Capítulo 18: O Berço do Pesadelo

A porta do chalé rangeu como um grito animal quando se abriu sozinha. O ar que escapou cheirava a medicamentos antigos e carne em decomposição - um odor que fez Isabella engasgar instantaneamente.

— *Pai...* — O nome escapou de seus lábios como uma prece.

Dentro, as paredes estavam cobertas por uma rede pulsante de veias bioluminescentes, batendo em sincronia com o coração mecânico do homem de gelo. Leon sentiu seu próprio peito responder, o sistema Fortuna 2.0 acelerando até doer.

[*Ding!*]

**[ALERTA: SINCRONIZAÇÃO FORÇADA]**

[Fonte: Emissor Primário (localização: subsolo)]

[Efeitos: Memórias cruzadas + Habilidades instáveis]

Os homens de gelo os cercaram, seus passos fazendo a madeira envelhecida gemer. O maior apontou para uma escada oculta sob um tapete persa surrado - *exatamente onde Isabella se lembrava que o porão deveria estar.*

— **Não toquem em nada** — Leon avisou, mas suas próprias mãos já brilhavam com energia azul, puxadas por algo abaixo.

A descida parecia interminável. Cada degrau afundava levemente como carne sob pressão, e o ar ficava mais quente, mais *vivo*, a cada metro. Quando atingiram o fundo, até Clarisse - conectada via rádio - ficou em silêncio.

O porão não era um porão.

Era um **útero**.

Paredes orgânicas pulsavam em tons de vermelho e âmbar, alimentadas por tubos grossos que mergulhavam em um lago central de líquido brilhante. E flutuando no centro, conectado a dezenas de cabos neuronais, estava um homem de cabelos brancos com o rosto de Edward Whitford - mas *só o rosto* era humano. Seu torso havia se fundido com máquinas biológicas, seu coração exposto batendo em sincronia com...

— **O sistema Fortuna original** — Leon reconheceu o padrão de luzes azuis. — *Você o transformou em uma interface.*

O corpo de Edward abriu os olhos.

*"Não transformei, filho. Fui *consumido* por ele."*

A voz veio de todos os lados ao mesmo tempo, mas os lábios do homem não se moveram. Isabella caiu de joelhos, seu canivete caindo na passarela de metal com um estrondo.

— Pai... o que fizeram com você?

Edward/Witford riu - um som úmido e triste.

*"O mesmo que farão com seu amigo, mais cedo ou mais tarde. O sistema nunca foi *nosso*, Isabella. Nós somos dele."*

Foi então que as paredes começaram a sangrar.