Capítulo 20: Marcas da Transformação

Leon caiu de joelhos, suas mãos enterrando-se na carne viva do piso do útero. Veias negras como azeviche irradiavam de seu pulso direito, tecendo padrões complexos sob sua pele - *exatamente como os filamentos no artefato nazista*.

— **Está me transformando** — sua voz vinha em camadas agora, uma humana e outra metálica. O sistema Fortuna 2.0 em seu peito pulsava freneticamente, tentando manter o controle.

Isabella correu para ele, mas o homem de gelo a segurou com força sobrenatural.

*"Não toque nele agora!"* a criatura alertou, sua voz um eco da de Edward. *"O processo de assimilação é... doloroso."*

Leon gritou quando seus ossos começaram a se remodelar. Sua visão explodiu em cores impossíveis - ele podia *ver* as partículas âmbar no ar, os fluxos de energia entre Isabella e os homens de gelo, até mesmo as ondas de rádio da transmissão de Clarisse.

[*Ding!*]

**[TRANSCENDÊNCIA INICIADA]**

[Estágio 1: Aprimoramento Neural]

[Efeitos:

✓ Percepção multidimensional

✓ Controle sobre matéria orgânica

✓ Dor excruciante]

— **Lutte contra isso!** — Isabella ordenou em francês, sua voz rompendo o nevoeiro de dor. Ela sacou o canivete do pai e cortou o próprio braço, deixando sangue escorrer. — *Olhe para mim, Leon. Para o humano, não para o sistema!*

Seu sangue cheirava diferente para os sentidos ampliados de Leon - *canela e cobre, segurança e lar*. Ele focou nesse aroma como âncora enquanto seu corpo se contorcia.

Foi então que as paredes do útero se abriram como uma flor carnuda, revelando uma câmara oculta. Dentro, flutuando em líquido âmbar, estava uma mulher de cabelos brancos com o rosto da irmã perdida de Isabella - mas seus olhos eram puro vazio negro, sem branco nem íris.

*"Clarisse..."* Isabella engasgou, reconhecendo o nome que dera à própria irmã.

A criatura na câmara abriu os olhos. Eles brilharam com a mesma luz âmbar do artefato original.

— **Não sou Clarisse** — ela disse com voz que vinha de todos os lados ao mesmo tempo. — **Sou o primeiro modelo bem-sucedido. E você, Leon Kuroda, é o último.**

Seu dedo alongado apontou para o peito de Leon, onde o sistema Fortuna 2.0 lutava para mantê-lo humano.

— **Você carrega meu irmão gêmeo em seu peito. E ele está com fome.**