Sky também se levantou.
— Se quiser ficar aí, fique à vontade. Nós vamos dar uma olhada! — disse Slayer, enquanto saía do quarto.
A cena muda para o lado de fora.
— Ele voltou para a sala de treino! Vai treinar agora? — exclamou Sky, observando de longe.
— Os líderes estão de olho nele! — disse Slayer, também observando.
— Por que eles estão se escondendo? — perguntou Kratos, intrigado.
— Alô, polícia! Encontramos pessoas suspeitas! — brincou Thais.
— Quem é suspeito? Não me assuste assim! — disse Kratos, desconcertado.
— O que vocês estão fazendo, garotos? — perguntou Mira, se aproximando.
— Olhem ali! — disse Slayer, apontando.
— Por que os líderes estão se escondendo? — perguntou Viviane, curiosa.
— Mais suspeitos! — riu Thais.
— Não seja tola, estamos observando o Kay! — respondeu Slayer.
— E cadê ele? — perguntou Ravena, olhando ao redor.
— Está lá dentro. Acho que ele vai treinar, então fiquei curioso! — explicou Slayer.
— Quanto tempo ele está lá? — perguntou Mira.
— Entrou há pouco tempo! — disse Slayer.
— Então ele já deve estar concentrado. — Mira começou a caminhar em direção à sala.
— Espera, eles vão te ver! — disse Sky, tentando detê-la.
— O Kay não vai nos perceber. Podem vir! — disse Mira, acenando para os líderes.
Eles pararam de se esconder e seguiram até a sala de treinamento.
Kay estava parado com os olhos fechados.
— O que ele está fazendo? — exclamou Sarah, intrigada.
— Está relembrando os movimentos que fizemos nos testes — respondeu Mira.
— Relembrando? Por quê? — perguntou Sarah, confusa.
— Ele primeiro revisa os movimentos e, em seguida, se coloca no lugar da pessoa. Depois, ele refaz cada movimento para entender nosso estilo e como pensamos durante uma luta — explicou Mira.
— Entender como uma pessoa pensa? Por que ele se daria a esse trabalho? — questionou Joana, cética.
— Para compreender como deve se sincronizar com alguém em combate e também para se fortalecer. Vocês vão ver — disse Mira, confiante.
Kay, ainda de olhos fechados, caminhou calmamente até os punhos ingleses que Fiona havia usado. Sem abrir os olhos, ele os colocou nas mãos e se posicionou exatamente como ela havia feito no teste. Em sua mente, o ambiente ao redor se transformou: os robôs imaginários tomaram forma, cercando-o em um círculo, como na simulação que Fiona enfrentara.
Ele flexionou os joelhos, concentrando-se. Os bonecos ao redor começaram a "se mover", simulando ataques coordenados. Em um instante, um dos bonecos avançou com o braço articulado disparando em sua direção. Kay reagiu como Fiona, girando o corpo para o lado com fluidez, desviando do golpe. Seu punho, envolto nos punhos ingleses, explodiu contra o "peito" do boneco imaginário, rachando-o com a intensidade do impacto.
Outro boneco se aproximou pelas costas. Sem hesitar, Kay saltou, girando o corpo no ar e desferindo um soco lateral que o pegou de surpresa. Ao aterrissar com leveza, ele já avançava novamente, desviando de um ataque baixo e descendo com um soco certeiro no ponto de articulação de um dos bonecos. A estrutura do boneco se despedaçou em sua mente, peças imaginárias de madeira e metal caindo ao chão com um som ensurdecedor, embora ele soubesse que tudo se passava em sua mente.
Kay manteve a concentração, reproduzindo fielmente os movimentos de Fiona, em um fluxo de combate ininterrupto, estudando não apenas a técnica dela, mas também o ritmo, a precisão e a mentalidade que ela incorporava em cada golpe.
Fiona observava tudo com os punhos cerrados, irritada ao ver seu estilo sendo copiado com tamanha precisão. Kay repetiu o último movimento dela e, então, parou. Respirou fundo e, ainda de olhos fechados, caminhou até a espada longa que Mira havia usado no teste, preparando-se para recomeçar.
A cena muda. Alguém corria apressado pelos corredores da base e, abruptamente, abriu a porta da sala de treino.
