Capítulo 31: Reino Perdido!

Na manhã seguinte.

Os primeiros raios de sol entraram pela janela, iluminando o quarto. Os soldados acordaram como de costume, um por um, enquanto os sons do acampamento começavam a se intensificar. Yan foi até a porta do quarto de Kay, batendo com firmeza e deixando uma garrafa de café ali.

— Ele não está aqui! — disse Sky, olhando ao redor.

— Como assim ele acordou cedo? — exclamou Yan, chocado com a ausência do kay.

— Quando acordamos, ele já não estava aqui. Deve ter ido treinar como ele fazia quando entrou no exercito! — afirmou Kratos, cruzando os braços.

— Não faz nem uma semana que estão aqui! — insistiu Yan, ainda sem acreditar.

— Eu te ajudo a procurar ele! — ofereceu Sky, decidido.

— Tudo bem, vou deixar aqui se ele quiser. Ele vem pegar! — disse Yan, deixando a garrafa de café na mesa, resignado.

— Treino após o café. Não sei que tipo de exercício ele vai passar para aqueles que não tiveram sucesso na meditação. De toda forma, o treino é depois do café! — concluiu Yan, balançando a cabeça.

— Certo! — afirmaram os três.

Yan se retirou, e os outros soldados começaram a se preparar para o dia que se desenhava à frente

No corredor

"Será que agora ele vai levar os treinos a sério? Se for o caso, isso é bom!" — pensou Yan, emocionado.

Durante o café

— Temos um problema! — disse Fernanda, em frente à mesa dos recrutas.

— O que? — exclamou Mira, preocupada.

— O Kay está matando ghouls! — anunciou Fernanda.

— É normal dele... Pera, como assim matando ghouls? Ele não está aqui na base? — exclamou Mira, eufórica.

— Que história é essa? — exclamou Yan, se aproximando com os outros líderes.

Fernanda colocou o celular na mesa e aumentou o volume. Barulhos de espada e gemidos de dor de ghouls foram ouvidos.

— Noventa e oito! — gritou Kay. — Só faltam vocês dois e Mineford estará limpa, e eu terei matado mais de cem ghouls! Isso é divertido, mas ainda estou com muita raiva! — riu Kay.

Dois barulhos de tiros foram ouvidos.

— Qual era o sinalizador mesmo? Acho que é o verde! — gritou Kay.

O barulho do sinalizador ecoou.

— Mas que porra é essa? — exclamou Yan, irritado.

— Ei, ei, ei! Ele disse que Mineford está limpa. Isso significa que ele matou todos os ghouls que estavam lá? — exclamou Ryuji.

— Não tem como! Tinha muitos ghouls lá; até nossa divisão sofreria muito dano para recuperar um reino perdido! — disse Lena, preocupada.

— Como o Kay sabia desse reino? — questionou Kratos, perplexo.

— Foi minha culpa. Eu li para ele no dia que saiu a notícia no jornal. O Kay tinha ficado muito bravo! — revelou Mira.

— Mas isso foi há sete anos! — exclamou Yan.

Barulho de helicóptero foi ouvido no celular.

— Eu achava que era para levar alguma coisa para o capitão. Por isso o helicóptero saiu; não achava que era o Kay! — disse Joana.

O rádio de todos começou a chiado.

— Estão me ouvindo? Piloto do esquadrão da Joana se apresentando. Mineford foi recuperada, repetindo: Mineford foi recuperada! Solicitando permissão para atirar nos ghouls do lado de fora da muralha.

— Permissão concedida! — disse Joana pelo rádio.

— Entendido! — respondeu o piloto, pelo rádio.

Barulhos de tiros de metralhadora foram ouvidos no celular.

— Pela primeira vez neste país, um reino perdido foi recuperado. O capitão vai ficar maluco quando descobrir! — disse Joana, animada.

— Ele vai ser punido, e não deve ser algo leve! — advertiu Yan.

— Por que? Você ouviu o que acabou de acontecer? É algo que vai ficar para a história! — exclamou Ryuji.

— Má conduta, uso inapropriado e sem permissão de veículos e equipamentos do exército, e saída sem autorização! Ainda quer mais motivos? — retrucou Yan.

— Eliminação completa. Como devo prosseguir? — perguntou o piloto pelo rádio.

— Mantém vigilância aérea e elimine qualquer ghoul que você ver! Estamos indo até aí! — ordenou Joana, pelo rádio.

— Entendido! Prosseguindo com a ordem! — respondeu o piloto, pelo rádio.

— Vocês entenderam? Vamos verificar isso com nossos próprios olhos. O restante de vocês espere nosso retorno! — disse Joana, se retirando nervosa.

— Posso ir também? — exclamou Mira.

— Tudo bem! — confirmou Joana.

— Já estamos com o traje, apenas peguem as armas e vamos direto para o helicóptero! — disse Yan, determinado.

— Certo! — respondeu Mira, se retirando.

— Eu quero ver isso. Me permita ir também! — pediu Ravena.

— Seja rápida! — disse Yan, se retirando.

Os líderes e Ravena partiram.

— Eu vou mandar um aviso para o capitão! — disse Fernanda, pegando o celular e se retirando.

— Perdemos a chance de irmos também! — lamentou Thais.

— Reinos perdidos foram declarados irrecuperáveis pelo exército. O Kay recuperou sozinho; o que vai acontecer a partir de agora? — exclamou Viviane.

— Ele me ajudou a ficar mais forte e me mostrou o caminho. Não quero ver um colega sofrer! — disse Sarah, preocupada.

— Isso vai depender do capitão, mas pela expressão dos líderes, não há nada que possamos fazer agora para ajudar o Kay. Eu também não apoio o que ele fez; ele poderia ter morrido! — declarou Kratos.

