Fernanda suspirou e atendeu..
— Quem é? — perguntou ela, um pouco impaciente.
— Uma mulher? Onde está o Kay? — disse a voz do outro lado, que Fernanda reconheceu imediatamente.
— Essa voz! — pensou Fernanda, endireitando a postura.
— Bom dia, princesa. Aqui é a Fernanda! — respondeu ela, educadamente.
— A cientista? Por que está com o celular do Kay? Pode passar para ele? — perguntou Emilia, soando preocupada.
— Eu peguei para arrumar, mas, desculpa, o Kay não pode falar no momento — explicou Fernanda.
— Ele está ocupado? — questionou Emilia, intrigada.
— Na verdade, ele desobedeceu uma ordem do capitão e agora está na solitária. Ele não pode sair de lá até a ordem do capitão, mas, quando sair, peço para ele te ligar! — respondeu Fernanda.
— Por que o Kay desobedeceu? — perguntou Emilia, frustrada.
— O garoto não é exatamente o tipo ideal de soldado. Você deve saber disso, já que são amigos. Ele agiu conforme os interesses dele e acabou na solitária — explicou Fernanda, com um sorriso irônico.
— Apenas diga a ele que eu parabenizei o exército por essa conquista e que comecei a treinar! — disse Emilia, firme.
— Obrigada! Eu vou passar o recado. Tenha um bom dia, princesa! — despediu-se Fernanda.
— Vocês também. Tchau! — respondeu Emilia.
— Tchau! — disse Fernanda, desligando a chamada.
Ao terminar a ligação, Fernanda soltou um suspiro.
— A princesa! Isso que é uma surpresa! — comentou a cientista ao lado dela.
— Eles viraram amigos quando fomos buscar as medalhas. Talvez até veremos mais a princesa por aqui... Ela não é muito de aparecer em publico! — disse Fernanda, pensativa.
— Senhor, as turbinas e os sistemas de controle ainda apresentavam potencial. Vai levar o dia todo, mas podemos reparar — disse um eletricista, examinando as máquinas com atenção.
— Façam isso! — ordenou o chefe da guarda
O eletricista franziu a testa e acrescentou:
— No entanto, tem muitos fios que foram rompidos lá fora. Precisamos de ajuda para reconectá-los. Dois dos nossos vão ensinar como reparar os fios e vão acompanhá-los — informou o eletrecista, apontando para outros dois que estavam próximos.
— Deixa isso para nós. Foquem em colocar essa usina para funcionar! — disse o chefe da guarda, demonstrando confiança na capacidade de sua equipe.
— Certo! — respondeu o eletricista, retornando ao trabalho
Os mecanicos e eletricistas continuaram a trabalhar nas turbinas, desmontando partes e fazendo ajustes enquanto os soldados seguiam as instruções dos eletricistas, tomando cuidado com cada fio que precisavam consertar. O ambiente estava agitado, mas a equipe estava unida na missão de restaurar a eletricidade da Torre de Luz de Aldor.
Os sons dos motores e das ferramentas preenchiam o ar enquanto os guardas se moviam rapidamente, recolocando os cabos e testando as conexões. Em meio a isso, Takemichi supervisionava o andamento dos trabalhos, preocupado em garantir que a usina fosse restaurada com segurança e eficácia.
Com o dia avançando, a equipe de eletricistas e mecânicos se concentrou em colocar as turbinas em funcionamento. A tensão aumentava à medida que cada ajuste era feito e cada fio era conectado. Finalmente, com os reparos nas turbinas quase concluídos, os eletricistas retornaram ao interior da usina, prontos para testar o sistema.
— Estamos quase lá! — exclamou um dos mecânicos. — Se conseguirmos concluir os reparos nas turbinas, estaremos prontos para ligar a eletricidade.
Depois de um último ajuste e uma verificação cuidadosa, a equipe estava finalmente pronta. A eletricidade poderia ser restabelecida, e a esperança começava a brilhar novamente na cidade de Mineford.
Com a noite se aproximando, a atmosfera estava carregada de expectativa.
— É hora de dar luz a essa cidade escura! — gritou um dos eletricistas, enquanto se preparava para ligar a energia.
Os presentes se reuniram, observando ansiosos. O eletricista acionou o interruptor, e, para a alegria de todos, os postes começaram a brilhar um por um. A eletricidade foi restaurada nas luzes, iluminando as ruas de Mineford e trazendo de volta a vida à cidade.
