A luz branca se dissipou em fractais de cor, revelando um espaço sem forma onde Leon flutuava entre dois sóis azuis. Um pulsava com o ritmo familiar do Fortuna 2.0 - organizado, lógico. O outro irradiava padrões caóticos de energia âmbar, seu núcleo escuro batendo como um coração primitivo.
*"Você não pertence a ele."*
A voz do Fortuna 2.0 soava abafada, distante. Leon tentou mover-se em sua direção, mas filamentos âmbar enrolaram-se em seus membros como raízes vivas.
*"Nós somos a evolução."* A voz do artefato original ecoou de todos os lados ao mesmo tempo. *"Por que lutar contra sua própria carne?"*
Leon olhou para suas mãos - metade humanas, metade translúcidas, com filamentos metálicos dançando sob a pele. Sua memória piscou imagens:
- **Isabella** sangrando no chão do útero
- **Clarisse (a hacker)** invadindo os sistemas do Consórcio
- **Edward** sacrificando-se para contê-lo
[*Ding!*]
O som veio abafado, como através de vidro espesso.
**[SISTEMA CORROMPIDO]**
[Escolha requerida:
1) Aceitar a fusão completa
2) Ativar protocolo de auto-destruição]
Leon sorriu. Havia uma terceira opção.
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**Mundo Real - Chalé dos Whitford**
Isabella acordou com o gosto de sangue e pólvora na boca. O útero orgânico estava em ruínas, paredes rasgadas por tiros e explosões. A criatura que usava o rosto de sua irmã estava ajoelhada, segurando a cabeça e gritando em línguas mortas.
No centro da câmara, Leon flutuava a meio metro do chão, seu corpo envolvido em um campo de força âmbar. Fragmentos de metal e vidro orbitavam ao seu redor como planetas minúsculos.
— *Leon!* Isabella tentou alcançá-lo, mas uma descarga elétrica a jogou para trás.
Foi então que a parede explodiu.
Clarisse (a hacker) entrou em um jato de vapor líquido, empurrando um carrinho com um estranho dispositivo que lembrava um violoncelo mecânico. Seus olhos sangravam, mas brilhavam com determinação.
— *Trouxe o presente de despedida do Relojoeiro!* — Ela gritou sobre o ruído da batalha. — *Um interruptor de matéria escura!*
O dispositivo começou a emitir um zumbido agudo quando ativado. Nas profundezas do complexo, os fragmentos do satélite vibraram em resposta.
A criatura levantou os olhos, seu rosto agora uma máscara de horror.
— *Você não entende o que está fazendo! Isso vai—*
— *Eu sei exatamente o que faz.* Clarisse puxou a alavanca. — *Dá tchau pra sua irmã, filha da puta.*
O mundo desmoronou em silêncio.
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**Espaço Entre Espaços**
Leon aproveitou o momento de caos - enquanto os dois sistemas lutavam contra a interferência externa, ele *puxou* ambos para dentro de si.
Não para se fundir.
Para *aprisionar*.
[*Ding!*]
**[NOVO STATUS: CÁRCERE DE CONSERVAÇÃO]**
[Artefato Ômega: Contido (87%)]
[Fortuna 2.0: Integrado (12%)]
[Leon Kuroda: 100% Pissed Off]
Quando abriu os olhos no mundo real, viu Isabella correndo em sua direção, o rosto marcado por queimaduras e lágrimas. Atrás dela, a criatura estava se desintegrando em partículas âmbar, seu grito de raiva ecoando através das paredes moribundas.
— *Você... você está inteiro?* Isabella tocou seu rosto, procurando vestígios da transformação.
Leon agarrou sua mão. Seus olhos brilhavam com um novo equilíbrio - azul e âmbar fundidos em padrões fractais.
— *Não inteiro. Melhor.*
O teto começou a desabar. Clarisse os puxou para o túnel de escape, mas não antes de Leon pegar um último objeto do chão - o canivete de Isabella, agora gravado com símbolos que não existiam antes.