Mas antes que pudessem sequer aproveitar o momento, uma voz imponente soou atrás deles.
— Para de dar em cima da minha filha ou eu vou te matar! — disse Takemichi, segurando firmemente seus machados, olhando para Kay com um olhar mortal.
Mira deu um passo para trás, surpresa, enquanto Kay o observava.
— Ele está falando em entrelinhas... ele não parece estar com raiva de verdade! — disse Kay para Mira.
— Agora não, Kay! — respondeu Mira, preocupada.
Takemichi franziu o cenho, irritado por estar sendo ignorado.
— Parece que tomou sua decisão! — disse ele, firme.
— Sim, eu tomei! — respondeu Kay.
— Vai ficar na divisão? — exclamou Takemichi, esperando uma resposta.
— Eu vou namorar a Mira! — disse Kay, ao mesmo tempo que Takemichi terminava sua pergunta.
Mira ficou completamente vermelha e preocupada, seus pensamentos confusos.
"Agora ele está irritado de verdade!" pensou Kay, desviando rapidamente do ataque de Takemichi.
— Para com isso, pai! — exclamou Mira.
— Eu vou matar ele! — disse Takemichi, avançando com o machado em mãos.
Kay desviou de outro golpe e sentiu o perigo aumentar.
"Ele é rápido! Se isso me acertar, eu vou mesmo morrer!" pensou Kay, analisando os movimentos e o estilo de luta de Takemichi.
— Que diabos vocês estão fazendo? — questionaram os líderes, segurando os braços de Takemichi para impedi-lo.
— Eu só vou matar ele! — disse Takemichi, furioso.
Kay, determinado, respirou fundo e declarou:
— O meu sonho é viver em um mundo sem Ghouls. Eu não entendo completamente as pessoas, mas se é para elas viverem sem essa ameaça, eu me decidi: vou levar este exército a sério! — disse Kay, confiante, com um olhar firme.
— Kay! — disse Mira, emocionada, sentindo-se ao mesmo tempo feliz e surpresa.
— E quem se importa? Eu ainda vou te matar! — insistiu Takemichi.
Nesse momento, pela primeira vez, Kay se posicionou com postura séria.
— O quê? — exclamaram todos, surpresos.
— Recruta Kay se apresentando! A partir de agora, eu seguirei suas ordens, capitão! — disse Kay, batendo continência.
— Ele cresceu tanto! — murmurou Mira, emocionada.
— Vai seguir todas as ordens sem reclamar? — perguntou Takemichi, desafiador.
— Sem reclamar talvez seja difícil... depende do momento e da tarefa, sabe como é. Não dá pra mudar o jeito de uma pessoa em um dia! — disse Kay, com um leve sorriso.
— Então termina de limpar o reino em uma hora! — ordenou Takemichi.
— Certo! — respondeu Kay, saindo rapidamente.
As quatro mãos de Kay começaram a crescer novamente enquanto ele retornava à tarefa.
— Ei, capitão! Não sei quanto tempo isso vai durar, mas aproveitando que ele está obedecendo, que tal pedir para ele nos ensinar a fazer essas mãos aí? — sugeriu Joana.
— Ele já ensinou. É só serem mais compatíveis com o traje e entenderem o Ghoul. — explicou Mira.
— Mas deve ter algum truque para facilitar isso! Ele faz parecer tão fácil! — disse Joana, curiosa.
— Não tenta entender aquele garoto. Ele é esquisito! — respondeu Takemichi.
Lena riu, achando graça.
— Ele disse isso com um olhar tão sério que chega a ser engraçado! — comentou ela.
Takemichi ficou envergonhado e logo recuperou a compostura.
— Voltem aos seus postos! — ordenou.
— Que posto? Ele tá fazendo todo o trabalho! — retrucou Lena.
— Então senta ali e espera! — respondeu Takemichi, impaciente.
— Só porque está com raiva do Kay, quer descontar na gente. Isso não é justo! — murmurou Lena, afastando-se com os outros líderes.
Takemichi suspirou e murmurou, pensativo:
— Ela cresce, mas não muda nada. Quando voltei para casa, sua mãe me falou do garoto. Disse que, depois do ataque, ele passou toda a infância na floresta, treinando e só interagia com vocês duas. Eu entendo que ele é sozinho, mas não permito que vocês namorem!
— Foi isso que minha mãe te contou? — respondeu Mira. — Ele até interagia bem com os outros... só não gostava de interagir com muitas pessoas. Kay não demonstra sentimentos, mas sempre ajudou eu e a mãe. Me desculpa, pai, mas se ele diz que me ama e quer namorar comigo, eu vou aceitar... porque eu também amo o Kay.
— Está desobedecendo seu pai! — disse Takemichi, sério.
— Eu sei, e me desculpa. Só que... foi a primeira vez que ele falou que me ama! Eu fiquei feliz! — disse Mira, sorrindo envergonhada.
Takemichi a observou por um momento, relutante, mas finalmente suspirou.
— Tá bom... mas vou ficar de olho em vocês! — disse ele, resignado.
— Obrigada, pai! — disse Mira, sorrindo, grata.
— Recruta, retorne para a muralha! — disse o soldado no rádio, posicionado no alto da muralha.
— Não demorou muito! — comentou Takemichi, impressionado.
— Eu avisei o capitão que iria precisar tocar nos corpos depois que acabasse — respondeu Kay pelo rádio, enquanto seu traje voltava à forma normal.
