O assassino engoliu em seco, sua mão esquerda agarrando o coto sangrento enquanto cambaleava para trás.
Primrose tinha ouvido inúmeras histórias sobre Edmund, contos de um rei implacável que esmagava seus inimigos sem misericórdia. Lendas de como ele havia massacrado seus rivais, pavimentando seu caminho ao trono com o sangue deles.
O Rei das Feras.
Esse título não era apenas uma honraria. Era uma prova. Prova de que ele era o mais forte entre todos eles.
Por anos, bestas de várias tribos o haviam desafiado, buscando reivindicar seu trono. No entanto, nem uma única conseguiu sequer tocar nele.
Após inúmeras tentativas fracassadas de derrubá-lo, os desafiantes finalmente aprenderam seu lugar. Ninguém mais ousava se levantar contra ele e não tinham escolha a não ser se curvar.
No entanto, apesar de todas as histórias aterrorizantes que o cercavam, esta era a primeira vez que Primrose testemunhava Edmund usando seu poder para realmente intimidar alguém.
E ainda assim... como ela deveria temê-lo quando seus pensamentos eram tão... inesperados?
Ele era semelhante a um cachorrinho culpado que acabara de derrubar a xícara favorita de seu dono e agora estava em pânico, aterrorizado de ser repreendido e abandonado.
[Ela deve estar aterrorizada.]
[Se eu matar esse desgraçado bem na frente dela, ela ficará com ainda mais medo de mim?]
[Mas ela ainda está tremendo. Não quero que ninguém mais a toque.]
[O que eu faço? O que eu faço?]
Edmund virou-se para ela, murmurando: "Feche os olhos."
Primrose piscou, seus cílios úmidos com lágrimas. "O-O quê?"
"Feche os olhos," ele repetiu, desta vez com mais firmeza. "Não quero que você veja isso."
Bem, claro.
Ela não tinha a alegria de ver alguém sendo morto.
Enquanto Primrose fechava os olhos, Edmund se aproximou do assassino, arrastando sua espada pelo chão como se o advertisse que sua morte estava se aproximando.
"V-Vossa Majestade, por favor! Eu só fiz isso por você! Você não precisa de uma humana fraca—"
Crack.
As palavras do assassino foram interrompidas quando Edmund apareceu diante dele em um instante, sua mão com garras envolvendo o pescoço do homem.
"Ninguém decide do que eu preciso," Edmund disse friamente. Então, sem hesitação, ele arremessou o homem através da sala, fazendo-o colidir contra a parede.
Um silvo agudo de dor escapou dos lábios do assassino ao sentir algo quebrar em suas costas.
"Você ousa arruinar o sono da minha esposa?" A voz de Edmund era baixa, perigosa.
Antes que o assassino pudesse responder, o aço frio perfurou seu ombro.
Ele soltou um grito estrangulado quando a espada de Edmund penetrou profundamente em sua carne, prendendo-o no lugar.
"Você quer matar minha esposa?"
Com uma expressão de nojo, Edmund estendeu a mão e arrancou a máscara do assassino. Seus olhos azul-gelo escureceram ao ver o rosto do homem.
"Eu confiei a você a guarda da câmara da Rainha," ele cuspiu. "E é assim que você me retribui? Planejando matá-la?"
Mesmo com os olhos bem fechados, Primrose podia ouvir tudo.
Então era por isso que ninguém tinha vindo ajudá-la.
A própria pessoa que deveria protegê-la tinha sido quem queria vê-la morta.
"V-Vossa Majestade, tenha piedade!" o assassino implorou desesperadamente. "Farei qualquer coisa, qualquer coisa por você, Meu Senhor!"
Edmund nem piscou. Sua expressão estava desprovida de emoção, seus olhos azul-gelo mais frios que a própria morte. "Não dou segundas chances àqueles que ousam ferir minha esposa."
O assassino mal teve tempo de reagir antes que Edmund se movesse.
Em um movimento rápido, ele puxou sua espada do ombro do homem, sangue espirrando pelo chão. O assassino ofegou, seu corpo tremendo violentamente, mas ele nem conseguiu agarrar seu ferimento antes que a lâmina cortasse sua carne e osso.
Por um momento, o tempo pareceu parar.
Então—THUD.
A cabeça do assassino bateu no chão, rolando uma curta distância antes de parar perto dos restos do vaso quebrado. Seus olhos sem vida permaneceram bem abertos, como se ele nem tivesse percebido que estava morto.
Seu corpo desabou um segundo depois, o sangue se acumulando rapidamente embaixo dele, manchando o piso de mármore.
Edmund soltou um suspiro áspero, sacudindo sua espada para se livrar do sangue antes de colocá-la na bainha.
"Vossa Majestade... posso abrir meus olhos agora?" Primrose perguntou hesitante.
O quarto estava silencioso, silencioso demais. Ela não conseguia mais ouvir a voz do assassino, o que só podia significar uma coisa.
Edmund o havia matado.
O cheiro forte de sangue encheu seus pulmões, fazendo seu estômago revirar. A julgar pelo odor avassalador, o assassino não havia morrido pacificamente.
Bom.
Teria sido injusto se ele tivesse morrido pacificamente depois de fazê-la gritar até sua garganta ficar seca, depois de quase esmagar a vida dela com as próprias mãos.
Se alguém merecia sofrer, era ele.
[Não, não, não! E se minha esposa ver o que eu fiz e achar que sou um monstro?!]