— Eu entendo, mas as coisas deram certo agora, né? Por que ele precisa ser castigado? — exclamou Dan, esperançoso.

— O capitão vai decidir! Por enquanto, vamos focar no nosso treinamento. Ainda temos mais dois dias até o capitão voltar! — afirmou Slayer.

A cena muda. Os helicópteros sobrevoavam Mineford, procurando ghouls vivos.

— Olha o tamanho desse reino! Como ele matou todos os ghouls aqui em apenas uma hora? Isso não faz sentido! — disse Joana, confusa.

— Tanto dentro quanto fora da muralha, os ghouls foram derrotados. Vamos descer e encontrar ele! — disse Yan, decidido.

O helicóptero pousou no chão com um suave estrondo, levantando uma nuvem de poeira que pairou no ar por alguns instantes. Os líderes, já com seus trajes de combate ajustados e armados, desceram rapidamente da aeronave.

— Fiquem atentos! — disse Yan, sua voz firme, enquanto olhava ao redor.

Finalmente, eles avistaram uma clareira aberta, e o que encontraram os deixou em choque: Kay estava deitado no chão, completamente relaxado, com a arma ao seu lado. O sol iluminava seu rosto, e ele parecia estar dormindo profundamente, como se não tivesse acabado de enfrentar uma batalha feroz.

— E ainda tem a ousadia de dormir! — exclamou Yan, balançando a cabeça em incredulidade.

— Não é possível! — disse Mira, com uma mistura de preocupação e raiva. — Ele não pode simplesmente se deitar assim depois de tudo o que aconteceu!

Enquanto o helicóptero se afastava do solo, a cidade de Mineford ficava cada vez menor sob eles. Kay continuava dormindo, alheio à movimentação frenética ao seu redor. Joana observou o céu, um misto de preocupação e incredulidade em seu coração.

— O que ele estava pensando? — pensou joana, preocupada

Assim que avistaram a base se aproximando, uma nova onda de adrenalina tomou conta do grupo. O helicóptero pousou com segurança, e todos começaram a descer.

Assim que as hélices do helicóptero pararam completamente, Fernanda, acompanhada de alguns soldados, se aproximou com passos firmes e expressão séria.

— Ordens do capitão — anunciou Fernanda. — Antes que os corpos desapareçam, informem o governo de que Mineford foi recuperada pelo nosso exército. Estou voltando para informar os detalhes. Um veículo já está a caminho para levar o capitão.

— E o que vamos fazer com ele? — perguntou Joana, olhando para Kay, ainda inconsciente.

— Ele está ferido? — perguntou Fernanda, com um olhar de preocupação contida.

— Não, está apenas dormindo, como se tivesse passado o dia em uma missão rotineira — respondeu Joana, um pouco incrédula.

Fernanda suspirou, ponderando as ordens do capitão. — Levem-no para a solitária. O capitão vai querer conversar com ele lá.

Joana assentiu. — Levem ele! — ordenou, fazendo um gesto para Yan.

Com cuidado, Yan apoiou Kay em seu ombro, carregando-o, assim que Yan e Kay desapareceram pelo corredor, Joana se voltou para os soldados reunidos. — As coisas vão ficar agitadas por aqui. Não esperem descanso nos próximos dias!

Os soldados se entreolharam, desanimados, conscientes de que a inesperada ação de Kay estava prestes a desencadear uma série de consequências.

— Me mostre as estatísticas do traje dele hoje! — disse Joana, com um olhar determinado.

— Venha até a minha sala — respondeu Fernanda, indicando o caminho.

— Estão dispensados até segunda ordem! — Joana anunciou aos soldados antes de seguir Fernanda.

Após a saída delas, os soldados permaneceram em silêncio por um instante, até Ravena quebrar o silêncio:

— Alguns de nós vieram de Mineford. Durante o ataque, perdemos nossos lares e fomos obrigados a buscar abrigo em outro reino. Não vou ficar devendo nada ao Kay, mas... eu agradeço — disse Ravena, com um tom de gratidão e um olhar distante.

— Você era de lá? — exclamou Mira, surpresa.

— Era. Eu era muito pequena na época... já nem me lembrava direito — disse Ravena, tentando parecer indiferente.

— Isso é mentira. Sete anos não são o bastante para te fazer esquecer da sua casa. Caso contrário, você não estaria chorando — respondeu Mira, observando a expressão contida de Ravena.

Ravena tentou se recompor, desviando o olhar. — "Se apegar a coisas materiais não é adequado para um soldado", pensou, tentando manter a postura firme.

— Olhe bem, Ravena. Você não é a única tentando se manter forte — disse Mira, com empatia, enquanto olhava ao redor.

Outros soldados, que haviam se aproximado junto com Fernanda, também eram antigos residentes de Mineford, e muitos traziam a mesma expressão comovida de Ravena.

— Não sei por que o Kay fez isso, mas... se conseguirmos motivá-lo novamente, talvez possamos recuperar outros reinos, como Longtail e Ynar! — comentou Mira, com esperança.

— Aquelas áreas são impossíveis. A concentração de ghouls lá torna inviável até para os helicópteros chegarem perto! — disse Ravena, com um tom de preocupação.

— E os helicópteros? — perguntou Mira, alarmada.

— Se eles atirarem nos ghouls do lado de fora das muralhas, os de dentro vão sair, e há o risco de virem para cá! — explicou Ravena.

— Então é por isso que não arriscam! Ainda bem que não falei sobre essas áreas para o Kay — suspirou Mira, aliviada.

— O idiota teria ido para lá! — respondeu Ravena, rindo.

"Até que a risada dela é fofa... mas é raro vê-la rir", pensou Mira, sorrindo.

A cena muda para um ambiente fechado.