Capitulo 22: Três contra um!

As equipes se separaram. Mira, San e Viviane seguiram para o centro, enquanto os outros foram para a direita.

De repente, o rádio estalou com a voz de Kay:

— Tem uma mulher ferida e a filha dela aqui. O ghoul foi eliminado. Como prosseguir?

— Ele já matou o ghoul?!, ainda nem chegamos no inimigo! — murmurou San, impressionado.

O veterano respondeu pelo rádio:

— Entregue à mulher um sinalizador vermelho e peça para que ela o lance ao ouvir o helicóptero se aproximando.

— Não tenho sinalizador comigo, e as pernas dela estão quebradas. Vou levá-las junto com outros civis e encontro vocês no centro! — informou Kay.

— Prossiga! — respondeu o veterano.

Mira ainda correndo em direção ao centrocom San e Viviane, disse, tremendo:

— O Kay está vindo. Vamos eliminar esse e esperar por ele aqui, depois vamos juntos para a direita!

San percebeu o nervosismo de Mira.

"Ela está com medo... nós todos estamos. É a nossa primeira vez enfrentando um ghoul", pensou ele.

Enquanto se aproximavam do centro, passaram por pessoas fugindo em pânico.

— Estamos perto! — disse San, atento.

Viviane olhou ao redor, desconfiada.

— Por que não tem mais barulho a frente?

San estreitou os olhos, tentando captar os ruídos ao redor.

— Estou ouvindo sons... Ele está próximo! — disse ele, guiando-os até o ghoul.

Quando chegaram ao local, Mira, San e Viviane ficaram paralisados pelo terror da cena. À sua frente, o ghoul estava abaixado, devorando o corpo de uma pessoa. Os três não conseguiam desviar o olhar da criatura, e o pânico os manteve imóveis. Com o coração disparado, nenhum deles ousava se mover ou fazer qualquer som.

De repente, a voz do piloto do helicóptero soou pelo rádio:

— Atenção, helicóptero a caminho! Levem os feridos para fora da cidade!

O ghoul, atraído pelo som do rádio, parou de comer e virou-se na direção deles. Sem olhos, ele se guiava pelo cheiro e pelo barulho, farejando o ar em busca de suas próximas presas. Lentamente, ele se levantou e começou a se mover, cheirando e tateando o ar com movimentos grotescos, cada vez mais próximo.

O medo congelou Mira, San e Viviane. Suas mentes gritavam para que se movessem, mas seus corpos se recusavam a obedecer.

"Se mova, se mova!" pensavam eles, cada um tentando lutar contra o próprio medo.

Mas o ghoul continuava a se aproximar, cada passo fazendo o chão tremer levemente, sua presença tornando o ar pesado e sufocante.

— Ele está vindo! Estou com medo, por favor, alguém... por favor, Kay, me ajuda! — pensou Mira, em desespero.

A cena muda para alguns minutos antes.

— Obrigada, tio! — disse a garota, tentando se manter calma.

— Vocês vão ficar bem. A ajuda está a caminho para levar sua mãe! — assegurou Kay.

— Atenção, helicóptero a caminho! Levem os feridos para fora da cidade! — informou o piloto pelo rádio.

— Está vendo? Eles vão cuidar de vocês! — continuou Kay, tentando tranquilizar os civis.

— Se acalmem, o exército está lidando com os ghouls! — disse o motorista do caminhão, observando a movimentação ao redor.

Kay levou a mulher ferida e a filha dela para próximo do caminhão.

— Qual é a situação? — perguntou o motorista.

— Eu informei pelo rádio. Ela está ferida, e eu já eliminei um dos ghouls! — respondeu Kay, firme.

— Um soldado... minha família estava na cidade, mas eu não os vejo! — disse um dos civis, apavorado.

— O exército está cuidando dos ghouls. Vamos procurar sobreviventes depois, mas preciso que todos mantenham a calma! — reforçou o motorista.

