Capítulo 23: Uma Escuta e um chamado!

De repente, o som de tiros ecoou pela cidade, interrompendo a discussão. Os quatro ficaram em alerta, e a tensão aumentou.

— Foi o Kratos? — exclamou Viviane, preocupada.

— Foram muitos tiros... pode ter sido ele! — disse San, com um olhar preocupado.

— Pensei que meu pai tinha proibido ele de atirar dentro da cidade! — disse Mira, com uma pontada de apreensão.

— Ele proibiu! — respondeu Kay, sua expressão séria. — Tem algo errado. Vamos logo!

Enquanto corriam, uma voz familiar veio pelo rádio. — Atenção, todos os ghouls na cidade de Kanto foram derrotados! — anunciou o veterano.

Mira tentou desacelerar, aliviada. — Você ouviu! Os ghouls já foram derrotados. Vamos voltar para o caminhão!

Mas Kay balançou a cabeça. — Não, Kratos nunca atiraria dentro da cidade, mesmo se estivesse em perigo. A proibição veio diretamente do seu pai. Ele não desobedeceria isso a menos que... — disse Kay, sua voz ficando grave.

San o olhou com preocupação. — A menos que o quê?

Kay apertou os punhos. — Só tem uma explicação...

Finalmente, chegaram à área de onde vinham os tiros e pararam, chocados com o que viram. Em volta, todas as casas e prédios estavam reduzidos a escombros. Pedaços de parede e telhas espalhavam-se pelo chão em um cenário de devastação.

No meio dos escombros, estavam os corpos dos três ghouls derrotados. No entanto, esses ghouls eram diferentes: seus corpos grotescos tinham quatro tentáculos que saíam das costas, torcidos e cobertos de uma substância escura e viscosa. Cada tentáculo parecia reforçado, como uma armadura, e o cheiro de sangue e fumaça pairava no ar.

— Esses ghouls... são diferentes dos outros... — murmurou San, a voz fraca de choque.

Viviane arregalou os olhos. — Não é à toa que Kratos precisou atirar. Eles... parecem ser mais fortes.

Mira deu um passo para trás, assustada, enquanto Kay mantinha os olhos firmes nos ghouls caídos.

— Foi difícil? — exclamou Kay, ao se aproximar do esquadrão.

Kratos, ainda ofegante, olhou para ele. — As balas perfuraram, mas esses tentáculos... são resistentes. Eles usavam isso para se proteger, deu um trabalho enorme para o esquadrão.

Kay franziu a testa, observando os corpos dos ghouls. — Um Ghoul especial... mesmo com tiros, os tentáculos resistiram. — Ele se agachou, analisando os monstros caídos. — Eles vieram voando? Consigo entender esses três, mas e os outros dois? Aproveitaram a confusão?

Mira se aproximou e franziu as sobrancelhas, processando as palavras de Kay. — Ghouls não conseguem voar por muito tempo, então eles devem ter parado várias vezes no caminho... e ainda assim passaram despercebidos.

— Exato. Talvez seja porque a cidade é grande. Os ghouls preferem lugares com muita gente, não saem do modo de caça até eliminarem todas as presas. Mas ainda assim, estranho o exército não ter uma estratégia para esses... — Kay estreitou os olhos, pensativo.

— Talvez eles realmente não soubessem — sugeriu Mira.

Kay balançou a cabeça, discordando. — Impossível. Eles estão enfrentando esses monstros há muito tempo. Não notaram que esses tentáculos mudam de forma? Algo não se encaixa. — Ele olhou para trás e viu o veterano do esquadrão, que parecia surpreso ao ouvir a conversa.

— Isso é sério? O que eles andaram fazendo? — murmurou Kay, desconfiado.

— Eles vão te ouvir! — sussurrou Mira, cutucando-o.

O rádio estalou, e a voz de Takemichi soou firme. — Quarto esquadrão, retornem à base. Missão concluída.

— Entendido. Quarto esquadrão retornando! — respondeu o veterano pelo rádio, antes de se virar para os recrutas. — Vamos, hora de retornar. Vocês dois, passem essas informações ao capitão assim que chegarmos.

— E os ghouls? Vão deixar os corpos aqui? — perguntou Kay, confuso.

— A limpeza e o auxílio aos feridos são trabalho do Exército Imperial. Nossa função é proteger civis e eliminar os ghouls. Agora, vamos voltar! — ordenou o veterano.

No caminho de volta, enquanto seguiam para o caminhão, o barulho de um helicóptero passou sobre eles. Todos levantaram o olhar para observar.

O veterano, com um raro sorriso, olhou para os recrutas. — Vocês talvez não saibam, mas esta foi nossa primeira missão sem nenhuma baixa. Normalmente, o capitão nos informa sobre perdas antes de retornarmos... Hoje, porém, vocês se saíram muito bem. Parabéns na primeira missão!

Os recrutas trocaram olhares, sentindo um misto de alívio e orgulho, e agradeceram ao veterano.

Kay balançou o bastão que havia usado. — Esse bastão não é tão ruim! Por ser de ferro, nem precisei me segurar — comentou para Mira, enquanto observava a arma.

O veterano, ouvindo a conversa, comentou. — Todas as armas que fornecemos para o combate contra ghouls são feitas de Noxium, nosso maior avanço científico. Essa tecnologia é a nossa principal arma para proteger a humanidade contra essas criaturas.

Na base os recrutas desceram do caminhão e logo foram recebidos pela movimentação na base.

— Algum problema? exclmou kay

Ravena, de braços cruzados, com um sorriso discreto de quem não precisa de palavras para se fazer entender. O olhar dela transmitia uma confiança que falava mais alto que qualquer discurso. Com um leve brilho nos olhos, Ravena claramente esperava que os recrutas vissem como ela era superior.

