Capítulo 37: Respeito!

Mas antes que pudessem sequer aproveitar o momento, uma voz imponente soou atrás deles.

— Para de dar em cima da minha filha ou eu vou te matar! — disse Takemichi, segurando firmemente seus machados, olhando para Kay com um olhar mortal.

Mira deu um passo para trás, surpresa, enquanto Kay o observava.

— Ele está falando em entrelinhas... ele não parece estar com raiva de verdade! — disse Kay para Mira.

— Agora não, Kay! — respondeu Mira, preocupada.

Takemichi franziu o cenho, irritado por estar sendo ignorado.

— Parece que tomou sua decisão! — disse ele, firme.

— Sim, eu tomei! — respondeu Kay.

— Vai ficar na divisão? — exclamou Takemichi, esperando uma resposta.

— Eu vou namorar a Mira! — disse Kay, ao mesmo tempo que Takemichi terminava sua pergunta.

Mira ficou completamente vermelha e preocupada, seus pensamentos confusos.

"Agora ele está irritado de verdade!" pensou Kay, desviando rapidamente do ataque de Takemichi.

— Para com isso, pai! — exclamou Mira.

— Eu vou matar ele! — disse Takemichi, avançando com o machado em mãos.

Kay desviou de outro golpe e sentiu o perigo aumentar.

"Ele é rápido! Se isso me acertar, eu vou mesmo morrer!" pensou Kay, analisando os movimentos e o estilo de luta de Takemichi.

— Que diabos vocês estão fazendo? — questionaram os líderes, segurando os braços de Takemichi para impedi-lo.

— Eu só vou matar ele! — disse Takemichi, furioso.

Kay, determinado, respirou fundo e declarou:

— O meu sonho é viver em um mundo sem Ghouls. Eu não entendo completamente as pessoas, mas se é para elas viverem sem essa ameaça, eu me decidi: vou levar este exército a sério! — disse Kay, confiante, com um olhar firme.

— Kay! — disse Mira, emocionada, sentindo-se ao mesmo tempo feliz e surpresa.

— E quem se importa? Eu ainda vou te matar! — insistiu Takemichi.

Nesse momento, pela primeira vez, Kay se posicionou com postura séria.

— O quê? — exclamaram todos, surpresos.

— Recruta Kay se apresentando! A partir de agora, eu seguirei suas ordens, capitão! — disse Kay, batendo continência.

— Ele cresceu tanto! — murmurou Mira, emocionada.

— Vai seguir todas as ordens sem reclamar? — perguntou Takemichi, desafiador.

— Sem reclamar talvez seja difícil... depende do momento e da tarefa, sabe como é. Não dá pra mudar o jeito de uma pessoa em um dia! — disse Kay, com um leve sorriso.

— Então termina de limpar o reino em uma hora! — ordenou Takemichi.

— Certo! — respondeu Kay, saindo rapidamente.

As quatro mãos de Kay começaram a crescer novamente enquanto ele retornava à tarefa.

— Ei, capitão! Não sei quanto tempo isso vai durar, mas aproveitando que ele está obedecendo, que tal pedir para ele nos ensinar a fazer essas mãos aí? — sugeriu Joana.

— Ele já ensinou. É só serem mais compatíveis com o traje e entenderem o Ghoul. — explicou Mira.

— Mas deve ter algum truque para facilitar isso! Ele faz parecer tão fácil! — disse Joana, curiosa.

— Não tenta entender aquele garoto. Ele é esquisito! — respondeu Takemichi.

Lena riu, achando graça.

— Ele disse isso com um olhar tão sério que chega a ser engraçado! — comentou ela.

Takemichi ficou envergonhado e logo recuperou a compostura.

— Voltem aos seus postos! — ordenou.

— Que posto? Ele tá fazendo todo o trabalho! — retrucou Lena.

— Então senta ali e espera! — respondeu Takemichi, impaciente.

— Só porque está com raiva do Kay, quer descontar na gente. Isso não é justo! — murmurou Lena, afastando-se com os outros líderes.

Takemichi suspirou e murmurou, pensativo:

— Ela cresce, mas não muda nada. Quando voltei para casa, sua mãe me falou do garoto. Disse que, depois do ataque, ele passou toda a infância na floresta, treinando e só interagia com vocês duas. Eu entendo que ele é sozinho, mas não permito que vocês namorem!

— Foi isso que minha mãe te contou? — respondeu Mira. — Ele até interagia bem com os outros... só não gostava de interagir com muitas pessoas. Kay não demonstra sentimentos, mas sempre ajudou eu e a mãe. Me desculpa, pai, mas se ele diz que me ama e quer namorar comigo, eu vou aceitar... porque eu também amo o Kay.

— Está desobedecendo seu pai! — disse Takemichi, sério.

— Eu sei, e me desculpa. Só que... foi a primeira vez que ele falou que me ama! Eu fiquei feliz! — disse Mira, sorrindo envergonhada.

Takemichi a observou por um momento, relutante, mas finalmente suspirou.

— Tá bom... mas vou ficar de olho em vocês! — disse ele, resignado.

— Obrigada, pai! — disse Mira, sorrindo, grata.

— Recruta, retorne para a muralha! — disse o soldado no rádio, posicionado no alto da muralha.

— Não demorou muito! — comentou Takemichi, impressionado.

— Eu avisei o capitão que iria precisar tocar nos corpos depois que acabasse — respondeu Kay pelo rádio, enquanto seu traje voltava à forma normal.