A euforia tomou conta do grupo, que comemorava o sucesso da operação. As risadas e gritos de alegria ecoaram pela Torre de Luz de Aldor enquanto as luzes iluminavam os rostos sorridentes dos trabalhadores.
— Olhem! — exclamou um mecânico, apontando para as luzes da muralha. — As luzes externas também foram restauradas!
Com as luzes da muralha agora brilhando intensamente, o risco de um ataque surpresa dos ghouls foi consideravelmente reduzido. A visão da área externa estava clara, permitindo que os guardas vigiassem com mais eficácia.
— Essa é apenas a primeira etapa! — disse Takemichi, satisfeito, mas ainda focado.
— Para o começo, é isso! Amanhã vamos colocar o sistema de alarme do reino para funcionar de novo. Vou me reunir com o rei e os outros para decidirmos o que faremos a seguir. Eu te informo sobre o que decidirem! — disse o chefe da guarda.
— Vou ficar aqui com um pessoal para manter a vigilância; os demais soldados vão retornar para fazer a segurança de vocês até a muralha! — respondeu Takemichi.
— Vai dar trabalho só no começo. Depois que estivermos prontos, vamos implementar armas que podem ser ativadas à distância, igual às que temos agora no nosso reino! Conto com sua equipe para cuidar de tudo até lá! — afirmou o chefe da guarda.
— Pode deixar isso conosco! Amanhã traga alimentos para meus soldados que vão cuidar das armas nas muralhas! — disse Takemichi.
— Certo! — disse o chefe da guarda, batendo continência.
Takemichi retribuiu o gesto.
— Nos vemos amanhã! — despediu-se o chefe da guarda, retirando-se.
— Preciso de três soldados em cada arma, soldados que sejam capazes de operá-las! — ordenou Takemichi.
Soldados com essa capacidade se apresentaram prontamente.
— Os líderes podem retornar para o quartel. Vou ficar aqui com os soldados. Deixem um dos helicópteros caso precisemos usar! — disse Takemichi.
— Deixa que eu fico. Caso haja ataques de ghouls no outro reino, vão precisar de suas ordens! — argumentou Yan.
— Eu concordo — acrescentou Lena.
— Tudo bem! Amanhã vou pedir para encontrarem uma forma de montar algo para carregar seus celulares e rádios. Se aparecerem ghouls, me mantenham atualizado! — informou Takemichi.
— Certo! — respondeu Yan.
— Vamos retornar. Vai ser assim todos os dias: sempre que tomamos café, vamos vir direto para cá. Mas o povo que devemos proteger não está aqui, então nossa prioridade é retornar caso haja movimentação de ghouls por lá! — disse Takemichi.
— Certo! — afirmaram os soldados.
Yan e os outros ficaram, enquanto o restante retornou para a base.
— Três em cada arma, troquem turnos. O helicóptero vai nos levar até lá em cima. Eu ficarei junto dos que estarão em frente à entrada. Se algo se aproximar, me avisem pelo rádio e tentem eliminá-los. Usem a faixa quatro do rádio! — instruiu Yan.
— Certo! — afirmaram os soldados.
No quartel, na sala dos cientistas.
— Ele se arrependeu do que fez? — exclamou Takemichi.
— Ele acordou uma vez para usar o banehiro, mas logo voltou a dormir. Ele não comeu nada desde ontem; estamos preocupados! — disse Fernanda.
— Me mostre as gravações desde que ele entrou lá! — ordenou Takemichi.
— Certo! — respondeu Fernanda.
A cena muda. Kratos abriu a porta do quarto.
— Qual é a cama dele? — exclamou Takemichi, carregando Kay que estava dormindo.
— É aquela de baixo! — indicou Kratos.
Takemichi jogou Kay na cama.
— Não é punição se ele passar todo o tempo dormindo. Amanhã vou colocá-lo para trabalhar! — disse Takemichi, colocando o traje de Kay na mesa antes de se retirar.
Kratos fechou a porta novamente.
— O capitão estava irritado; até dormindo, Kay causa esse efeito! — comentou Sky.
— Acho justo. Estamos trabalhando enquanto ele está dormindo, sendo que foi ele quem causou o início disso tudo! — disse Slayer.
