Capítulo 5: O Caçador Caçado

O cheiro de óleo queimado e fiação superaquecida impregnava o esconderijo de Clarisse enquanto Leon observava as telas. Seus olhos ardiam da luz azulada dos monitores, cada piscar trazendo novas imagens do Finlandês - sempre em movimento, sempre perseguindo.

"Ele está sistemático," murmurou Leon, notando o padrão nas câmeras de segurança. "Varre quadrante por quadrante como um algoritmo."

Clarisse mastigava um chiclete de morango com estalidos irritantes, seus dedos pequenos e ágeis dançando entre três teclados simultaneamente. "Pior. É treinamento Spetsnaz. Varredura em espiral de 500 metros." Ela apontou para um mapa digital onde pontos vermelhos marcavam os últimos avistamentos. "Em... 4 horas e 37 minutos, ele chega aqui."

Leon sentiu o Instinto de Sobrevivência despertar em seu córtex, uma sensação de formigamento que começava na nuca e descia pela coluna. Seus músculos se preparavam antes mesmo de seu cérebro processar o perigo.

[*Ding!*]

[MISSÃO: "INVERSÃO DE PAPÉIS"]

➤ Objetivo: Neutralizar o Finlandês

➤ Recompensa: 5.000 Aurons + Habilidade "Línguas Estrangeiras (Nv.1)"

➤ Métodos:

- Emboscada (risco: extremo)

- Armadilha digital (efetividade: 72%)

- Fuga planejada (sobrevivência: 89%)

Clarisse girou em sua cadeira, revelando uma tela oculta. "Mas eu tenho uma quarta opção." A imagem mostrava um prédio abandonado - a antiga fábrica de processamento de pescado no cais 17. "O esquadrão antibombas fechou isso há seis meses por... razões."

Seu sorriso era a coisa mais perigosa na sala.

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A chuva havia parado, deixando as ruas do cais brilhando como pele de cobra molhada sob a lua cheia. Leon avançava pelas sombras, cada passo calculado para evitar poças e detritos que pudessem denunciá-lo. O cheiro de peixe apodrecido era tão denso que dava para mastigar.

"Esquerda no contêiner azul," sussurrou Clarisse em seu ouvido através do com pequeno fone. "Ele está no terceiro andar da fábrica, setor noroeste."

Leon apertou o transmissor duas vezes em confirmação. Seu corpo estava envolto num sobretudo escuro roubado de um carregador bêbado, as mãos protegidas por luvas de látex que cheiravam a hospital. Na cintura, uma pistola - não a Glock de Isabella, mas uma velha TT-33 russa que Clarisse garantiu ser "tão confiável quanto uma cadela no cio".

O prédio da fábrica se erguia como um cadáver industrial, suas janelas quebradas como órbitas vazias. Leon escalou uma escada de emergência enferrujada que gemeu sob seu peso.

[*Alerta: Movimento detectado - 20 metros à frente*]

Seu Instinto de Sobrevivência disparou antes mesmo que seus olhos vissem - Leon se jogou para o lado justo quando uma faca de caça silvou no ar onde seu pescoço estivera.

O Finlandês era uma montanha de músculos pálidos e tatuagens azuis tradicionais. Seus olhos azul-gelo brilhavam com inteligência surpreendente. "Você cheira medo, menino," ele disse num sotaque carregado. "Bom. Facilita."

Leon rolou para trás de uma pilha de barris, sentindo o cheiro ácido de produtos químicos vazados. Sua Visão de Negócios atualizou:

[FINLANDÊS - ANÁLISE DE AMEAÇA]

Força: 9/10

Velocidade: 7/10

Fraqueza: Tornozelo direito lesionado (15% mobilidade reduzida)

Clarisse gritou em seu ouvido: "Agora, Leon!"

Ele apertou o detonador caseiro.

O explosivo não era para matar - apenas para distrair. Uma série de pequenas detonações ecoou no piso inferior, fazendo o Finlandês instintivamente virar-se para o barulho.

Foi o suficiente.

Leon saltou, descarregando toda a carga da TT-33 no tornozelo direito do gigante. O homem caiu com um rugido que fez as paredes tremerem, seu sangue escuro jorrando no chão de concreto.

"Quem te contratou?" Leon pressionou, a arma agora apontada para o olho esquerdo do homem.

O Finlandês riu, cuspindo sangue. "Você realmente não sabe, né? Pergunte para sua--"

Um tiro único ecoou do lado de fora. O crânio do Finlandês explodiu como melão maduro.

[*Alerta: Sniper detectado - distância estimada 300m*]

Leon se jogou no chão enquanto mais tiros perfuravam o metal ao seu redor. O sistema piscou em pânico:

[FUGIR]

[SOBREVIVÊNCIA IMEDIATA: 12%]

Foi quando os canhões de água da fábrica - hackeados por Clarisse - ligaram subitamente, criando uma cortina líquida entre Leon e o atirador.

"Saída sul, agora!" Clarisse gritou no fone.

Leon correu como um condenado, sentindo balas passando por ele como abelhas enraivecidas. Quando finalmente alcançou o esgoto indicado por Clarisse, seu coração batia tão forte que doía.

[*Ding!*]

[MISSÃO COMPLETA - RECOMPENSAS LIBERADAS]

[+5.000 Aurons]

[Habilidade "Línguas Estrangeiras (Nv.1)" adquirida]

Mas a vitória tinha gosto amargo. Alguém além de Cromwell queria ele morto. E agora, esse alguém sabia que ele sobrevivera.