Ela ouviu Edmund andando de um lado para o outro pela sala.
[Onde devo esconder esta cabeça?!]
Uma... cabeça?
Ela não era estúpida. Sabia que Edmund havia matado o homem, mas não esperava por isso.
A imagem de uma cabeça decepada surgiu em sua mente—olhos sem vida congelados em terror, sangue escorrendo do toco irregular de um pescoço.
Não, esse tipo de memória a assombraria, tornando impossível dormir em paz novamente.
"Vossa Majestade?" Primrose murmurou, tentando se levantar. Mas no momento em que se moveu, suas pernas cederam sob ela.
Por que seu corpo ainda estava tremendo? O perigo havia passado porque o assassino estava morto, então do que ela estava com medo?
Era a percepção de que alguém havia invadido seus aposentos?
O único lugar em todo este reino onde ela se sentia segura?
Ou era a terrível constatação de que se Edmund tivesse chegado um segundo mais tarde, ela estaria morta novamente.
E se da próxima vez o assassino não falhasse? E se alguém se esgueirasse para seus aposentos enquanto ela dormia, acabando com sua vida antes mesmo que ela tivesse chance de revidar?
Como ela deveria fechar os olhos à noite depois disso?
[Por que minha esposa está chorando de novo?! Eu fiz algo para chateá-la?!]
[É porque a ignorei por um minuto?!]
Ela chorou de novo? O que diabos estava errado com ela esta noite?
Antes que Primrose pudesse processar qualquer coisa, de repente sentiu-se sendo erguida do chão. Os braços fortes de Edmund a envolveram, segurando-a com firmeza.
"Vossa Majestade?!" Primrose ofegou, chocada com a facilidade com que ele a levantou. "Eu ainda posso andar sozinha!"
"O chão está imundo." A voz de Edmund finalmente chegou aos seus ouvidos e, surpreendentemente, não estava tão fria quanto o habitual. "Você pode abrir os olhos assim que sairmos daqui."
[Ela ficaria brava se eu a tocasse descuidadamente?]
[Mas o chão está realmente sujo, e não quero que seus pés fiquem sujos.]
Primrose suspirou internamente. 'Se ele está com tanto medo de me deixar irritada, por que simplesmente não abre a boca e pergunta?!'
Tanto faz.
Ela estava exausta porque lidar com um assassino a havia drenado completamente. Não tinha energia para ensinar ao Rei Lycan como se comunicar adequadamente em uma situação como esta.
Não muito tempo depois, ela ouviu um soldado perguntar cautelosamente a Edmund: "Vossa Majestade, o assassino—"
Edmund o interrompeu. "Ele morreu." Sua voz era fria, vazia de emoção, como se a morte não fosse nada além de um inconveniente para ele. "Livre-se do corpo dele e peça às criadas para prepararem outro quarto para a Rainha. Este quarto não está mais adequado para uso."
Ela não poderia mais usá-lo?
As pálpebras de Primrose tremeram levemente enquanto ela espiava por trás da estrutura larga de Edmund. Ela não conseguia ver o cadáver do assassino no canto do quarto, mas o estado de seu quarto estava claro.
A maioria dos móveis havia sido danificada—principalmente por causa dela—enquanto o chão e as paredes haviam sido pintados com sangue. O quarto era uma bagunça total, mas ela não tinha dúvidas de que as habilidosas criadas poderiam apagar todos os vestígios desse massacre em pouco tempo.
A questão era... ela ainda conseguiria dormir neste quarto?
Ela estava vivendo naquele quarto há cinco anos, mas apenas por causa de um acidente, o quarto agora parecia um pesadelo aos seus olhos.
Talvez fosse hora de uma mudança.
Ah, talvez ela pudesse pedir um quarto maior que o anterior. Depois de vê-la chorar e tremer de medo, esse Lycan apaixonado certamente lhe concederia tudo o que ela quisesse, certo?
Ela riu internamente, talvez também pudesse pedir mais joias e vestidos caros a ele—não, seria melhor apenas pedir uma grande quantia de dinheiro.
A noite havia sido aterrorizante, sem dúvida. Mas se isso significasse ganhar mais favores do Rei Lycan, então talvez não fosse apenas um desastre, mas uma provação que ela teve que suportar antes de receber sua recompensa.
Antes que Primrose pudesse pensar mais sobre a lista de coisas que queria pedir ao Rei Lycan, ela de repente ouviu os pensamentos de Edmund.
[Para onde devo levá-la? Tudo bem se eu colocá-la em outro quarto e simplesmente deixá-la lá?]
Ele achava que ela era algum tipo de pacote?! Apenas largada em algum lugar e abandonada?!
Espere—por que ela estava chateada com a ideia de ele deixá-la? Ele a havia salvado; isso não era suficiente?
Mas e se outro assassino conseguisse se esgueirar para seu quarto enquanto ela estivesse sozinha novamente? Isso era possível, certo? Talvez ela pudesse pedir mais guardas, mas... de todos os guardas, Edmund não seria o protetor perfeito que ela poderia pedir?
"Vossa Majestade..." Primrose puxou suas roupas, tentando chamar sua atenção.
"O quê?" ele perguntou, seu tom tão frio como sempre.
Ele realmente precisava aprender a aquecer sua voz!
"Você pode ficar comigo esta noite?" Ela bateu os cílios, parecendo que estava prestes a chorar novamente. "Estou realmente com medo de dormir sozinha."