— Espero que ele não cause problemas amanhã! — disse Kratos.
Na manhã seguinte.
Fernanda colocou café em uma xícara e deixou na mesa. Kay rapidamente se levantou para beber.
— É engraçado como isso funciona — disse Fernanda.
— O que está fazendo? — exclamou Kay.
— Você foi promovido a servente. Vai tomar um banho e venha até o pátio com o traje! — anunciou Fernanda.
— Servente? — exclamou Kay, confuso.
A cena muda para o pátio.
— Tem coragem de nos deixar esperando! — disse Takemichi.
— O que está acontecendo? — exclamou Kay, tomando uma xícara de café e segurando a garrafa.
— Você foi liberado do seu castigo e vai se juntar a nós em Mineford. Estamos de partida, e você vem comigo! — informou Takemichi.
Kay olhou para Mira, que ficou confusa.
— Tudo bem! — respondeu Kay, seguindo em direção ao helicóptero.
— Eu não disse que podia entrar! — reclamou Takemichi.
— Deixa de drama, vamos logo! — disse Kay, colocando os fones de ouvido.
— Maldito! Não tem respeito por um superior! — retrucou Takemichi. — Vocês ficaram responsáveis apenas pela segurança; o trabalho braçal vai ficar para ele! — continuou, dirigindo-se aos soldados.
— Certo! — afirmaram os soldados.
— Mesma formação, vamos embora! — ordenou Takemichi.
— Certo! — responderam os soldados, indo em direção aos veículos.
Dentro do helicóptero, Kay estava pensativo e olhava para Mira, mas ele não disse nada. Os helicópteros pousaram em Mineford.
— Suas armas estão conosco, mas não vai precisar delas agora — disse Takemichi.
— Então por que me trouxe aqui? — exclamou Kay.
— O pessoal da construção está precisando de ajuda. Você vai apoiar eles! — ordenou Takemichi.
— O que isso tem a ver com matar ghouls? — perguntou Kay, confuso.
— Foram os ghouls que causaram essa destruição na cidade. Isso tem a ver com o exército, e eu sou o capitão. Como subordinado, você tem a obrigação de me obedecer! — respondeu Takemichi.
— Que discussão desnecessária... meu corpo está travado. Vou encarar esse trabalho como treino e, como treino, vou parar quando achar que está bom! — resmungou Kay.
— Que bestei... — começou Takemichi, sendo interrompido.
— Sim, faça isso, Kay! — disse Mira.
Kay saiu do helicóptero.
— Por que aceitou isso? — exclamou Takemichi.
— Ele leva o treino a sério e, como ficou dois dias parado, ele vai treinar mais do que o normal — explicou Mira.
— Entendi... você é bem mal às vezes! — disse Takemichi, rindo.
— Assim os dois saem ganhando! — completou Mira.
— Tal pai, tal filha! — comentou Joana, saindo do helicóptero.
— Eu ouvi isso! — retrucou Takemichi, descendo também.
O restante da equipe também desceu.
— Capitão! — chamou Yan, se aproximando. — Trouxemos comida para vocês. Pegue no helicóptero depois! Alguma novidade? — perguntou Takemichi.
— Nada, nenhum ghoul se aproximou, e as luzes da cidade estão normais — respondeu Yan.
— Bom trabalho! — elogiou Takemichi.
Kay retornou ao helicóptero.
— O que está fazendo? — perguntou Takemichi.
— Tem uma manada vindo. Vou mudar meu treino — disse Kay, pegando suas armas.
— Capitão, vários ghouls na saída da muralha! Assim que entrarem no alcance, vou atirar! — informou o soldado que estava operando a arma antiaérea.
— Prossiga! — autorizou Takemichi pelo rádio.
Após alguns segundos, o som de vários disparos ecoou.
— Essa arma parece potente — comentou Kay.
— Ameaças eliminadas! — confirmou o soldado pelo rádio.
— Bom trabalho! — disse Takemichi pelo rádio.
Kay guardou as armas.
— Quando os pedreiros vão chegar? — perguntou Kay.
— Daqui a pouco! Fica quieto até lá! — respondeu Takemichi.
— Me acordar para me deixar esperando... era mais fácil ter me trazido dormindo! — resmungou Kay, afastando-se.
Os soldados estavam parados perto da muralha.