, na plateia, aplaudindo com sinceridade. Meu peito se encheu de gratidão.

Depois da sessão, Leonardo desceu do palco e me abraçou ao lado das crianças:

Leonardo (sussurrando):

“Você foi incrível. Desculpe por tudo.”

Abracei-o de volta:

Luna:

“Somos uma família agora.”

Melody aproximou-se e me deu um beijo no rosto:

Melody:

“Estou tão orgulhosa de você.”

Mais tarde, no corredor do auditório, Gabriel me esperava:

Gabriel:

“Posso te levar um chocolate quente?”

Sorri e associei-lhe o olhar sincero:

Luna:

“Gostaria muito.”

Enquanto caminhávamos juntos, senti que cada passo reconstruía não apenas minha reputação, mas também meu coração. As crianças vieram correndo e envolveram-nos num abraço coletivo:

Sofia:

“Conseguimos!”

Danielzinho:

“A verdade venceu!”

Clara:

“Eu amo vocês!”

E ali, entre risos e prazeirosos ternos de reconciliação, eu soube que o Episódio 14 terminava com a certeza de que, mesmo depois de espelhos quebrados e segredos dolorosos, a família – biologicamente incompleta, mas unida no amor – podia brilhar mais do que qualquer fama.

Fim do Episódio 14

No próximo episódio: a repercussão externa desse “Abrindo Verdades” e os planos de Leo para proteger suas filhas.