Capítulo 29: Treino, Arma e Raiva!

Kay entregou a faquinha de plástico que estava com ele.

— O que eu faço com isso? — exclamou Emília, olhando para a faca com uma expressão confusa.

— Ataque para baixo e depois levante a faca novamente. Continue até não aguentar mais. — explicou Kay, ainda deitado

Ela erguia a faquinha de plástico acima da cabeça e, com um movimento rápido e controlado, desferiu um golpe para baixo antes de erguer novamente a faca, pronto para atacar mais uma vez.

— Isso mesmo! — incentivou Kay. — Mantenha o ritmo. O importante é não parar!

— Isso é mais cansativo do que parece!

Ela atacava e erguia a faca repetidamente varias e varias vezes, o suor começando a escorrer pelo seu rosto. Cada vez que a faquinha descia, Kay estava ao seu lado, guiando-a e corrigindo sua postura.

— Mais uma vez! Não desista agora! — encorajava ele.

— Eu estou... quase lá! — Emília respondeu, a determinação refletida em seus olhos, mesmo enquanto seu corpo clamava por descanso.

— Vamos lá, só mais um pouco, — disse ele, incentivando-a a continuar até que ela não pudesse mais.

Emília não conseguiu mais levantar o braço.

— Você foi bem! — disse Kay, sorrindo.

— Eu fui mal! Só fiz quarenta! — retrucou Emília, ofegante.

— Minha estimativa era trinta. Você foi bem, de verdade! — respondeu Kay.

— Obrigada! — disse Emília, ainda recuperando o fôlego.

— Agora, faça esse treinamento todos os dias, sempre aumentando dez, sem abaixar! — orientou Kay.

— O quê? — exclamou Emília, sentindo o esforço só de imaginar.

— Faça isso e alguns alongamentos diariamente, e você vai ver a diferença com o tempo! — incentivou Kay.

— Esse foi o exercício que sua mestra passou? — indagou Emília.

— Ela é uma pessoa sábia. Se seguir direitinho, você vai criar resistência e se tornar mais flexível! — explicou Kay.

— Tá, eu vou fazer! — afirmou Emília, determinada.

— Agora minha visão está normal. Já conheceu a base toda? — perguntou Kay.

— Sim! Mas ainda não fui ao alojamento — respondeu Emília.

— Eu te mostro — disse Kay, guiando-a.

Enquanto saíam da sala de treino, Emília olhou para o canto do pátio e exclamou:

— O que eles estão fazendo?

— Mira? — exclamou Kay, em choque.

— Kay? — disse Emília, preocupada.

— Deixe-os, vamos continuar! — pediu Kay, forçando um sorriso.

Os dois seguiram em frente.

— Eles estavam se beijando? — perguntou Emília, intrigada.

— Estavam. Então era por isso que ela ficou brava comigo — pensou Kay.

— O que você está fazendo com uma soldado, irmão? — refletiu Emília, preocupada.

— Falando nisso, Emília, qual é seu número? — perguntou Kay.

— Meu celular? Eu não tenho um! — respondeu Emília, um pouco envergonhada.

— Eu vou te passar o meu, caso queira conversar. Acabou que nem contei nada hoje para você! — disse Kay.

— Mas foi divertido treinar em uma base militar, embora tenha sido cansativo! — comentou Emília.

Kay riu.

— É só o começo! — afirmou ele.

— Fala isso não, se não eu já me desanimo! — respondeu Emília, fazendo uma careta.

Eles foram até a ala masculina.

— Espera só um pouco, vou ver como está aqui dentro! — disse Kay.

— Tá! — respondeu Emília.

Kay entrou no quarto e, em seguida, voltou.

— Eu já falei com eles. Pode entrar! — anunciou Kay.

— Com licença! — disse Emília, entrando no quarto.

Emília entrou no quarto e, ao vê-la, os caras rapidamente se ajoelharam em sua frente em reverência. Sky, que estava na beliche, tentou descer, mas acabou escorregando.

— Meu Deus, você está bem? — exclamou Emília, preocupada.

— Sim, princesa! Me perdoe por essa cena vergonhosa! — disse Sky, se curvando.

— Não precisam se curvar. Eu que estou aqui invadindo o quarto de vocês! — respondeu Emília.

— Não é uma invasão. Você é bem-vinda aqui! — disse Kratos.

— Na verdade, entramos aqui escondidos. Se os líderes verem, vamos ter problemas! — comentou Kay.

— Desculpa te colocar nessa confusão — disse Emília.

— Por algum motivo, eu sempre estou em alguma confusão. O que achou do quarto? — exclamou Kay.

— É como imaginava: beliche, o quarto é pequeno e as roupas deles ficam na mala, eles não têm nenhum guarda-roupa! Mas o quarto é arrumado. Eu achava que os garotos faziam mais bagunça! Até que o quarto é fofo! — pensou Emília.

— Você parece ter gostado — disse Kay.

— Esse bastão? — perguntou Emília, se aproximando da cama de Kay.

— Sim, é o que eu usava antes de entrar aqui! — respondeu Kay.

— Está bem conservado, não tem rachaduras. O que é esse brilho? — exclamou Emília.

— Brilho? — exclamou Kay, confuso.

Emília forçou um pouco a visão.

— Isso é farelo de Noxium, está preso no bastão! — disse Emília.

Kay segurou o bastão.

— Eu não vejo nada, e vocês? — exclamou Kay.

— Não! — responderam os três em uníssono.

— É bem pouco, mas tem um pouco aí. Deve ser por isso que conseguia matar os ghouls. Ainda é impressionante conseguir matar só com esse tantinho! — comentou Emília.

Será que a visão dela é boa? Se bem que ela me viu da janela do quarto dela, pensou Kay.

