Capitulo 28: Treinando o exercito!

— A Mira vai encontrar o ghoul. O que vai acontecer depende dela! — disse Kay, caminhando pelo corredor.

— Levou menos tempo do que você! — disse Slayer.

— A Mira tem talento, só que pensa demais e não age. Talvez só a meditação não funcione com vocês. Mas, se querem tentar, vou ajudar! — respondeu Kay.

— O que precisa ser feito quando encontrar o ghoul? — perguntou Sky.

— Mate-o, subjugue-o ou faça um acordo. Matar de verdade não vai funcionar, já que ele se regenera, mas isso vai dar um motivo para ele não subestimar vocês. Um acordo só será possível se vocês impuserem superioridade sobre o ghoul. Talvez lutar e subjugar seja a melhor escolha! — disse Kay, pensativo.

"Por que eu tenho que ouvir esse cara? Isso me irrita!" — pensava Fiona.

— Consigo sentir sua hostilidade. Só vou passar um treino; não precisa fazer se não quiser, mas isso é para sua evolução, não pra mim. Seu estilo de combate é brutal, só falta mais velocidade e força. Se passar por isso, te garanto que vai obter os dois! — disse Kay.

Fiona virou o rosto.

— Você disse que talvez a meditação não funcione. Quais outras formas você conhece? — perguntou Slayer.

— Slayer, Sky, Sarah, Viviane, Thais e San, o estilo de vocês já demanda muita concentração. Vocês devem se sair bem na meditação. O restante talvez precise de uma abordagem mais... direta. — Kay pegou a faca e fez um gesto como se estivesse perfurando algo, e os recrutas entenderam o que isso significava.

— É isso ou vão ter que aumentar a compatibilidade com treinos e combates. Leva mais tempo, mas ainda é eficaz. Também há a opção de usarem o traje e irem pessoalmente ameaçar os ghouls. Não sei se vai funcionar, mas é uma possibilidade! — disse Kay.

— Nunca! — responderam as garotas.

— Como último recurso. Se não querem isso, então se esforcem para passar nos outros métodos! — disse Kay.

Eles chegaram até a sala de treino.

— Finalmente! — disse Lena.

— Tirar meu café só vai me deixar mais desanimado, então não usem essa ameaça contra mim! — disse Kay.

— Mas funcionou, você está aqui! — brincou Joana.

— Vou ser rápido e direto. Vocês vão passar o dia meditando até encontrarem o ghoul. Caso contrário, amanhã terá outro treino! — disse Kay.

— Meditar? — exclamou Ryuji.

— Foi por isso que estava meditando daquela vez — disse Yan.

— Não pensem em nada. Se sentirem algo diferente durante a meditação, foquem nisso. Deixem-se guiar pelo instinto, não pelo pensamento. É simples, mas leva tempo! — orientou Kay.

— Quer que fiquemos sentados aqui o dia todo? — perguntou Lena, desanimada.

— Eu consigo sentir a diferença nos cheiros de seus trajes. Se notar alguma mudança, vou meditar junto com a pessoa para guiá-la. Se querem fazer isso sozinhos, podem sair da sala! — disse Kay.

— Não precisa ser grosso! — respondeu Lena, sentando-se no chão para meditar.

— Talvez por causa do cheiro de todos os trajes... vocês conseguem ver as estatísticas de todos ao mesmo tempo? — questionou Kay.

— Não dessa sala, mas o pessoal da Fernanda consegue, da sala dela! — respondeu Ryuji.

— Então, fica de olho, Fernanda! — disse Kay. — Eu não quero ficar aqui muito tempo, então comecem! — disse Kay, indo para o canto da sala.

— Você acredita nisso? — perguntou Ryuji, sentando-se ao lado de Lena.

— Não sei, mas ele não ia querer ficar nos observando à toa! — disse Lena.

— E deixem espaço entre vocês, tanto dos lados quanto à frente! — disse Kay.

"Isso vai mesmo funcionar?" — pensavam os veteranos, sentando-se no chão.

— Se querem acreditar em mim ou não, depende de vocês! Peçam para a Fernanda avaliar o traje da Sarah, e verão que faz diferença! — disse Kay, atravessando a sala em direção a Sarah.

Ela já tinha começado a meditar com os outros recrutas.

