O Perfume de uma Nova Vida

"Você realmente vai fazer isso?" Aiden Dalton, meu chefe na pequena firma de contabilidade onde eu trabalhei durante toda a faculdade, se apoiou na porta de seu escritório.

Levantei os olhos dos arquivos que estava organizando. "Fazer o quê?"

"Mudar-se para o outro lado do país por um emprego para o qual você fez entrevista por videochamada." Ele cruzou os braços, seu rosto uma mistura de preocupação e orgulho.

"Não é apenas um emprego qualquer, Aiden. É no Grupo Sterling." Eu não conseguia esconder a empolgação na minha voz. "Só o salário já vai mudar tudo para mim e para o Leo."

Aiden assentiu, sua expressão suavizando. "Você merece, Hazel. Trabalhou mais duro que qualquer pessoa que conheço, equilibrando os estudos, este emprego e sendo mãe solteira."

Senti as lágrimas ameaçando cair. Os últimos dois anos tinham sido os mais difíceis da minha vida. Entre criar o Leo, terminar meu diploma e trabalhar meio período, eu mal tinha tempo para respirar.

"Obrigada por entender," disse, engolindo o nó na garganta.

"Oscar Dalton não puxa cordas para qualquer um, sabia," Aiden comentou. "O pai da Chloe deve pensar muito bem de você."

Sorri, pensando no pai da minha melhor amiga. "Ainda não acredito que ele me mencionou para seus contatos no Sterling."

"Bem, acredite," disse Aiden. "Oscar disse que eles precisam de alguém excepcional, e você é a pessoa mais excepcional que conheço."

De volta ao meu apartamento naquela noite, eu fazia as malas enquanto Leo tirava uma soneca. Meu pequeno apartamento de dois quartos mal conseguia conter as caixas espalhadas pelo chão.

A campainha tocou, e abri a porta para encontrar Chloe equilibrando uma caixa de pizza e uma garrafa de vinho.

"Achei que você precisasse de jantar," ela anunciou, passando por mim para entrar no apartamento.

"Você é uma salvadora," gemi, pegando a pizza. "Nem pensei em comida."

Chloe pegou duas taças da minha cozinha. "Como está indo a arrumação das malas?"

"Devagar," admiti, gesticulando para o caos. "Fico me distraindo com fotos antigas e lembranças aleatórias."

"Bem, é para isso que serve o vinho," ela disse, servindo uma taça para cada uma. "Para afogar a nostalgia."

Eu ri, aceitando a bebida. "Aos novos começos."

"E a Porto Haven," Chloe acrescentou com um sorriso malicioso.

Estreitei os olhos. "O que você não está me contando?"

Chloe mordeu o lábio, sua empolgação transbordando. "Noah e eu vamos com você!"

"O quê?" Quase derramei meu vinho. "Está falando sério?"

"Totalmente sério," ela assentiu entusiasticamente. "Noah conseguiu um emprego no Hospital Memorial de Porto Refúgio, e eu já agendei alguns trabalhos de fotografia por lá."

Lancei-me sobre ela, abraçando-a ferozmente. "Não acredito que você escondeu isso de mim!"

"Eu queria que fosse uma surpresa," ela riu, retribuindo o abraço. "Você realmente achou que eu deixaria meu afilhado se mudar para o outro lado do país sem mim?"

"Isso muda tudo," eu disse, enxugando lágrimas de felicidade. "Leo terá a madrinha dele por perto."

"E você terá alguém para cuidar dele quando estiver trabalhando até tarde para seu novo chefe chique," ela acrescentou.

Mais tarde naquela noite, depois que Chloe saiu e Leo estava na cama, liguei para meus pais para compartilhar as notícias sobre Chloe e Noah.

"Isso é maravilhoso, querida," minha mãe disse. "Será muito mais fácil tendo amigos lá."

"Eu sei," concordei. "Mas ainda estou nervosa."

"Você já superou tantas coisas," a voz do meu pai veio pelo alto-falante. "Este emprego é exatamente o que você vinha trabalhando para conseguir."

"Seu pai está certo," minha mãe acrescentou. "Estamos tão orgulhosos de você, Hazel."

No dia anterior à nossa partida, me despedi de Aiden no escritório.