— Ele já acabou? — exclamou Takemichi, surpreso.
— Qual é a situação do reino? — perguntou Joana no rádio.
— Zona leste limpa! Zona oeste limpa! Zona sul limpa! Zona norte limpa! — relataram os soldados nas armas antiaéreas, posicionados ao longo da muralha.
— Continuem vigiando. Kay, termine o que está fazendo e retorne para a muralha! — ordenou Takemichi pelo rádio.
— Como tínhamos combinado que você me deixaria ir embora, acabei prometendo à Emilia que iria ao festival com ela. Preciso me ausentar! — disse Kay no rádio.
— Maldito! Já está recusando minhas ordens! — Takemichi resmungou, irritado.
— É o Kay. Ele não está fazendo por mal, deixe ele ir ou a princesa vai ficar triste! — interveio Mira.
— Pense nisso como compensação pelo trabalho que fez. Kay, retorne para a base assim que a princesa estiver de volta ao castelo. E se ela se machucar, você vai assumir as consequências! — disse Takemichi no radio, relutante, mas cedendo.
— Eu preciso de uma carona! — disse Kay pelo rádio.
— Concedida, mas só dessa vez! O festival é para vocês. Se adiantarem o serviço, poderão ir mais tarde! — respondeu Takemichi no rádio.
Os gritos animados dos soldados ecoaram tão alto que puderam ser ouvidos até do lado de fora da muralha.
— Que pessoal animado! — comentou Kay, enquanto caminhava de volta para a muralha.
A cena muda.
— Eu encontrei essa máscara no meio dos destroços — disse Kay, mostrando uma máscara velha.
— Que legal... nos chamou só pra isso? — exclamou Ravena, impaciente.
— Não acha interessante? — Kay insistiu.
— Nem um pouco! — retrucou Ravena, revirando os olhos.
— Entendo... talvez um outro design fosse melhor — disse Kay, pensativo.
— Ah, e eu peguei seu celular na areia. Toma! — disse Mira, devolvendo o aparelho para ele.
— Eu tinha esquecido, obrigado! — agradeceu Kay.
— Nós vimos tudo que aconteceu... Vocês estão ou não namorando? — perguntou Thaís, curiosa.
— Estamos! — respondeu Kay, sem hesitar.
— Vamos manter nosso lado profissional, não se preocupem! — disse Mira, envergonhada, corando levemente.
— Ah, então o casal finalmente se assumiu! — brincou thai, dando um leve empurrão em Kay.
— Já estava na hora — disse kratos, rindo.
— E aí, qual é o plano de vocês para o festival? — perguntou Thaís, mudando de assunto.
— Vou acompanhar a princesa Emilia no começo — respondeu Kay. — Mas depois eu encontro vocês.
O helicoptero deu partida. Enquanto o grupo começava a se dispersar, Kay pegou a mão de Mira, segurando-a discretamente.
— Então... nos vemos no festival? — ele sussurrou para ela.
Mira sorriu e apertou a mão dele de volta.
— Nos vemos lá.
Kay entrou no helicóptero, que logo começou a decolar. Enquanto ele se afastava, Mira se juntou aos outros para organizar o restante das tarefas, mas seus pensamentos ainda estavam em Kay. Sentia o coração acelerar ao lembrar do toque das mãos dele.
Thaís e as outras meninas correram e a abraçaram, parabenizando-a.
— Obrigada! — disse Mira, envergonhada.
Fiona, Ravena e os meninos observavam a cena de longe.
— Quanto tempo você acha que essa obediência dele ao capitão vai durar? — perguntou Slayer.
— Eu não sei, mas agora que o Kay deu a palavra dele, ele vai levar isso a sério — respondeu Mira.
— E isso vai ser bom ou ruim? — perguntou Sarah.
— Não sei... Espero que seja bom! — disse Mira, pensativa.
A cena muda para a base.
— Tira a escuta do meu celular, e eu quero fazer uma encomenda! — disse Kay.
— Vou tirar a escuta, mas você não pode mais pedir nada. Já fez sua solicitação recentemente! — respondeu Fernanda.
— Que pena. Eu ia te ajudar nas suas pesquisas malucas, mas já que não vai me ajudar, apenas tira a escuta do meu celular para eu poder ir embora! — retrucou Kay, com um sorriso malicioso.
— Vai mesmo cooperar na minha pesquisa? — perguntou Fernanda, interessada.
— Se você conseguir a encomenda! — disse Kay.
— O que é? — perguntou ela, curiosa.
— Preciso de quinze dessas aqui. Pode escolher a cor, mas faça com que fiquem parecidas e inclua Noxium no material. — Kay apontou um modelo em seu dispositivo.
— Não sei se o exército vai aprovar isso... — disse Fernanda, com um olhar cauteloso.
— Só tira a escuta para eu ir embora! — insistiu Kay.
— Tá bom, vou dizer que é experimental. Vou pedir para capricharem, então podem usar se quiserem! — respondeu Fernanda, rendida.
— Quando elas chegarem, eu te ajudo na sua pesquisa. Agora, tira a escuta! — reafirmou Kay.
— Certo! — disse Fernanda, pegando o celular e removendo a escuta.
Ela devolveu o celular exatamente como estava antes.
— Obrigado! — agradeceu Kay, saindo em seguida.
— Esse garoto sabe mesmo como fazer chantagem... — murmurou Fernanda, rindo para si mesma.
No castelo, Kay foi recebido pelos guardas.