— O que foi? — perguntou Ravena, observando confusa.

Os recrutas olhavam curiosos.

— Que concentração impressionante! — disse Kay, sentando-se na frente de Sarah.

Ele segurou as mãos dela e fechou os olhos, concentrando-se.

— Que interessante... aqui é bem claro! — disse Kay.

— Kay? Por que está em minha mente? — exclamou Sarah.

— Fomos ligados através do ghoul. Você está indo na direção errada; ele está para lá! — disse Kay, apontando para outra direção.

Sarah caminhou para onde Kay apontou.

— Obrigada! — disse Sarah.

— Você entrou nesse estado bem rápido, impressionante! — disse Kay.

— É que oramos e meditamos todos os dias — disse Sarah.

— Então, ser uma devota ajudou! — comentou Kay.

— Eu não sou uma freira, sou uma devota, mas não uma freira! — corrigiu Sarah.

— Entendo. É só seguir reto por aqui. Boa sorte! — disse Kay, antes de desaparecer.

Do lado de fora, Kay juntou novamente as mãos de Sarah e as colocou gentilmente sobre as pernas dela.

"Talvez eu alcance a iluminação hoje, de tantas vezes que vou meditar!" — pensou Kay, levantando-se.

— É assim que funciona — disse Kay, retornando para perto da parede.

Fernanda vinha correndo, visivelmente agitada. Logo depois, Mira apareceu.

— O que foi? — perguntou Kay, surpreso.

— Olha isso — disse Fernanda, mostrando o tablet.

— Essas são as estatísticas do traje desde que ela começou a usar. Houve uma oscilação e depois subiu 10%. Isso é bom, então por que está nervosa? — perguntou Kay.

— É um aumento de 10% em um único dia! Esse treino é revolucionário para os soldados; precisamos compartilhá-lo! Isso pode reduzir drasticamente as mortes contra os ghouls! — disse Fernanda, empolgada.

— Tenho uma condição: até amanhã, quero minhas armas e meu traje conforme solicitei! — disse Kay.

— Será feito! — respondeu Fernanda prontamente.

— Bem-vinda de volta! — disse Kay, voltando-se para Mira.

— Foi assustador ficar de frente com um ghoul daquele tamanho... Não houve conversa, ele apenas se ajoelhou e eu acabei voltando. Isso significa que ele vai me ajudar, não é? Foi o que entendi! — disse Mira, ainda um pouco assustada.

— Sim! Bom trabalho! — disse Kay, sorrindo e fazendo um cafuné nela.

— Mas me sinto um pouco cansada... — comentou Mira.

— É normal. Logo você se recupera — disse Kay.

— Se é assim que você se sente todo dia, é uma sensação ruim! — comentou Mira.

Kay a segurou firmemente.

— Pode descansar, eu fico aqui com você — disse Kay.

— Desculpa... — murmurou Mira, antes de adormecer.

Kay a deitou gentilmente no tatame.

— Mesmo que o ghoul tenha se rendido, isso não garante seja verdade. Mantenha a vigilância nos soldados enquanto estão dormindo com os trajes! — disse Kay a Fernanda.

— Certo! Vou chamar minha equipe e os mecânicos para ajudar! — respondeu Fernanda, saindo da sala.

Após Mira, foi a Sarah. O treino se estendeu por horas, e a cada tentativa, Kay mantinha o foco para guiar os recrutas até o confronto com seus ghouls interiores. Com o passar do tempo, o desgaste ficou evidente — o esforço mental e físico começava a pesar sobre ele.

Fernanda observava com uma mistura de preocupação e admiração enquanto Kay seguia com o treinamento, incansável. Já haviam passado muitas horas, e o cansaço era evidente em seu rosto, mas ele insistia em continuar.

— Você está meio pálido! Não quer descansar? — sugeriu Fernanda, tentando convencê-lo a fazer uma pausa.

— Só mais um pouco, — respondeu ele, com um sorriso cansado. — A iluminação está vindo!

Sem hesitar, Kay pegou a faca mais uma vez e foi até um veterano que entrava ne um estado profundo de concentração. Com um movimento cuidadoso, fez um pequeno furo no traje dele e logo se sentou em frente, segurando as mãos do soldado. Ele fechou os olhos e se concentrou, mais uma vez mergulhando na meditação, determinado a ajudar cada recruta até o fim. Fernanda, preocupada, só pôde observar enquanto Kay sacrificava seu próprio descanso pelo progresso de todos.