— Ele já acabou? — exclamou Takemichi, surpreso.

— Qual é a situação do reino? — perguntou Joana no rádio.

— Zona leste limpa! Zona oeste limpa! Zona sul limpa! Zona norte limpa! — relataram os soldados nas armas antiaéreas, posicionados ao longo da muralha.

— Continuem vigiando. Kay, termine o que está fazendo e retorne para a muralha! — ordenou Takemichi pelo rádio.

— Como tínhamos combinado que você me deixaria ir embora, acabei prometendo à Emilia que iria ao festival com ela. Preciso me ausentar! — disse Kay no rádio.

— Maldito! Já está recusando minhas ordens! — Takemichi resmungou, irritado.

— É o Kay. Ele não está fazendo por mal, deixe ele ir ou a princesa vai ficar triste! — interveio Mira.

— Pense nisso como compensação pelo trabalho que fez. Kay, retorne para a base assim que a princesa estiver de volta ao castelo. E se ela se machucar, você vai assumir as consequências! — disse Takemichi no radio, relutante, mas cedendo.

— Eu preciso de uma carona! — disse Kay pelo rádio.

— Concedida, mas só dessa vez! O festival é para vocês. Se adiantarem o serviço, poderão ir mais tarde! — respondeu Takemichi no rádio.

Os gritos animados dos soldados ecoaram tão alto que puderam ser ouvidos até do lado de fora da muralha.

— Que pessoal animado! — comentou Kay, enquanto caminhava de volta para a muralha.

A cena muda.

— Eu encontrei essa máscara no meio dos destroços — disse Kay, mostrando uma máscara velha.

— Que legal... nos chamou só pra isso? — exclamou Ravena, impaciente.

— Não acha interessante? — Kay insistiu.

— Nem um pouco! — retrucou Ravena, revirando os olhos.

— Entendo... talvez um outro design fosse melhor — disse Kay, pensativo.

— Ah, e eu peguei seu celular na areia. Toma! — disse Mira, devolvendo o aparelho para ele.

— Eu tinha esquecido, obrigado! — agradeceu Kay.

— Nós vimos tudo que aconteceu... Vocês estão ou não namorando? — perguntou Thaís, curiosa.

— Estamos! — respondeu Kay, sem hesitar.

— Vamos manter nosso lado profissional, não se preocupem! — disse Mira, envergonhada, corando levemente.

— Ah, então o casal finalmente se assumiu! — brincou thai, dando um leve empurrão em Kay.

— Já estava na hora — disse kratos, rindo.

— E aí, qual é o plano de vocês para o festival? — perguntou Thaís, mudando de assunto.

— Vou acompanhar a princesa Emilia no começo — respondeu Kay. — Mas depois eu encontro vocês.

O helicoptero deu partida. Enquanto o grupo começava a se dispersar, Kay pegou a mão de Mira, segurando-a discretamente.

— Então... nos vemos no festival? — ele sussurrou para ela.

Mira sorriu e apertou a mão dele de volta.

— Nos vemos lá.

Kay entrou no helicóptero, que logo começou a decolar. Enquanto ele se afastava, Mira se juntou aos outros para organizar o restante das tarefas, mas seus pensamentos ainda estavam em Kay. Sentia o coração acelerar ao lembrar do toque das mãos dele.

Thaís e as outras meninas correram e a abraçaram, parabenizando-a.

— Obrigada! — disse Mira, envergonhada.

Fiona, Ravena e os meninos observavam a cena de longe.

— Quanto tempo você acha que essa obediência dele ao capitão vai durar? — perguntou Slayer.

— Eu não sei, mas agora que o Kay deu a palavra dele, ele vai levar isso a sério — respondeu Mira.

— E isso vai ser bom ou ruim? — perguntou Sarah.

— Não sei... Espero que seja bom! — disse Mira, pensativa.

A cena muda para a base.

— Tira a escuta do meu celular, e eu quero fazer uma encomenda! — disse Kay.

— Vou tirar a escuta, mas você não pode mais pedir nada. Já fez sua solicitação recentemente! — respondeu Fernanda.

— Que pena. Eu ia te ajudar nas suas pesquisas malucas, mas já que não vai me ajudar, apenas tira a escuta do meu celular para eu poder ir embora! — retrucou Kay, com um sorriso malicioso.

— Vai mesmo cooperar na minha pesquisa? — perguntou Fernanda, interessada.

— Se você conseguir a encomenda! — disse Kay.

— O que é? — perguntou ela, curiosa.

— Preciso de quinze dessas aqui. Pode escolher a cor, mas faça com que fiquem parecidas e inclua Noxium no material. — Kay apontou um modelo em seu dispositivo.

— Não sei se o exército vai aprovar isso... — disse Fernanda, com um olhar cauteloso.

— Só tira a escuta para eu ir embora! — insistiu Kay.

— Tá bom, vou dizer que é experimental. Vou pedir para capricharem, então podem usar se quiserem! — respondeu Fernanda, rendida.

— Quando elas chegarem, eu te ajudo na sua pesquisa. Agora, tira a escuta! — reafirmou Kay.

— Certo! — disse Fernanda, pegando o celular e removendo a escuta.

Ela devolveu o celular exatamente como estava antes.

— Obrigado! — agradeceu Kay, saindo em seguida.

— Esse garoto sabe mesmo como fazer chantagem... — murmurou Fernanda, rindo para si mesma.

No castelo, Kay foi recebido pelos guardas.