Mesmo sem abrir a boca, Ravena emanava um ar de superioridade. A expressão dela deixava claro para todos que havia feito mais do que apenas "cumprir" sua missão. Era um orgulho contido, mas impossível de ignorar, como se estivesse dizendo: Eu dei conta dos ghouls. E vocês?

— Entendo! — disse Kay.

— Agora você sabe como... — começou Ravena, sendo interrompida por um cafuné repentino de Kay.

— Boa garota. — disse Kay.

— O que está fazendo? — exclamou Ravena, envergonhada.

— Não queria ser elogiada? — perguntou Kay.

— De você? Jamais! — respondeu Ravena.

— Então deve ser você, veterano! — disse Kay, se afastando.

Ravena ficou vermelha de raiva e vergonha. Os recrutas, para evitar problemas, já saíram de fininho, seguindo Kay.

— Bom trabalho! — disse o veterano.

— Sai! — disse Ravena, também se retirando.

— Achei que era para te elogiar! — disse o veterano, triste.

De repente, a voz da cientista soou pelo sistema de som do quartel:

— Atenção, Kay e Mira da terceira divisão, se apresentem imediatamente à sala do capitão!

— Por que será? — exclamou Kay.

— O que o Kay fez dessa vez? — pensou Mira, preocupada.

A cena muda.

— Vocês foram convocados pelo rei! — anunciou Takemichi.

— Pela família real, para ser mais exata! — acrescentou a cientista.

— Por quê? — exclamou Mira.

— Quero não! Preciso de um banho, e agora que penso nisso, estou com fome! — disse Kay.

— Verdade, não chegamos a almoçar! — concordou Mira.

— A família real, junto com o instituto de pesquisa, quer recompensá-los pela descoberta que fizeram! — explicou Takemichi.

— Nós? Que descoberta? — perguntou Mira, surpresa.

— A maluquinha aqui informou ao instituto de pesquisa sobre a capacidade dos ghouls de voar. Eles ainda não comprovaram, mas essa é uma informação que veio de testemunhas... ou seja, de vocês dois. O instituto de pesquisa informou a família real, e eles calcularam que essa é a explicação mais provável de como os ghouls estão entrando no reino sem serem vistos pelos vigias! Eles só vão fazer algumas perguntas e dar algum prêmio para vocês, e recusar não é uma opção! As outras equipes estão voltando; assim que chegarem, nós iremos! — finalizou Takemichi.

— É uma informação valiosa, ainda mais para a segurança do reino. — disse a cientista, animada.

— Hm... ótimo, uma recepção real, só para explicar que vimos um ghoul voando — respondeu Kay, coçando a nuca. — Mas, sério, eu só queria um banho e uma refeição antes de qualquer coisa.

A cientista, rindo, deu uma batida no ombro de Kay.

— O prêmio deles provavelmente inclui um banquete. E se você quiser sobreviver a essa audiência, é bom ter bons modos — brincou a cientista.

— Tudo bem. Se isso ajuda a proteger o reino, vale a pena. E... talvez receber uma recompensa da família real não seja algo tão assustador assim. — disse mira

Takemichi forçou um sorriso, observando os dois.

— Nenhum soldado além do capitão tem autoridade de entrar lá com armas!, podem ir com o traje em caso de uma invocação urgente! disse takemichi

Barulhos de helicópteros foram ouvidos se aproximando.

— Vamos! — disse Takemichi, se levantando.

No pátio, os helicópteros pousaram. Os líderes de esquadrão saíram dos veículos, acompanhados por alguns de seus membros mais talentosos.

— Capitão, retornamos. Alguns feridos, mas sem risco de vida! — informou Joana.

— Ryuji já passou o relatório pelo rádio. Fizeram um bom trabalho. Eu irei me ausentar com esses três; tomem conta da base como de costume! — disse Takemichi.

— Certo! — afirmaram os líderes.

Eles entraram no helicóptero e o piloto deu a partida.

— Coloquem esses fones, o barulho aqui é muito alto! — disse a cientista.

Todos colocaram os fones.

— Como você ficou sabendo dos ghouls se o veterano nem tinha informado meu pai ainda? — exclamou Mira.

— Pela escuta no celular do Kay! — respondeu a cientista.

— No meu celular? — exclamou Kay, surpreso.

— Você não sabia? — exclamou a cientista, olhando para o outro lado, percebendo que havia falado demais.

— Que da hora! Pode tirar, Fernanda! — disse Kay, empolgado.

— Não seja tão mesquinho; isso é para manter sua segurança! — respondeu a cientista, Fernanda.

— Pode tirar! — repetiu Kay, insistindo.

— Tá, já entendi. — disse Fernanda, relutante.

Um silêncio tomou conta dentro do helicóptero.

— Mesquinho! — murmurou Fernanda.

— E minha privacidade fica aonde? — exclamou Kay.

— Garotos! — murmurou Fernanda, exasperada.

— Fica quieta! — respondeu Kay.

Eles seguiram a viagem em silêncio.

O helicóptero finalmente pousou em um local designado para os exércitos e alto escalão. Não era tão longe do governo central, mas o suficiente para que o barulho dos helicópteros não incomodasse as autoridades. Um carro estava esperando por eles ali.

— Capitão! Irei levá-los até a sede do governo! — disse o motorista, batendo continência.

"Ele também está usando trajes?" — pensou Kay.

— Conto com você! — respondeu Takemichi, sentando-se no banco da frente.

Eles entraram no carro e o motorista deu partida.