— Temos um problema! — disse um dos cientistas.

— O que? — exclamou Fernanda.

O cientista entregou um celular para ela.

— Está ao vivo? — exclamou Fernanda, com um tom de preocupação.

— Sim, é a câmera de segurança! — respondeu o cientista.

— Droga! Por que logo agora? Avise-os de que os soldados estão em uma missão. Mandem-nos retornar para casa, já que não vamos abrir a base sem as ordens do capitão! — disse Fernanda, com urgência.

— Certo! — confirmou o cientista, rapidamente.

"Eles estão aqui por causa da notícia da medalha?" pensou Fernanda, virando o rosto para os soldados.

Kay estava caído.

— Peguem-no com cuidado para não atrapalhar os outros! — ordenou Fernanda.

Os mecânicos pegaram Kay e o colocaram perto dos soldados que estavam dormindo.

— Eu falei para não forçar demais! — disse Fernanda, visivelmente preocupada.

A cena muda.

— Eu alcancei a iluminação! Já estou vendo um anjo! — disse Kay, com a visão ainda embaçada.

— Deixa de ser bobo! Você está bem agora? Você se preocupa demais quando é sobre treino! — exclamou Mira.

— Se não fosse esse cheiro de ghoul em seu traje, eu dormiria aqui no seu colo! — disse Kay, se aconchegando.

— Para de ser ingrato! Eu deixei sua cabeça apoiada no meu colo para não ficar no chão e é assim que me agradece? — exclamou Mira, com uma mistura de exasperação e carinho.

— Desculpa, obrigado, Mira! — disse Kay, ainda aconchegado.

— Tá, mas já pode levantar, né? — insistiu Mira.

— Minha visão ainda está embaçada. Me dê um tempo para voltar ao normal! — respondeu Kay, fechando os olhos novamente.

— Você está mentindo, né? — exclamou Mira, desconfiada.

— É verdade, está realmente embaçada! — disse Kay, tentando se justificar.

— É por isso que... — começou Mira, mas foi interrompida.

— Vocês têm visita! — anunciou Joana.

— Vaza daqui! — respondeu Kay, irritado.

— Que isso? — exclamou Mira, surpresa.

— Vou deixar vocês a sós! — disse Joana, se retirando.

— Bom, eu vim aqui... — começou o príncipe.

— Não interessa, penera daqui! — disse Kay, visivelmente irritado.

— O que disse? — exclamou o príncipe, forçando um sorriso amigável.

— Bon voyage, sayonara, bye-bye, dá no pé jacaré, xô... — disse Kay, afastando-se.

— Já chega, Kay! — disse Mira, irritada.

Ela se levantou abruptamente, fazendo com que Kay batesse a cabeça no chão.

— O que foi isso? — exclamou Kay, confuso.

— O que foi que deu em você? — exclamou Mira. — Vamos conversar em outro lugar!

— Tá! — respondeu o príncipe, concordando.

Eles se retiraram, deixando Kay ali.

"E o que deu em mim?" pensou Kay, frustrado. "Minha visão ainda está embaçada, isso não era mentira, mas não é como se eu não conseguisse me mover nessa base."

Alguns segundos depois.

— Por que está aqui sozinho? — exclamou Emília.

— Só restando e descansando! Você veio mais cedo do que imaginei! — disse Kay.

— Eu queria terminar de ouvir suas histórias! — disse Emília, se aproximando dele.

— É a primeira vez que vem a essa base? — perguntou Kay.

— Consegue perceber? Eu não tenho muitas oportunidades para sair de casa, e vim direto visitar uma base militar... é libertador! — respondeu Emília, com um sorriso radiante.

— Sua alegria chega a ser contagiante. Está óbvio que você parece aquele turista visitando lugares que nunca foi! — disse Kay, rindo.

— Não zombe de mim! — disse Emília, com uma expressão de descontentamento.

— Não estou! Você quer treinar? — perguntou Kay, interessado.

— Quero! — respondeu Emília, animada.

Kay entregou a faquinha de plástico que estava com ele.