— O que está acontecendo? — exclamou a cientista, entrando de forma agitada.
— Qual é o problema? Parece bem nervosa! — disse Joana.
— Leituras anormais em um dos trajes! — respondeu a cientista, olhando em direção a Kay, que permanecia parado, respirando profundamente.
— O que quer dizer com "anormais"? — perguntou Joana, franzindo o cenho.
— Queda brusca no desempenho do traje, e a porcentagem está variando de maneira irregular! O que esse garoto está fazendo para isso acontecer? — indagou a cientista, analisando os dados em um tablet.
— Queda de desempenho? Avalie a porcentagem do traje dele agora e compare com a do San! — ordenou Yan.
Kay, ainda com os olhos fechados, pegou o arco e flecha que San havia utilizado no teste e se posicionou novamente, recriando com precisão cada detalhe.
— As porcentagens estão próximas, mas por quê? — murmurou a cientista, perplexa.
— Ele está recriando os movimentos dos recrutas, ajustando sua força e velocidade para imitar cada um. Mas o interessante é que ele consegue fazer a porcentagem do traje mudar conforme quer... Isso precisa ser investigado! — observou Joana.
— O nariz dele está sangrando! — exclamou Sarah, apontando.
— Onde? — disse Sky, focando em Kay.
O sangue escorria do nariz de Kay, sinal de que ele estava se esforçando ao limite.
— Está forçando demais a mente — comentou a cientista, com um tom de preocupação.
Kay continuava recriando os movimentos de San, sem se preocupar com o sangue que escorria de seu nariz.
— Ele não vai parar até terminar o treino... Isso acontece às vezes — disse Mira, observando-o com uma expressão levemente preocupada.
— Não é perigoso? — perguntou Dan, alarmado.
— Só se ele fizer alguma besteira! Fora isso, ele aguenta — respondeu Mira com confiança.
— Quebra de... — começou Kay, com a voz baixa.
Sem hesitar, a cientista rapidamente disparou na direção dele, interrompendo sua frase.
— O que foi isso? — exclamou Mira, assustada.
— Tipo esse tipo de besteira! Ele estava prestes a ativar a quebra de limite! — explicou a cientista, com uma expressão séria.
— O que eram aquelas agulhas que você atirou nele? — perguntou Slayer, curioso.
— Tranquilizantes — respondeu a cientista, suspirando. — O que ele estava pensando, querendo fazer algo assim?
— Eu não entendo a mente do Kay... Ele é louco! — disse Mira, revirando os olhos, mas com um toque de admiração.
A cientista checou os dados em sua prancheta eletrônica.
— O traje voltou para 100%, está estabilizado. Da próxima vez que ele tentar, impeçam! — ela ordenou, retirando-se da sala.
Nesse instante, o alarme soou por toda a base.
— Logo agora! — disseram os líderes, trocando olhares e rapidamente se retirando.
— Vistam seus trajes! Vocês vão participar da primeira batalha contra os ghouls! — anunciou Yan, com um tom grave.
A cientista voltou ao seu posto, e os preparativos para o combate começaram.
— Mas e o Kay? — exclamou Mira, preocupada.
— Ele já está com o traje. Agora se preocupe com você! — disse Ravena, retirando-se rapidamente.
— Voltaremos para buscá-lo depois. Vamos nos preparar! — acrescentou Kratos, saindo em direção ao ponto de encontro.
Relutante, Mira deixou Kay ali e foi com os outros.
A cena muda. Todos os soldados estavam em posição de continência. À frente do exército, os líderes se alinhavam, representando seus esquadrões, também em continência enquanto Takemichi se aproximava.
— Duas regiões diferentes, sul e leste. Como sabem, o sul é uma área comercial, onde ficam nossas maiores plantações. Vamos dividir a equipe: primeiro, segundo e terceiro esquadrão, cuidem dessa região. O quarto esquadrão virá comigo para o leste! — ordenou Takemichi, com voz firme.
— Certo! — responderam os soldados em uníssono.
Yan deu um passo à frente, hesitante.
— Senhor, se me permite, sei que o tempo é curto, então serei breve. Meu esquadrão atualmente conta com recrutas sem experiência em combates reais. Por que enviá-los para uma área tão populosa?
