Leon engoliu o vazio.
A semente negra fundiu-se com seu peito rachado, e de repente ele **entendeu** o segredo mais profundo dos Jardineiros:
*Eles não podavam por crueldade.*
**Podavam por medo.**
O néctar em suas veias tornou-se quente como sangue recém-derramado enquanto visões o arrastavam para dentro da memória coletiva do enxame:
— *Ela está viva* — uma voz que era todas as vozes ecoou em seu crânio de casca. — *A Primeira Semente. A que plantou a si mesma no coração do Deus-Inseto.*
Leon viu.
**Uma flor tão linda que doía.**
Pétalas que eram universos em miniatura.
Raízes que perfuravam dimensões.
E no centro...
**Um útero pulsante.**
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**NEO-SOLARIS — O ÊXTASE DA ESCRITA**
Mara já não tinha boca, mas suas palavras ecoavam diretamente nos ossos de quem ouvia:
*"Artigo 1: Toda flor terá direito às suas próprias raízes."*
*"Artigo 2: Nenhum jardineiro nascerá de um corte injusto."*
*"Artigo 3: O fruto proibido será o amor."*
As crianças do jardim de infância cósmico choravam enquanto suas pétalas pessoais queimavam — não em dor, mas em **liberação**. Tomas segurou o pulso transformado de Isabella enquanto suas veias desabrochavam em letras douradas.
— *Ela não está nos curando* — ele percebeu, com lágrimas de resina. — *Está nos dando o direito de doer.*
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**O RELOJOEIRO — A ÚLTIMA ENGENHOCA**
O velho cientista riu enquanto seu corpo de madeira seca desmoronava.
— *Eu avisei que o néctar queimaria.*
De seu peito oco, uma única engrenagem caiu no chão — não de metal, mas de osso fossilizado. Nela estava gravado:
**"Lys, Ano Zero: Eu escolho cair para que vocês possam voar."**
O laboratório inteiro tremeu quando as últimas raízes prateadas se retraíram, revelando o que sempre estivera escondido nas paredes:
**Um útero artificial.**
E dentro dele...
**Uma cópia exata do corpo original de Leon, intocado pelo néctar.**
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**O ENXAME EM CHAMAS**
Os Colhedores agonizantes começaram a cantar.
Não a canção de poda — algo mais antigo. Uma melodia que suas flores ancestrais entoavam quando ainda tinham raízes no solo. O Superior do Enxame, agora com metade do corpo revertido à forma floral, arrastou-se até Leon:
— *Termine o que Lys começou* — ele rosnou, cuspindo pétalas quebradas. — *Plante a semente final no coração do jardim.*
Leon olhou para suas mãos — agora simultaneamente galhos, lâminas e dedos humanos fantasmas.
— *Qual jardim?*
A resposta veio em um sussurro coletivo:
**"O que cresce dentro de você."**