Capítulo 25: A Corrida para Júpiter

O hangar subterrâneo da Torre Kurosawa fervilhava com atividade frenética. A nave que Clarisse batizara de *Icarus* — uma monstruosidade de metal negro e componentes âmbar roubados do laboratório do Consórcio — parecia mais um cadáver reanimado do que uma espaçonave viável.

Leon passou a mão sobre o casco irregular, sentindo os fragmentos do sistema dentro dele *cantarem* em ressonância com a tecnologia alienígena.

— **Você tem certeza que isso vai voar?** — Isabella apertou o coldre térmico em sua coxa, observando com desconfiança os técnicos que soldavam as últimas placas.

Clarisse, agora com um implante neural âmbar brilhando em sua têmpora, digitava furiosamente em três hologramas simultâneos.

— *Voar? Sim. Chegar a Júpiter em 48 horas?* — Ela fez uma careta. — *Isso depende se você acredita em milagres.*

[*Ding!*]

O alerta do sistema de Leon surgiu distorcido, como se lutasse contra interferência.

**[ESTIMATIVA DE SOBREVIVÊNCIA: 34%]**

[Fator Crítico: Compatibilidade Humano-Artefato]

Leon trocou olhares com Isabella. Ambos sabiam o que aquilo significava — *ele* era o componente que tornaria a viagem possível.

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**36 Horas Depois — Órbita Terrestre**

A *Icarus* tremeu como um animal moribundo ao escapar da gravidade terrestre. Leon estava preso a uma cadeira improvisada no núcleo da nave, seu corpo servindo como interface viva entre a tecnologia humana e os fragmentos âmbar.

— *Agora!* — Clarisse gritou do painel de controle.

Leon fechou os olhos e *puxou* os dois sistemas dentro de si.

A dor foi além de qualquer coisa que já sentira — como se cada célula de seu corpo estivesse sendo desmontada e remontada ao mesmo tempo. A nave respondeu com um rugido, dobrando o espaço à frente em um flash de luz âmbar.

Quando Leon voltou a si, Júpiter enchia a janela diante deles.

— *Funcionou...* — Isabella sussurrou, sua mão quente no ombro de Leon.

Mas o alívio durou menos de um segundo.

O scanner da nave começou a apitar freneticamente, projetando imagens da estrutura alienígena — *e ela estava viva*.

Torres orgânicas de material âmbar se estendiam por quilômetros, pulsando como veias. E no centro, flutuando no vácuo como uma aranha no centro de sua teia, estava *algo* com o rosto da criatura do casulo.

Só que mil vezes maior.

[*Ding!*]

**[ALERTA: ENTIDADE ÔMEGA DETECTADA]**

[Recomendação: Fuga Imediata]

Leon sentiu os sistemas dentro dele *congelarem* de terror.

— **Não é uma estrutura...** — ele engoliou seco. — **É um corpo. E acabamos de acordá-lo.**