— Tem seis ghouls na cidade. Já eliminei um, e meus companheiros estão enfrentando os outros. Não posso garantir que as pessoas na cidade ainda estejam vivas, mas vocês poderão procurar depois que tudo terminar. Só não entrem antes, ou podem acabar se envolvendo! — alertou Kay, colocando a mulher no chão com cuidado.

— Tio? — chamou a garota.

— O tio vai cuidar dos ghouls e proteger a cidade. Preciso que fique aqui protegendo sua mãe! — disse Kay, com um sorriso encorajador.

— Tá! — respondeu a menina, confiante.

Kay acenou para ela e se afastou.

— Toma cuidado! — disse a garota, preocupada.

— Vou tomar! — respondeu Kay, desaparecendo na direção do perigo.

De volta à cena do ghoul.

"Se mova! Anda, se mova!" pensavam os três, tentando superar o medo.

San pegou seu arco e uma flecha, mas suas mãos tremiam tanto que ele mal conseguia encaixar a flecha. De repente, Viviane saiu correndo.

— O quê? — pensaram Mira e San, chocados.

O ghoul ouviu os passos de Viviane e virou-se em sua direção. Mira, percebendo a chance, deu um salto para trás, chamando a atenção do ghoul para si. Assim que seus pés tocaram o chão, o monstro se voltou para ela. San aproveitou o momento e lançou uma flecha, mas, devido ao tremor, o tiro não foi fundo o suficiente.

— "Eu estava tremendo demais... não foi profundo o suficiente!" — pensou San, enquanto corria para se esconder entre as casas.

O ghoul começou a persegui-lo, guiado pelos sons de seus passos. De repente, um tiro passou perto do ghoul, desviando sua atenção.

Viviane havia corrido até um prédio e se posicionado para atirar com apoio.

— "Podia ter avisado antes! Achei que você tinha fugido!" — pensou San, aliviado, ao ver que Viviane tinha se posicionado para dar cobertura.

Dentro de uma das casas, Kay observava atento enquanto seus amigos se organizavam em formação.

"Essa formação... Eles sabem o que estão fazendo," pensou ele, mantendo-se escondido, mas preparado para agir se necessário.

Mira segurava sua espada, mas suas mãos ainda tremiam. Ela olhava para o ghoul à frente com os olhos arregalados, o medo pesando em cada fibra de seu corpo.

"Eu não vi esse ghoul lutando antes... Como vou enfrentá-lo? Será que consigo mesmo matar um deles?" pensou Mira, o coração disparado, enquanto tentava reunir coragem.

Vendo o medo estampado no rosto dela, Kay sabia que era o momento certo para pôr em prática o que Rem havia ensinado no caso da Mira ficar com medo nas batalhas.

Mira então pegou uma pedra no chão e, respirando fundo, jogou-a com força em uma direção oposta para distrair o ghoul. O monstro virou a cabeça imediatamente, atraído pelo som, e Mira, sem perder tempo, começou a correr em sua direção, erguendo a espada, pronta para atacar.

"É isso. Só preciso chamar a atenção dele no barulho para a mira atacar" pensou Viviane, mirando cuidadosamente.

O ghoul estava completamente focado, seguindo os passos e o cheiro de Mira. Quando Mira finalmente atacou, o monstro deu um salto longo para trás, desviando-se habilmente.

— Ele desviou! — pensou Mira, a frustração tomando conta dela.

— Mantenha a calma, Mira! Você não está sozinha! — murmurou Kay para si, com um toque de orgulho.

Foi nesse momento que uma flecha cortou o ar, vindo de San. O ghoul levantou o braço para se defender, mas a flecha o acertou direto no antebraço, fazendo-o puxá-la com um grunhido e jogá-la ao chão. Porém, ao fazer isso, ele notou uma estranha sensação de ardência no braço.

— Não é uma bomba, mas se eu esticar a flecha rápido o suficiente, o atrito pode fazer com que ela pegue fogo ao soltar do arco, queimando a pele dos ghouls... Mas só funciona bem a uma certa distância, ou ele teria sentido o cheiro! — explicou San, com um sorriso de vitória.