Takemichi olhou de relance, ligeiramente irritado.
— Por isso estou indo com vocês. O governo decidiu que a região comercial é prioritária, então estou enviando três esquadrões para lá.
— Entendo, desculpe pela pergunta — disse Yan, com uma continência respeitosa.
— De qualquer forma, tenho expectativas em relação aos novatos — respondeu Takemichi, com um olhar de confiança nos recrutas.
Yan se voltou para seu esquadrão.
— Liguem seus rádios e sintonizem na faixa quatro. Os rádios estão junto com as armas de vocês! — ordenou.
— Certo! — afirmaram os recrutas, se preparando.
Sky se aproximou do Kay desmaiado e ajustou o rádio dele também, garantindo que estivesse na frequência correta.
Pelo rádio, a voz de um dos pilotos soou:
— Os veículos estão prontos!
— Breno, Ravena, Slayer, Sarah, Thais, Mey e Dan, vocês vêm no helicóptero conosco. Jean será o líder do restante de vocês que irão nos caminhões! — ordenou Yan.
— Certo! — respondeu o esquadrão, se movendo rapidamente para os veículos.
O quarto esquadrão foi o primeiro a deixar a base, rumo à batalha.
Alguns minutos depois. Dentro do caminhão, Kay começou a despertar, murmurando:
— Que macia...
— Se acordou, pode levantar agora! — disse Mira, envergonhada.
— Por que estão com essas expressões? — perguntou Kay, confuso ao ver os rostos tensos dos colegas.
— Estamos indo para a guerra! — respondeu Mira, séria.
— Ah, entendo, então estão ansiosos para lutar! — disse Kay, esboçando um sorriso despreocupado.
— Acho que essa ansiedade é mais para medo do que empolgação... — comentou San.
— Medo? Por quê? Vocês são fortes! — exclamou Kay, com naturalidade.
— Você não entende — disse Viviane. — Os ghouls são numerosos e fortes. Não sei como você enfrentou um antes, mas isso aqui é diferente!
— Levanta logo, Kay, você está tomando o espaço dos outros! — insistiu Mira.
De repente, San se sobressaltou.
— Vocês estão ouvindo esse barulho?
— Que barulho? — perguntaram os outros, surpresos.
Kay franziu a testa, concentrando.
— Mudem a rota, tem ghouls naquela cidade!
Um dos veteranos balançou a cabeça.
— Impossível, não ouvimos relatos de ghouls tão perto assim!
— A cidade está agitada — disse San, concentrando no barulho.
— Vai atrasar nossa equipe! — resmungou o veterano.
Kratos pegou o rádio e fez o pedido:
— Recebemos sinais de ghouls na cidade de Kanto. Permissão para investigar?
— Não aja sem permissão, recruta! — advertiu o veterano.
— Prossiga! — autorizou Takemichi, pelo rádio.
O motorista mudou a rota imediatamente.
— Como os outros caminhões estão mais à frente, vocês terão que assumir essa tarefa — informou o veterano.
— Somos todos recrutas, como vamos lidar com isso sozinhos? — exclamou um dos recrutas, apreensivo.
— Com fé e determinação! — disse Kratos, tentando elevar a moral do grupo.
Kay fechou os olhos por um instante, concentrando-se.
— Cinco ghouls. Três à direita, um no centro e um à esquerda! — relatou.
— Vamos nos dividir e... — o veterano começou, mas foi interrompido por San.
— Tem uma criança gritando à esquerda!
Kay se levantou rapidamente.
— Fique junto deles! — disse ele, para mira.
— Vai sozinho? — exclamou Mira, surpresa.
— Encontro vocês depois. Cuido do ghoul na esquerda! — afirmou Kay, pulando do caminhão com agilidade.
— Tome cuidado! — gritou Mira, apreensiva.
— Vocês também! — respondeu Kay, correndo em direção à cidade.
O veterano observou, impressionado.
— Ele é rápido...
Virando-se para o restante do grupo, ele continuou:
— Não conheço o modo como vocês lutam, mas preciso de três no centro. O restante vem comigo para a direita, onde tem mais ghouls!
As equipes se separaram. Mira, San e Viviane seguiram para o centro, enquanto os outros foram para a direita.