Na manhã seguinte.
Os primeiros raios de sol entraram pela janela, iluminando o quarto. Os soldados acordaram como de costume, um por um, enquanto os sons do acampamento começavam a se intensificar. Yan foi até a porta do quarto de Kay, batendo com firmeza e deixando uma garrafa de café ali.
— Ele não está aqui! — disse Sky, olhando ao redor.
— Como assim ele acordou cedo? — exclamou Yan, chocado com a ausência do kay.
— Quando acordamos, ele já não estava aqui. Deve ter ido treinar como ele fazia quando entrou no exercito! — afirmou Kratos, cruzando os braços.
— Não faz nem uma semana que estão aqui! — insistiu Yan, ainda sem acreditar.
— Eu te ajudo a procurar ele! — ofereceu Sky, decidido.
— Tudo bem, vou deixar aqui se ele quiser. Ele vem pegar! — disse Yan, deixando a garrafa de café na mesa, resignado.
— Treino após o café. Não sei que tipo de exercício ele vai passar para aqueles que não tiveram sucesso na meditação. De toda forma, o treino é depois do café! — concluiu Yan, balançando a cabeça.
— Certo! — afirmaram os três.
Yan se retirou, e os outros soldados começaram a se preparar para o dia que se desenhava à frente
No corredor
"Será que agora ele vai levar os treinos a sério? Se for o caso, isso é bom!" — pensou Yan, emocionado.
Durante o café
— Temos um problema! — disse Fernanda, em frente à mesa dos recrutas.
— O que? — exclamou Mira, preocupada.
— O Kay está matando ghouls! — anunciou Fernanda.
— É normal dele... Pera, como assim matando ghouls? Ele não está aqui na base? — exclamou Mira, eufórica.
— Que história é essa? — exclamou Yan, se aproximando com os outros líderes.
Fernanda colocou o celular na mesa e aumentou o volume. Barulhos de espada e gemidos de dor de ghouls foram ouvidos.
— Noventa e oito! — gritou Kay. — Só faltam vocês dois e Mineford estará limpa, e eu terei matado mais de cem ghouls! Isso é divertido, mas ainda estou com muita raiva! — riu Kay.
Dois barulhos de tiros foram ouvidos.
— Qual era o sinalizador mesmo? Acho que é o verde! — gritou Kay.
O barulho do sinalizador ecoou.
— Mas que porra é essa? — exclamou Yan, irritado.
— Ei, ei, ei! Ele disse que Mineford está limpa. Isso significa que ele matou todos os ghouls que estavam lá? — exclamou Ryuji.
— Não tem como! Tinha muitos ghouls lá; até nossa divisão sofreria muito dano para recuperar um reino perdido! — disse Lena, preocupada.
— Como o Kay sabia desse reino? — questionou Kratos, perplexo.
— Foi minha culpa. Eu li para ele no dia que saiu a notícia no jornal. O Kay tinha ficado muito bravo! — revelou Mira.
— Mas isso foi há sete anos! — exclamou Yan.
Barulho de helicóptero foi ouvido no celular.
— Eu achava que era para levar alguma coisa para o capitão. Por isso o helicóptero saiu; não achava que era o Kay! — disse Joana.
O rádio de todos começou a chiado.
— Estão me ouvindo? Piloto do esquadrão da Joana se apresentando. Mineford foi recuperada, repetindo: Mineford foi recuperada! Solicitando permissão para atirar nos ghouls do lado de fora da muralha.
— Permissão concedida! — disse Joana pelo rádio.
— Entendido! — respondeu o piloto, pelo rádio.
Barulhos de tiros de metralhadora foram ouvidos no celular.
— Pela primeira vez neste país, um reino perdido foi recuperado. O capitão vai ficar maluco quando descobrir! — disse Joana, animada.
— Ele vai ser punido, e não deve ser algo leve! — advertiu Yan.
— Por que? Você ouviu o que acabou de acontecer? É algo que vai ficar para a história! — exclamou Ryuji.
— Má conduta, uso inapropriado e sem permissão de veículos e equipamentos do exército, e saída sem autorização! Ainda quer mais motivos? — retrucou Yan.
— Eliminação completa. Como devo prosseguir? — perguntou o piloto pelo rádio.
— Mantém vigilância aérea e elimine qualquer ghoul que você ver! Estamos indo até aí! — ordenou Joana, pelo rádio.
— Entendido! Prosseguindo com a ordem! — respondeu o piloto, pelo rádio.
— Vocês entenderam? Vamos verificar isso com nossos próprios olhos. O restante de vocês espere nosso retorno! — disse Joana, se retirando nervosa.
— Posso ir também? — exclamou Mira.
— Tudo bem! — confirmou Joana.
— Já estamos com o traje, apenas peguem as armas e vamos direto para o helicóptero! — disse Yan, determinado.
— Certo! — respondeu Mira, se retirando.
— Eu quero ver isso. Me permita ir também! — pediu Ravena.
— Seja rápida! — disse Yan, se retirando.
Os líderes e Ravena partiram.
— Eu vou mandar um aviso para o capitão! — disse Fernanda, pegando o celular e se retirando.
— Perdemos a chance de irmos também! — lamentou Thais.
— Reinos perdidos foram declarados irrecuperáveis pelo exército. O Kay recuperou sozinho; o que vai acontecer a partir de agora? — exclamou Viviane.
— Ele me ajudou a ficar mais forte e me mostrou o caminho. Não quero ver um colega sofrer! — disse Sarah, preocupada.
— Isso vai depender do capitão, mas pela expressão dos líderes, não há nada que possamos fazer agora para ajudar o Kay. Eu também não apoio o que ele fez; ele poderia ter morrido! — declarou Kratos.