— Bom trabalho! — disse Mira, reconhecendo a vantagem que San lhe havia dado.

— O braço dele vai ficar dormente. Essa é sua chance, Mira! — incentivou San.

Mira assentiu, concentrando-se de novo, e rapidamente assumiu uma posição de ataque. Ela começou a avançar, espada em mãos. Viviane, aproveitando a situação, se preparou e disparou sua arma.

O ghoul ouviu o som do disparo e se virou, distraído mais uma vez. Mira arrastava sua espada no chão enquanto corria, criando faíscas e um som agudo que chamavam ainda mais a atenção do monstro. Ele estava dividido entre os sons e o cheiro, confuso e desorientado.

Nesse instante, a bala de Viviane estava perto o suficiente para que o ghoul não tivesse tempo de escapar. Mira levantou a espada, pronta para finalizar o golpe. A bala atingiu o ghoul direto na cabeça, derrubando-o. Ele caiu morto em um só golpe, e Mira, ainda em movimento, tropeçou, desacelerando de repente ao ver que o monstro já estava no chão, inerte.

San e Viviane se aproximaram de Mira, observando o corpo caído do ghoul no chão. Ainda ofegantes, olharam para a criatura com uma mistura de surpresa e alívio.

— Bicho feio! — murmurou San, tentando recuperar o fôlego.

— Era só isso? Um tiro e ele morreu? — disse Viviane, desacreditada, ainda com o coração batendo acelerado.

— Pois é... — respondeu Mira, balançando a cabeça, ainda atônita.

— E pensar que ficamos com tanto medo... — disse San, soltando uma risada nervosa, sem acreditar que haviam vencido.

Nesse momento, Kay apareceu, aproximando-se com um sorriso calmo, como se não estivesse ali o tempo todo. — Conseguiram matar o ghoul! Bom trabalho! — disse ele, com um tom leve e calmo.

— Você demorou! — retrucou Mira, irritada.

— Bom trabalho! — disse Kay, fazendo um cafuné afetuoso em sua cabeça. Em seguida, ele se virou para Viviane, repetindo o gesto com a outra mão. — Vocês também!

— O quê? — exclamaram Mira e Viviane, surpresas, trocando olhares envergonhadas.

— Me conta como funciona essa flecha sua, San. Parece bem interessante! — disse Kay, fazendo o mesmo cafuné em San.

San se afastou de imediato, desconcertado.

— Já tenho dezesseis! Não chega fazendo isso em outro homem! — disse ele, tentando manter a pose.

— Foi mal. Minha mestra sempre me elogiava assim, acabei acostumando... — respondeu Kay

— Sua mestra? — repetiu San, levantando as sobrancelhas em curiosidade.

— A mãe da Mira — disse Kay, casualmente.

— A minha mãe? — repetiu Mira, ainda processando a resposta. Depois de alguns segundos, ela pareceu perceber o que ele disse. — Como assim, minha mãe?! — exclamou, surpresa e confusa.

Kay rapidamente percebeu que havia falado demais. — Droga, não era pra ter contado...! — pensou, desviando o olhar. — Bom, não temos tempo para isso agora! Vamos ajudar com os outros ghouls! — disse ele, tentando mudar de assunto, já se virando para seguir em frente.

Mira, San e Viviane seguiram Kay enquanto ele avançava pela cidade. Mira, porém, não conseguia deixar passar o que Kay havia dito antes.

— Por que chamou minha mãe de mestra? Você disse isso! — exclamava ela, irritada e confusa, tentando arrancar uma resposta de Kay.

Kay desviou o olhar, mantendo um tom casual. — Não sei do que está falando. Nunca disse isso! — murmurou, tentando evitar o assunto.

— Acha que sou boba? Você acabou de dizer! Explica isso direito! — insistia Mira, determinada a entender.

De repente, o som de tiros ecoou pela cidade, interrompendo a discussão. Os quatro ficaram em alerta, e a tensão aumentou.