— Já passou pela minha mente, mas não achei que tinha mesmo Noxium aí! — disse Kay, rindo.

Se tem mesmo uma quantidade tão insignificante, isso não mudaria nada. Para matar os ghouls, o bastão tinha que penetrar. Quantas vezes ele atacava os ghouls? pensou Slayer.

— Obrigada por me mostrarem o quarto. Acredito que esteja na hora de nos despedirmos. Até uma próxima oportunidade! — disse Emília.

— Volte sempre que quiser, princesa! — disseram os três.

— Me chamem de Emília, agora somos amigos! — respondeu Emília, sorrindo e envergonhada.

— Se a senhorita nos permite, ficamos agradecidos! — disse Sky.

— Sim! — confirmou Emília.

— Eu vou acompanhar ela! — anunciou Kay, abrindo a porta.

— Com licença! — despediu-se Emília.

No corredor...

— Sobre aquilo no pátio, pode manter segredo? — exclamou Kay.

— Tudo bem! Ah, sim, o motivo da minha visita é porque nosso pessoal iria trazer mais armas e acho que tem um pedido seu, então aproveitamos a carona! — explicou Emília.

— Eles não brincam em serviço! — comentou Kay.

— Se não for algo tão detalhado, já podem ter no estoque. Eles só enviam. O que você pediu? — perguntou Emília.

— Eu pedi uma espada e uma arma, mas quem passou o pedido foi a Fernanda, então não sei se ela acrescentou algum detalhe! — respondeu Kay.

— A cientista dessa base? Por que ela alteraria? — exclamou Emília.

— Posso dizer que ela meio que vê como um material de estudo! — disse Kay.

— Você é um ser único. Só dois no mundo, na história, alcançaram 100% de primeira e sem usar quebra de limite! Isso faz de você uma cobaia perfeita para estudos contra ghouls! — afirmou Emília.

— Você falou uma coisa tenebrosa tão casualmente... — disse Kay.

— E o seu número? Você não me passou ainda! — lembrou-se Emília.

— Vou pedir um papel e escrevo para você! — respondeu Kay.

— Kay, se eu te convidar para me visitar no castelo, você iria? — exclamou Emília.

— Claro! Só é difícil o exército liberar, mas eu iria! — respondeu Kay.

— É uma promessa! — disse Emília.

— Sim, é uma promessa! — confirmou Kay, sorrindo.

No pátio...

— O que está acontecendo? — exclamou Kay.

— São repórteres! Eles vieram por causa da notícia das medalhas! — disse Emília.

— Princesa! — chamou um dos guardas imperiais, se aproximando.

— Espera um pouco! — disse Kay ao guarda.

Ele foi até Fernanda, pegou um papel e anotou seu número.

— Aqui, use quando quiser! — disse Kay, entregando o papel.

— Obrigada! — respondeu Emília.

— Vamos indo! — anunciou o guarda.

— Até mais, Kay! — despediu-se Emília.

— Até mais, Emília! — respondeu Kay, acenando.

Os guardas se juntaram em volta de Emília e passaram entre os jornalistas, indo em direção aos carros.

— Eu ouvi que meu pedido chegou. Me mostra! — disse Kay, olhando para o carro.

— Espera eles saírem! — alertou Fernanda.

— Afinal, por que deixaram repórteres entrar? — exclamou Kay.

— Não tinha outro jeito. Tem uma companhia aí que é influente. Se a família real não tivesse chegado, não iríamos abrir o portão e eles iriam embora, mas como não aconteceu, tivemos que abrir! — explicou Fernanda.

— Eles parecem insistentes. Eu não me importo com eles! Já reparou meu traje? — exclamou Kay.

— Sim, mas não pode usar na frente de civis fora do combate! — respondeu Fernanda.

— Traga-o para mim e a arma. Eu quero testá-la! Coloque um silenciador, assim eles não vão ficar assustados! — pediu Kay.

— Você não ouviu o que eu... — começou Fernanda. — Eu já volto! — interrompeu, saindo dali.

Kay estava escondendo, mas sentia muita raiva.

Repórteres? Mas que besteira! pensou Kay, caminhando em direção à sala de tiro.

Uma soldada pensou: Um soldado? enquanto tentava segui-lo discretamente.

Kay continuou caminhando, estendendo a mão, indicando que não era para ela segui-lo. Ele olhou rapidamente para ela e logo entrou na sala de treino.

Outra repórter se aproximou da garota.

— E agora, por que está chorando? — exclamou a repórter loira.

— Tem um soldado assustador ali! — disse a repórter, apontando para a sala de treino.

— Um soldado? Bora conhecê-lo! — disse a repórter loira, caminhando de costas para a sala de treino.

— Por que está andando de costas? — perguntou a repórter.

— Idiota, se eles nos olharem, dá para disfarçar assim! Faça o mesmo que eu! — respondeu a repórter loira.

— Certo! — disse a repórter, seguindo o exemplo.

Na sala de treino...

— Idiota, eu disse para ficar parada lá! — gritou Kay, fazendo flexões enquanto esperava Fernanda.

— Ei, garoto, você sabe quem ganhou a medalha do rei? — exclamou a repórter loira. Ela falou que era assustador, mas é só um jovem! pensou ela.

— Não sei, como está vendo, eu treino sozinho! — respondeu Kay.

— Não tem nem ideia de quem pode ter sido? — insistiu a repórter loira.

— Não, e, por favor, não me distraia! — disse Kay, visivelmente irritado.

— Vamos voltar. Esse garoto não tem nada para nós! — declarou a repórter loira.

Elas se retiraram da sala.

Entendo, eles devem ter publicado nosso nome, mas não nossa imagem, pensou Kay.

Fernanda entrou na sala segurando uma mala e o traje de Kay.