"Não posso agradecer o suficiente," disse a ele. "Por me manter quando estava grávida, por ser flexível com meu horário — por tudo."

"Você mereceu," ele disse simplesmente. "Agora vá mostrar ao Grupo Sterling do que você é feita."

Abracei-o fortemente. "Eu vou."

A manhã da nossa mudança amanheceu clara e brilhante. Chloe e Noah chegaram em seu SUV, prontos para formar uma caravana comigo até Porto Haven.

Meus pais estavam na entrada da garagem, minha mãe segurando Leo.

"Tem certeza que não quer que fiquemos com ele até você se estabelecer?" ela perguntou, abraçando meu filho.

Balancei a cabeça. "Vamos ficar bem. O apartamento já está mobiliado, graças aos contatos do Oscar."

"E nós ajudaremos com o Leo," Chloe acrescentou, vindo ficar ao meu lado.

Meu pai me puxou para um abraço. "Ligue quando chegar lá."

"Vou ligar, pai," prometi, sentindo o familiar aperto na garganta.

Minha mãe passou Leo para mim, seus olhos úmidos. "Tenha cuidado, querida."

"Sempre tenho," garanti a ela, colocando Leo na cadeirinha.

Com abraços finais e promessas de visitar em breve, partimos. No espelho retrovisor, vi meus pais ficando menores, de braços dados na entrada da casa onde cresci.

A viagem levou três dias, com paradas noturnas em hotéis onde Leo encantou todos que conheceu. Quando chegamos a Porto Haven, o cansaço tinha se instalado, mas também a empolgação.

"É aqui," Chloe respirou enquanto dirigíamos pelo centro da cidade. "Nossa nova casa."

Porto Haven era linda — uma cidade costeira pitoresca com edifícios modernos entre arquitetura histórica. A sede do Grupo Sterling dominava o horizonte, uma torre reluzente de vidro e aço.

Nosso prédio ficava em um bairro moderno perto do porto. O porteiro nos ajudou a descarregar, e pegamos o elevador até o décimo andar.

"Lar doce lar," murmurei, destrancando a porta do apartamento 1008.

O espaço era impressionante — conceito aberto, com grandes janelas com vista para o porto. A mobília era moderna mas confortável, claramente escolhida com cuidado.

"Oscar Dalton ataca novamente," Chloe assobiou, admirando a vista. "Ele realmente se superou."

"Nunca vou conseguir agradecê-lo o suficiente," concordei, colocando Leo no chão para que ele andasse pelo seu novo lar.

Noah trouxe as últimas malas. "Chloe, devemos deixá-los descansar. Podemos ajudar a desfazer as malas amanhã."

Depois que eles saíram para seu próprio apartamento dois andares abaixo, dei banho em Leo e o coloquei para dormir em seu novo quarto. Ele adormeceu instantaneamente, exausto da viagem.

Desfiz apenas uma caixa especial naquela noite — a que continha lembranças do baile de máscaras. Dentro estava minha máscara, cuidadosamente preservada, e o frasco de perfume que Chloe tinha me dado naquela noite.

Abri o frasco e inalei profundamente. O aroma era exótico e inebriante — jasmim, âmbar e algo picante único que eu não conseguia identificar. Instantaneamente me transportou de volta àquela noite, ao homem misterioso com os olhos violeta-azulados.

Leo tinha exatamente os mesmos olhos.

Por impulso, borrifei o perfume no meu pulso. Amanhã seria meu primeiro dia no Grupo Sterling. Meu primeiro dia trabalhando para Liam Sterling, o CEO notoriamente exigente.

Eu precisava de toda a confiança possível.

Olhando ao redor do meu novo apartamento, para meu filho dormindo, para a oportunidade à minha frente, senti uma onda de determinação. Este era nosso novo começo. Uma chance de construir algo melhor.

Coloquei o frasco de perfume na minha penteadeira e tomei uma decisão. Eu o usaria todos os dias na minha nova vida — um pequeno ato de recuperar a noite que havia mudado tudo.

Mal sabia eu que essa simples decisão colocaria em movimento uma cadeia de eventos que me reconectaria com o estranho do baile — o pai do meu filho.