— Eu entendo, mas as coisas deram certo agora, né? Por que ele precisa ser castigado? — exclamou Dan, esperançoso.
— O capitão vai decidir! Por enquanto, vamos focar no nosso treinamento. Ainda temos mais dois dias até o capitão voltar! — afirmou Slayer.
A cena muda. Os helicópteros sobrevoavam Mineford, procurando ghouls vivos.
— Olha o tamanho desse reino! Como ele matou todos os ghouls aqui em apenas uma hora? Isso não faz sentido! — disse Joana, confusa.
— Tanto dentro quanto fora da muralha, os ghouls foram derrotados. Vamos descer e encontrar ele! — disse Yan, decidido.
O helicóptero pousou no chão com um suave estrondo, levantando uma nuvem de poeira que pairou no ar por alguns instantes. Os líderes, já com seus trajes de combate ajustados e armados, desceram rapidamente da aeronave.
— Fiquem atentos! — disse Yan, sua voz firme, enquanto olhava ao redor.
Finalmente, eles avistaram uma clareira aberta, e o que encontraram os deixou em choque: Kay estava deitado no chão, completamente relaxado, com a arma ao seu lado. O sol iluminava seu rosto, e ele parecia estar dormindo profundamente, como se não tivesse acabado de enfrentar uma batalha feroz.
— E ainda tem a ousadia de dormir! — exclamou Yan, balançando a cabeça em incredulidade.
— Não é possível! — disse Mira, com uma mistura de preocupação e raiva. — Ele não pode simplesmente se deitar assim depois de tudo o que aconteceu!
Enquanto o helicóptero se afastava do solo, a cidade de Mineford ficava cada vez menor sob eles. Kay continuava dormindo, alheio à movimentação frenética ao seu redor. Joana observou o céu, um misto de preocupação e incredulidade em seu coração.
— O que ele estava pensando? — pensou joana, preocupada
Assim que avistaram a base se aproximando, uma nova onda de adrenalina tomou conta do grupo. O helicóptero pousou com segurança, e todos começaram a descer.
Assim que as hélices do helicóptero pararam completamente, Fernanda, acompanhada de alguns soldados, se aproximou com passos firmes e expressão séria.
— Ordens do capitão — anunciou Fernanda. — Antes que os corpos desapareçam, informem o governo de que Mineford foi recuperada pelo nosso exército. Estou voltando para informar os detalhes. Um veículo já está a caminho para levar o capitão.
— E o que vamos fazer com ele? — perguntou Joana, olhando para Kay, ainda inconsciente.
— Ele está ferido? — perguntou Fernanda, com um olhar de preocupação contida.
— Não, está apenas dormindo, como se tivesse passado o dia em uma missão rotineira — respondeu Joana, um pouco incrédula.
Fernanda suspirou, ponderando as ordens do capitão. — Levem-no para a solitária. O capitão vai querer conversar com ele lá.
Joana assentiu. — Levem ele! — ordenou, fazendo um gesto para Yan.
Com cuidado, Yan apoiou Kay em seu ombro, carregando-o, assim que Yan e Kay desapareceram pelo corredor, Joana se voltou para os soldados reunidos. — As coisas vão ficar agitadas por aqui. Não esperem descanso nos próximos dias!
Os soldados se entreolharam, desanimados, conscientes de que a inesperada ação de Kay estava prestes a desencadear uma série de consequências.
— Me mostre as estatísticas do traje dele hoje! — disse Joana, com um olhar determinado.
— Venha até a minha sala — respondeu Fernanda, indicando o caminho.
— Estão dispensados até segunda ordem! — Joana anunciou aos soldados antes de seguir Fernanda.
Após a saída delas, os soldados permaneceram em silêncio por um instante, até Ravena quebrar o silêncio:
— Alguns de nós vieram de Mineford. Durante o ataque, perdemos nossos lares e fomos obrigados a buscar abrigo em outro reino. Não vou ficar devendo nada ao Kay, mas... eu agradeço — disse Ravena, com um tom de gratidão e um olhar distante.
— Você era de lá? — exclamou Mira, surpresa.
— Era. Eu era muito pequena na época... já nem me lembrava direito — disse Ravena, tentando parecer indiferente.
— Isso é mentira. Sete anos não são o bastante para te fazer esquecer da sua casa. Caso contrário, você não estaria chorando — respondeu Mira, observando a expressão contida de Ravena.
Ravena tentou se recompor, desviando o olhar. — "Se apegar a coisas materiais não é adequado para um soldado", pensou, tentando manter a postura firme.
— Olhe bem, Ravena. Você não é a única tentando se manter forte — disse Mira, com empatia, enquanto olhava ao redor.
Outros soldados, que haviam se aproximado junto com Fernanda, também eram antigos residentes de Mineford, e muitos traziam a mesma expressão comovida de Ravena.
— Não sei por que o Kay fez isso, mas... se conseguirmos motivá-lo novamente, talvez possamos recuperar outros reinos, como Longtail e Ynar! — comentou Mira, com esperança.
— Aquelas áreas são impossíveis. A concentração de ghouls lá torna inviável até para os helicópteros chegarem perto! — disse Ravena, com um tom de preocupação.
— E os helicópteros? — perguntou Mira, alarmada.
— Se eles atirarem nos ghouls do lado de fora das muralhas, os de dentro vão sair, e há o risco de virem para cá! — explicou Ravena.
— Então é por isso que não arriscam! Ainda bem que não falei sobre essas áreas para o Kay — suspirou Mira, aliviada.
— O idiota teria ido para lá! — respondeu Ravena, rindo.
"Até que a risada dela é fofa... mas é raro vê-la rir", pensou Mira, sorrindo.
A cena muda para um ambiente fechado.